XVII

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  Um mês se passou. Exatamente um mês. E Ângelo nunca mais apareceu. Definitivamente, ele deve ter me abandonado. Ele me salvou daquilo com o Lucas e simplesmente foi embora, era isso?

Eu já não tinha mais nenhuma esperança. Nem no amor, nem de encontrar Ângelo. Eu já estava cansada de tudo aquilo.

  Eu estava sozinha na sorveteria. Eu queria dar um tempo pra mim mesma. Enquanto eu tomava um Milk Shake de morango, eu ficava refletindo sobre como tudo estava sendo horrível ultimamente.

  Desde que Ângelo sumiu de repente, não fui mais a mesma. Ele era um ótimo amigo. Ele sempre estava lá. Ele sempre me deixava mais feliz, apesar de no comecinho eu ter o odiado.

  Olhei para o lado. Tinha um cara, mais ou menos da minha idade, me encarando. Era magro, alto, negro e o cabelo raspado. Era muito bonito por sinal. Assim que eu olhei pra ele, ele se levantou e foi até mim.

  — Oi... Meu nome é Victor... Qual é seu nome?

  — Daniela, mas me chame de Dani. – Falei, desanimada.

  — Posso me sentar aqui? – Ele perguntou.

  — Desculpa Victor, eu realmente não estou afim agora... – Disse dando um gole em meu Milk Shake.

  — Aconteceu alguma coisa? Você realmente parece muito triste.

  Respirei fundo. Eu queria muito alguém pra desabafar, mas como eu iria desabafar pra um cara que acabei de conhecer que provavelmente tem um interesse em mim por me olhar tão intensamente?

  — Pode ficar aqui se quiser. – Falei sem pensar.

Ele puxou uma cadeira e se sentou na minha frente.

  — Então, vai me dizer porque está tão triste?

  — O possível amor da minha vida sumiu faz um mês e eu não consigo encontrá-lo. – Falei sem pensar mais uma vez. Por que eu estava contando pra ele uma coisa tão pessoal?

  Victor ficou sem reação.

  — Puxa, eu sinto muito... Você já procurou saber da família dele?

  Como eu iria explicar que Ângelo não tinha exatamente uma família? Então eu criei uma mentirinha boba.

  — Sim, já. Aparentemente, ele voltou pra origem dele. Mas é muito longe, e eu não posso ir pra lá. – Não era exatamente uma mentira, mas também não era verdade total porque eu não sabia se ele tinha voltado pro céu.

  Então eu e Victor conversamos bastante, sobre absolutamente tudo. Ele até que era um cara legal, engraçado e bastante extrovertido. Era incrível a capacidade dele conseguir conversar sobre qualquer coisa, diferente de mim, que não sabe puxar nem assunto.

  Ele até que me deixou um pouco mais animada. Eu não ria tanto assim fazia um mês.

  Mas é claro, que teve uma hora que Victor teve que ir embora.

  — Eu preciso ir, já está um pouco tarde, minha mãe queria eu de volta pra casa cedo – Explicou — A gente se vê por aí.

  — Até mais.

  — Amigos? – Ele estendeu a mão, esperando que eu apertasse.

  — Amigos. – Eu apertei a mão dele. Ele realmente é um bom amigo.

  Mas, enquanto eu apertava a mão dele, olhei pro lado, e vi Lucas.

  Eu olhei de novo pra ter certeza, e realmente era ele. Ele estava lá, com uma garota que eu não conhecia.

  — Ah não. – Coloquei as mãos na minha cabeça desesperada.

  — Aconteceu alguma coisa? – Victor perguntou preocupado.

  — Lembra daquele Lucas, que eu te falei?

  — Sim.

  — É ele, logo ali.

  Victor olhou para Lucas. Lucas então virou a cabeça e percebeu a gente.

  — Só um segundo, Marcela. – Lucas fala pra garota que estava com ele, e vai em minha direção

  — A culpa é toda sua – Lucas apontou o dedo pro meu rosto — Se você não tivesse recusado meu beijo, nada daquilo teria acontecido. Você é tão idiota! Se faz a vítima, mas a única vítima aqui sou eu.

  — Tem tantas coisas erradas no que você falou que chega a me dar nojo – Falei irritada — Eu faço o que eu quiser, você tinha que simplesmente aceitar meu não. Você me fez ficar traumatizada Lucas! Eu tenho que ir toda semana pra um psicólogo por sua culpa! E até hoje meu braço é um pouco marcado pelo que você fez. Você não tinha direito nenhum de me agredir daquele jeito, pois a única coisa que eu fiz foi dizer um não!

  Olhei para a garota que estava com ele, cujo nome era Marcela. Ela parecia assustada.

  — Vá pra trás Lucas – Falou Victor, me defendendo — Antes que eu faça algo com você.

  A segurança se aproximou e começou a olhar pra gente. Sem opções, ele apenas bufou e se sentou onde ele estava.

  — Lucas, você agrediu aquela garota? – Marcela perguntou assustada.

  Lucas não respondeu.

  Marcela se levantou.

  — Suma da minha vida!

  A garota saiu correndo. Ela fez o certo.

  — Eu vou pra casa também Victor – Falei — Não vou suportar ficar aqui depois disso. Muito obrigada por tudo.

  — Tudo bem então. Até mais.

  E fomos cada um em uma direção diferente.

***

  No dia seguinte, eu estava na casa de Gih, e contei tudo o que tinha acontecido pra ela.

  — Menina, eu mal consigo acreditar nisso – Ela falou surpresa — Como Lucas ousa aparecer depois de tanto tempo? E ainda fazer aquilo contigo? Ele é realmente um idiota.

  — Pois é, eu fiquei tão aliviada por ele não ter feito de novo aquilo... Eu nem sei porque aquele menino não tá preso ainda.

  — Menores de idade não podem ser presos – Gih revirou os olhos — Mas bem que ele poderia ser.

  Decidimos mudar de assunto, até que chegou um assunto bastante delicado.

  — E Ângelo? Conseguiu encontrá-lo?

  — Ainda não – Falei tristemente — Talvez eu nunca mais o encontre.

  — Como assim?

  Respirei fundo.

  — Olha, eu vou te contar como eu realmente conheci ele, agora não ache que eu tô louca ou coisa do tipo.

  Contei pra ela a história de Ângelo.

  — Então é por isso que ele apareceu do nada na escola naquele dia... – Gih refletiu — Eu acredito em você. Depois de descobrir que Lucas é um babaca, eu consigo acreditar em qualquer coisa. Mas enfim, você acha que ele voltou pro... "Escritório" dele? É isso?

  — Sim. – Respondi desapontada.

  — Tenha calma – Ela me abraçou — Ele vai voltar.

  — Você acha?

  — Eu tenho certeza.

Meu cupido é um desastreWhere stories live. Discover now