IX

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  Cheguei em casa e me joguei na minha cama, repensando minhas atitudes, me perguntando porque eu tinha feito aquilo. Eu tava tipo, muito ferrada. Sério mesmo. Tinha praticamente um mamute com o peso da Bruna(e olha que ela é mais pesada do que tudo que uma pessoa normal imaginaria) na minha consciência. Então eu decidi ligar para a Gih. Talvez ela me entendesse, sei lá.
 
  Liguei para ela por chamada de vídeo, e, alguns segundos depois, ela atendeu.

  — Oi Dani! – Exclamou feliz.

  — Oi Gih! Tudo bem?

  — Tudo ótimo! Acabei de ser chamada pra sair com o Enzo, do 3º ano, hoje a noite.

  — Qual dos trezentos e trinta e cinco milhões de Enzos? – Perguntei.

  — O irmão da piranha da Valentina – Respondeu — Ela pode até ser uma piranha, mas ele é tudo de bom. Tu tinha que reparar como é o beijo dele, é muito top.

  — Interessante – Falei sem interesse ao saber que era o irmão da Valentina — Eu tenho uma coisa pra te contar.

  — Desembucha.

  — Bom, lembra que eu te falei que eu ia pra sorveteria com o Renato?

Contei para ela o que tinha acontecido, com medo da reação dela.

  — O QUE DIABOS TU FEZ?? – Berrou Gih.

  — Desculpa Gih, foi muito involuntário! – Gritei nervosa.

  — Agora o coitado vai passar a vida inteira achando que tem uma chance! – Ela brigou — Quer saber de uma coisa Daniela? Você estraga tudo! Absolutamente T-U-D-O! Eu tô sem paciência pra você agora! Tchau viu? E nem pense em me ligar de novo! – E ela desligou na minha cara.

  Aí eu fiquei irritada. Ela não queria falar comigo por causa de uma coisa boba? Muito estressada, fiz uma ligação por vídeo para Bruna.

  Um minuto depois, ela atendeu. Com uma cara de lezada, mas atendeu.

  Antes que ela falasse qualquer coisa, eu comecei a falar.

  — EU NÃO SUPORTO AS ATITUDES DA GISELDA!!

  — Calma aí, o que foi que aconteceu? – Ela perguntou pacientemente.

  — AQUELA VAGABUNDA TÁ COM RAIVA DE MIM POR UMA COISA BESTA, E AINDA DESLIGOU NA MINHA CARA!

  — O que foi que aconteceu? O que foi a coisa besta?

  Contei para ela a história do Renato, do ínicio ao fim.
 
  — Olha, eu acho que você errou ao dizer que ele tinha uma chance...

Me irritei quando ela disse isso.

  — QUER DIZER QUE VOCÊ TÁ NO LADO DAQUELA JUMENTA? LOGO DAQUELA FILHA DA ÉGUA? AFF BRUNA, NEM SEI PORQUE EU LIGUEI PRA TU! TCHAU!

  Desliguei na cara dela.

  Meu Cristinho amado, por que eu fiz isso? Pronto, agora minhas duas melhores amigas provavelmente não querem nunca mais olhar pra minha cara.

  — Peça desculpas pra Bruna – Ângelo disse, surgindo do nada — Ela pode ter a própria opinião.

  — Eu acho que ela nem quer olhar pra minha cara agora. Quando eu tiver preparada eu... Eu mando uma mensagem, sei lá.

  Quando a porta abre do nada. E lá está minha avó.

  — Ô MINHA FILHA, ME CADASTRA NAQUELE TAL DE TWITTER PORQUE EU QUERO VOTAR NO FAUSTÃO NA CATEGORIA CELEBRIDADE DO ANO... – Ela vê então Ângelo — Menina do céu, quem é esse gatão aí? Sorte minha que não peguei vocês um em cima do...

  — Chega vó! – Eu berrei, e percebi que Ângelo tá tipo, muito envergonhado — Ele é... Meu amigo.

