Meu cupido é um desastre

XIX

  Uma semana se passou. Estava eu, Gih e Bruna sentadas no chão do meu quarto, conversando sobre... Mim. Exatamente. Elas não apoiavam de jeito nenhum meu relacionamento com o Victor

  — Miga, se tu não gosta dele do jeito que ele gosta de ti, por que ainda tá com ele? – Perguntou Gih.

  Eu também não sabia. Eu dizia pra mim mesmo que era pra tentar esquecer Ângelo. E foi isso que eu respondi.

  — Não se usa uma pessoa pra tentar esquecer outra – Falou Bruna — Você tá tentando achar outro amor. Esse outro amor não é Victor. Então larga ele.

  — Mas, mas... – Eu estava sem.argumentos nenhum — Vocês estão certas... O problema é que ele é tão legal, mas também é tão trouxa que eu tenho pena de acabar com tudo...

  — E por que decidiu beijar ele do nada lá na virada do ano? – Perguntou Gih, irritada.

  — Eu achava que era uma boa ideia na hora tá bom! – Exclamei — Mas minutos depois eu me arrependi, mas eu não ia falar que me arrependi minutos depois de dizer que o queria de novo.

  — Mas já se passaram 29 dias que vocês voltaram. Já tem tempo o suficiente pra poder terminar. – Argumentou Bruna.

  — Sem ele, eu provavelmente vou passar o resto da vida sem beijar. – Falei, e depois pensei comigo mesma: esse argumento é meio lixo né?

  — E se Ângelo voltasse tipo, hoje. Você acabaria seu relacionamento com o Victor? – Questionou Gih.

  Respirei fundo.

  — Sim.

  — Então? Termine com ele antes que Ângelo volte. – Falou Gih.

  — ELE NÃO VAI VOLTAR! – Gritei.

  Ficamos todas em silêncio. O clima ficou até um pouco tenso.

  — Desculpa, eu não queria ter gritado. – Falei envergonhada.

  — Por que você acha que ele não vai voltar? – Perguntou Bruna.

  — Bom, além de eu estar totalmente sem esperança nenhuma – Respirei fundo antes de completar o meu raciocínio — Se ele quisesse voltar, ele já teria voltado.

  — Você sabe se ele quer ou não voltar? – Perguntou Gih.

  — Não.

  — Então pronto!

  — Quer saber? – Falei, cheia daquilo tudo — Vamos parar com esse assunto. Não quero mais falar sobre isso.

  — Então o que vamos fazer? – Perguntou Bruna.

  — Vamos... Assistir a um filme. A Gih faz a pipoca enquanto eu e você escolhemos o filme. – Falei.

  — Por que eu que tenho que fazer a pipoca? – Gih perguntou.

  — Bom, porque se fosse eu fazendo iria queimar, e se fosse a Bruna a casa iria pegar fogo. Você é a única que sabe cozinhar aqui. – Expliquei.

  — Então tá né. – Falou Gih, sem opções.

  Gih foi pra cozinha e eu e Bruna fomos pra sala escolher um filme. Acabamos que optamos por assistir Meninas Malvadas, apesar de ter tantas opções de filme na Netflix. Mas é que eu simplesmente amo esse filme.

  Enquanto esperávamos a pipoca ficar pronta, nos sentamos no sofá. Eu apenas me sentei. Bruna se sentou e foi conversar com o namorado pelo celular.

  Eu me perdi pelos meus pensamentos de garota apaixonada por alguém que nunca deveria se apaixonar.

  Eu sentia o cheiro do milho estourando e se transformando em pipoca. Era uma delícia aquele cheiro.

  Vi então Gih vindo, com um balde cheinho de pipoca. Peguei um punhado. Estava realmente uma delícia.

  Começamos a assistir ao filme. Eu não prestava atenção em nenhuma cena. Parecia que aquela conversa de mais cedo tinha ficado em minha cabeça.

  As meninas tinham razão. Eu não podia ficar simplesmente fazendo Victor de trouxa. Ele é um cara legal, gentil, simpático e merece muita gente melhor do que eu.

  Além disso, ele é meu amigo. Amigos têm que ser honestos uns com os outros. Não é legal ficar mentindo para um amigo.

  Enquanto eu estava distraída, a campainha da minha casa tocou.

  — Pausem aí o filme pra eu atender a porta. – Pedi, me levantando do sofá.

  Abri a porta, pensando que era alguém relevante, mas não tinha ninguém. Quando olho, vejo um grupo de garotos correndo, virando a esquina, rindo pra valer.

  — Ah seus idiotas! – Reclamei. Mas eu não podia reclamar porque eu fazia isso direto. Faz muito tempo que deixei de fazer isso. Naquele dia, fazia uma semana que eu não tocava na campainha e depois saía correndo da casa de ninguém.

  Fechei a porta e voltei pro sofá. Colocamos o filme novamente e continuamos a assistir como se nada tivesse acontecido.

  O filme passava, e, meia hora depois, a campainha toca de novo.

  — De novo? – Perguntou Bruna, pausando o filme.

  — Pode deixar rolando – Falei — Deve ser de novo aqueles garotos lá.

  Dez minutos se passaram. E tocou de novo.

  — Deve ser só pra irritar mesmo. Não vai ser ninguém importante. – Comentei, com preguiça de me levantar pra atender.

  E toca novamente. Meu Deus, será que esses garotos não se cansam?

  Aí começou a tocar sem parar.

  — Deve ser realmente alguém importante, nenhum grupinho de garotos vai ficar tocando direto na campainha de sua casa. – Falou Gih, irritada.

  Eu realmente estava com preguiça de atender a porta, e deixei tocarem até minha paciência se esgotar.

  — JÁ VAI! – Gritei do sofá, enquanto pausava o filme — Se for alguém irrelevante eu juro que mato essa pessoa por me interromper.

  — Onde eu coloquei a droga da chave? – Sussurrei, enquanto a procurava em todos os lugares.

  Até que eu finalmente a achei, em cima do balcão da cozinha. Não sei como diabos aquela chave foi parar ali. Parece até que foi teletransporte ou sei lá.

  Peguei a chave e andei vagarosamente até a porta. Eu realmente estava com preguiça, mas ao mesmo tempo estava curiosa pra ver quem era.

  Abri a porta, e simplesmente congelei ao ver quem era. Meu coração disparou. Meu corpo paralisou. Meus pelos arrepiaram. Parecia que haviam milhões de borboletas no meu estômago. Eu mal conseguia acreditar no que estava diante dos meus olhos. Me desloquei pra ver se era alguma alucinação ou coisa do tipo, mas aquilo era totalmente real. Eu estava me sentindo naquele momento como se um raio caísse em mim em um dia ensolarado. Aquilo foi totalmente chocante. Impactante. E cem porcento inesperado.

  — Dani... – Ele falou pra mim abrindo aquele sorriso maravilhoso que só ele tem.

  — Ângelo. – Falei engolindo em seco. Feliz e assustada ao mesmo tempo.