Reencontro um pouco indesejado

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Hoje é domingo e decidimos ir ao shopping; chamei a Liz para ir também, ela até tentou recusar, mas posso ser bem convincente as vezes. Caminhei uma quadra inteira até chegar no local onde o Andrew normalmente me pega, ele logo chegou e fomos para o Shopping, a Liz já nos esperava no estacionamento do mesmo.

- Que demora, achei que não vinham mais. – disse Liz.

- Não preciso nem dizer de quem é a culpa. – respondeu Andrew.

- Andrew!? Você devia me defender, além disso vocês são uns exagerados, eu não demorei tanto.

- Claro. Você nunca demora. – Ironizou Liz.

- Esta bem! Está bem! Vamos entrando, só vim para ajudar a carregar as sacolas mesmo.

E foi exatamente o que aconteceu. Liz e eu compramos roupas, sapatos, adornos, e o coitado do Andrew nos seguia por todos os lugares carregando nossas pesadas sacolas. Decidi ir a uma joalheria comprar um presente para ele, queria fazer surpresa, então pedi a Liz que o mantivesse ocupado. Menti dizendo que ia ao banheiro e  fui procurar o presente, comprei um relógio lindo e mandei embrulhar.

Já havia saído da joalheria quando senti braços fortes me prendendo em um abraço, naturalmente me afastei para dar uma boa olhada em quem me abraçava. Eu estava sorrindo, afinal, a pessoa devia me conhecer bem para me abraçar com tanta intimidade. Meu sorriso foi perdendo a graça aos poucos e logo deu lugar a uma expressão de surpresa, meus olhos não podiam crer na imagem diante deles, aquela figura masculina que a muito tempo não viam.

- Taylor? – o nome me veio aos lábios antes que eu pudesse conte-lo. Ele sorriu fracamente ao ouvir seu nome, em pensar que aquele sorriso um dia me arrebatou o coração. Eu devia estar com Raiva, passei anos memorizando meu discurso de ódio, mas as lágrimas que me escaparam eram um misto de tristeza e saudade. Logo me recompus e lutei contra o desejo de abraçá-lo e bater nele. Conclui nesse momento que o amor nunca acaba, mas isso não apagaria as coisas que ele fez, nem mudaria meus sentimentos pelo Andrew. – O que faz aqui?

- Oi minha princesa! Voltei por você. – não podia acreditar no que havia acabado de ouvir sair da boca dele. – Não esperava encontrar você aqui, iria à sua casa mais tarde, vim comprar um presente para você.

- Como consegue? Como consegue agir assim depois do mal que me fez? – praticamente cuspi as palavras na cara dele. – Tem ideia da dor que me causou?

- Malú, não é o que você pensa, eu tinha que...

- Não é o que EU penso? Você foi embora com aquela mulherzinha vulgar que mal conhecia, nem se deu o trabalho de terminar comigo antes, não me deu explicações. Por muito tempo eu me perguntava onde eu tinha errado, afinal você parecia estar feliz comigo. – falei e já estava me virando para sair dali quando ele me segurou pelo braço e me virou para ele.

- Me ouve, por favor. – disse suplicante. Eu queria sair dali, queria muito, mas parte de mim queria uma explicação, parte de mim queria ter certeza de a culpa não foi minha.

- Te dou 10 minutos, nem um minuto a mais que isso. – ele sorriu sem vontade antes de iniciar seus argumentos.

- A Ella é minha irmã. – não consegui conter o riso, que desculpa mais esfarrapada era aquela? Eu esperava qualquer coisa, mas isso... – Eu sei que parece inacreditável, também achei quando ela apareceu, mas...

- Parece? Taylor, você é um péssimo mentiroso, você não tem irmã. – falei ríspida.

- Eu pedi um teste de DNA, devia ter te contado e nada justifica eu ter omitido os fatos. O teste deu positivo, posso lhe mostrar se quiser. Enfim, eu sou adotado, meus pais nunca me contaram. Eu fui embora pra saber a verdade, para descobrir quem eu era. Sei que não foi justo ir sem te dar uma explicação, mas foi tudo rápido demais. No fim eu encontrei meus pais biológicos mais optei por ficar com quem me criou, afinal família é quem cria.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu, mas não posso fazer nada. Mesmo que não tenha me traído não posso simplesmente voltar para você, eu tenho outra vida agora. O seu tempo acabou. – eu já havia me virado e dado alguns passos, quando ele me virou novamente e me beijou.

Foi como voltar para casa depois de muito tempo longe, um beijo quente e doce, com urgência, intensidade e cheio de saudade. Por um momento eu quis ficar ali, retornar ao passado e evitar todos os erros, perdoá-lo, mas não posso. Meu coração pertence ao Andrew agora e não a nada que o Taylor possa fazer para mudar isso.

Senti um incômodo a minha direita, aquela sensação de estar sendo observada, encerrei o beijo e olhei na direção e o vi, um Andrew incrédulo com a cena que acabara de presenciar.

- Andrew? – chamei, mas ele não parecia ouvir, permaneceu ali estático por alguns segundos, porém logo se virou e voltou a passos largos pelo caminho que viera. O desespero tomou conta de mim, ele nunca me perdoaria, mas eu precisava tentar.

Corri atrás dele como louca chamando-o e implorando que me escutasse, mas ele apenas fingiu que não havia ninguém ali, me ignorou completamente. Um homem trombou em mim enquanto eu corria, o que fez cair sentada no chão, levantei e me pus a correr novamente atrás do Andrew, mas ele era mais rápido que eu, então ele entrou no seu carro e saiu em alta velocidade me deixando sozinha com minhas lágrimas.

Meu peito estava apertado, a angustia tomava conta. Eu não podia perde-lo, não suportaria ser abandonada outra vez. Uma dor terrível desatinou em minha cabeça, minhas forças começaram a se esvair, o local do corte em minha barriga latejava, fui perdendo os sentidos aos poucos, minha visão foi escurecendo gradativamente, ouvi vozes me chamando e foi sentido o calor das lágrimas em minha face, o amargor em minha boca, a angustia e as vozes que eu mergulhei mais uma vez na escuridão.

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É isso aí galera, por hoje é só. logo teremos mais capítulos.


É nois!

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O Diário de MarriêWhere stories live. Discover now