  — Amigo... Sei – Ela fala, ajeitando o óculos — Vou dar intimidade pra vocês dois. Agora não façam barulho tá?

  — Vó! Para com isso!

  Minha vó saiu do quarto rindo pra caramba.

  — Não liga pra minha avó, ela é meio... Exagerada. – Expliquei pra Ângelo.

  — Ah, eu conheço bem ela. Você odeia ela desde pequena, quando ela fez você se vestir de berinjela no carnaval da escola. – Ele falou.

  — Ah, esqueci que você sabe de tudo da minha vida – Lembrei um pouco envergonhada por ele saber literalmente tudo — Mas eu não sei nada sobre você.

  — O que você quer dizer com isso? – Ângelo perguntou, ruborizado

  — Bom, eu acho que você deveria contar um pouco de você – Respondi — Acho que já somos amigos o suficiente até pra você contar o porquê de ter sido expulso do céu, não é mesmo?

  — Eu realmente não posso contar – O cupido ficou mais vermelho ainda — Você me odiaria.

  — É claro que eu não te odiaria.

  — Você odiou a Bruna só porque ela teve uma opinião.

  — Ah, mas a Bruna... – Pensei em alguma coisa pra falar, mas nada surge — Com a Bruna é diferente. Eu não odiei ela, eu só tive uma raiva momentânea, mas isso já passou, sabe? E eu prometo que eu não vou te odiar. Juro de coração.

  Percebi então que ele sumiu, e que eu estava falando com o vento. Que vida, hein?

  Meu celular então vibrou. Era Lucas.

  Lucas
  Oi Dani :) eu e Renato vamos pra lanchonete. Quer ir com a gente? A Gih e a Bruna disseram que não iam assim que eu falei que ia te convidar, não sei porque... Mas enfim, você quer ir?

  Só de saber que Renato estaria lá, meu coração disparou. Por que disparou? Ele é meu amigo! Meu coração não deveria disparar por ele.

  Respondi que iria, e que chegaria em alguns minutos. E isso realmente aconteceu.

  Fui até a casa de Lucas de ônibus. Bati na porta. Quem atendeu foi ele próprio.

  — Oi Dani! – Lucas falou empolgado — O Renato ainda não chegou, então só tem nós dois em casa. Entre.

  Entrei na maior inocência. Lucas é meu amigo, nada iria acontecer, certo?

  Me joguei no sofá, e ele se sentou no meu lado.

  — Então, você contou pra ele o que aconteceu na festa? – Lucas perguntou.

  — Sim. Contei tudo.

  — Até a parte do beijo? – Ele perguntou novamente.

  Pera aí. Como ele sabia sobre o beijo? Pela minha cara de confusa, ele mesmo me respondeu.

  — Renato tava bêbado. Ele me contou o que aconteceu no banheiro. Por isso que eu sei.

  — Eu não contei pra ele do beijo. – Falei com a cabeça baixa.

  — Mas tu não disse que contou tudo?

  — É, mas eu omiti essa parte. Me sinto um pouco mal por isso. Eu sempre falo tudo pra ele...

  — Não se preocupe – Lucas falou — Ele nunca saberá sobre esse beijo tá bom? Eu não vou contar pra ele. Aí você pode ficar tranquila.

  No fundo, eu queria que ele soubesse do beijo. Mas eu tinha medo da reação dele.

  Ficamos em silêncio. Ele então se aproximou de mim. Nossos corpos se encostaram. Eu fiquei de boas com isso. Mas, mesmo só estando ao lado dele, eu conseguia sentir o coração dele batendo muito forte. Por que ele está tão nervoso? Ele tava também arrepiado.

  — Eu tô com uma vontade estranha agora. – Ele falou.

  — O que? – Eu perguntei.

  — Eu tô com uma vontade louca de te beijar.
 

Meu cupido é um desastreKde žijí příběhy. Začni objevovat