XV

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  Eu passei 3 dias sem ir pra escola. Três dias. Eu não queria olhar pra aquele lugar nunca mais. Mas eu tinha que ir, infelizmente.

  Nesse meio tempo, meus pais voltaram de viagem mais cedo e começaram a cuidar de mim. Até pagaram um psicólogo e denunciaram Lucas na polícia.

  Heloísa me visitou, como o prometido, e conversou comigo como se nós fôssemos amigas de longa data. Ela era uma pessoa muito legal.

  Eu e Ângelo nos tornamos mais amigos ainda, além dele ter virado amigo dos meus amigos, da minha avó e até mesmo dos meus pais.

  Sim, meus pais. Um dia eles o viram em casa e fizeram um monte de perguntas. Mas Ângelo, com aquele jeitinho dele, fez os meus pais o amarem, e olha que meus pais só aprovam minha amizade com a Bruna e olhe lá.

  Mas aí chegou uma hora que eu tive que voltar pra escola. No meu quarto, já com a farda, eu não queria sair. Parecia que eu era uma novata num primeiro dia de aula.

  — Você vai ficar bem. Eu vou cuidar de você tá bom? – Ângelo me confortou.

  — E se ele quiser me machucar de novo? – Perguntei apavorada.

  — Dessa vez ele não vai. Eu prometo.

  Ele beijou minha testa. Quem vê, pensa que somos namorados, mas somos apenas amigos que cuidam um do outro.

  Cheguei na escola com um certo medo. Eu não sabia se Lucas foi punido ou não, pois eu não queria nem ouvir esse nome.

  Entrei na sala e coloquei minha mochila na.minha mesa. Sentei e fiquei apenas observando o movimento.

  Eu percebi as pessoas cochichando e apontando pro curativo do meu braço. Mas aquilo era o de menos.

  Olhei para todos os lados. A mochila de Lucas não estava em lugar nenhum. Suspirei aliviada.

  Gih entrou na sala e me viu. Instantaneamente, ela me deu um abraço apertado.

  — Que bom que está de volta! – Falou empolgada — Tenho uma novidade louca pra te contar.

  — Me conta.

  — O Lucas foi expulso da escola.

  — Sério? – Perguntei assustada.

  — Sim – Ela respondeu — No mesmo dia que ele fez aquilo com você, ele ficou tão estressado que quebrou uma mesa da sala. Aí a diretora chamou ele, e ele chegou a dar um tapa na cara dela, além de chamar ela de vagabunda. Ele iria levar apenas 2 advertências, uma por agressão e outra por destruir bens da escola, mas ela ficou tão brava que expulsou ele.

  Fiquei chocada com as informações. E fiquei feliz ao mesmo tempo. Eu nunca mais precisaria olhar pra cara dele.

  Então continuamos a conversar empolgadamente, quando ela começou a falar sobre Ângelo.

  — Aquele seu amigo é uma gracinha, acho que vocês dois combinam bastante hein.

  Fiquei envergonhada depois daquele comentário.

  — O-o que? Somos apenas amigos! – Gaguejei.

  — Tá na cara que aquilo não é só uma amizade. Você olha diferente pra ele. Eu vejo que tu tá apaixonada pela sua cara. – Argumentou.

  — Isso não é verdade... Eu acho.

  — Pois você tá mentindo dizendo que isso é uma mentira. Eu te conheço muito bem. E eu não vou ter outra opinião sobre isso até que se prove o contrário.

  — M-mas...

  Gih se levantou da cadeira onde tinha se sentado depois de me abraçar.

  — Você só não quer admitir. Que nem eu fazia com o Renato. Assim que você admitir isso pra si mesma, coisas boa podem acontecer. – Explicou, convencida de que estava certa.

  — Com o Lucas não aconteceu coisa boa, pelo contrário. – Rebati o argumento dela.

  — Ah, aquele resto de aborto misturado com estrume é só uma exceção mesmo. Mas aceita o seu amor pelo Ângelo, porque vai doer menos.

  Gih do nada olha pros lados.

  — Eu vou avisar pros outros que você voltou. Fica aí. – Disse indo embora.

  Fiquei sozinha na sala. Até esperei Ângelo aparecer, mas isso não aconteceu. Achei até um tanto estranho.

  E se ele ouviu minha conversa com a Gih? E se ele começar a me evitar ao achar que estou apaixonada pelo meu próprio cupido? Eu simplesmente não sei. Até porque não acho que eu vá me apaixonar pelo meu próprio cupido, certo?

  Tive uma certa lembrança de uma coisa que eu disse na semana passada.

  "Só me apaixono de novo se o amor da minha vida cair do céu".

  Ah não.

  Eu disse aquilo brincando. Aquilo não era pra ser sério.

  Ângelo caiu do céu. Foi uma mera coincidência certo? Não tem nada a ver com o que eu disse, certo?

  Por que eu tava desesperada com aquilo? Eu sabia que eu não era apaixonada por Ângelo!

  Aquela conversa com a Gih me deixou totalmente confusa. Pra que que ela foi dizer aquilo hein? Eu poderia muito bem ter conseguido viver sem aquilo.

  Por que a vida só faz essas coisas comigo?

  Respirei fundo. "Calma Dani, você está exagerando um pouquinho. Gih claramente está errada, e você sabe disso" pensei comigo mesma.

  Mas aí Ângelo surgia nos meus pensamentos junto com um frio na barriga e um pequeno sorriso.

  Céus, o que estava acontecendo? Se apaixonar pelo seu próprio cupido é algo totalmente inapropriado!

  Calma, eu não tava apaixonada por ele. Eu só criei uma ilusão na cabeça certo?

  Aqueles pensamentos estavam me distraindo tanto que nem pude perceber que Renato, Bruna e Gih estavam na minha frente.

  — TÁ SONHANDO ACORDADA É? – Perguntou Bruna gritando, com o intuito de me acordar.

  — Ãnh? – Eu estava totalmente fora de si.

  — No que estava pensando? – Perguntou Renato.

  — No Ângelo – Soltei sem querer. Quando vi o sorrisinho de satisfeita de Gih, eu percebi o que eu tinha falado — Quer d-dizer, e-eu tava apenas no mundo da lua!

  — Ih, tá apaixonada pelo seu heroi. – Renato brincou.

  — Isso tá bem na cara Renato, ela que não quer adimitir. – Falou Gih.

  Toda aquela conversa sobre eu estar apaixonada me deixou até distraída. Eu comecei a pensar apenas nele. Acho que ele é bonito demais pra mim. Sei lá. Mas ele tem uma bunda bonita. Pera aí, POR QUE DIAXOS EU FUI PENSAR NA BUNDA DELE? Vamos fingir que isso nunca aconteceu.

  Não tem pra onde eu fugir. Eles definitivamente tavam certos.

  — Tá bom, vocês venceram. Eu sou apaixonada por ele.

Meu cupido é um desastreWhere stories live. Discover now