I - Stitches

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"Você me vê sangrar até que não possa mais respirar
Eu estou tremendo, caindo de joelhos
E agora que estou sem seus beijos
Vou precisar de pontos
Estou tropeçando em mim mesmo
Sofrendo, implorando por sua ajuda
E agora que estou sem seus beijos
Vou precisar de pontos"
Stitches - Shawn Mendes


Rey olhava atentamente os pedaços de metal retorcidos do que restava do Sabre de Luz de Luke Skywalker. Abriu o compartimento e removeu dali o pequeno fragmento de cristal Kyber e sorriu. Ali estava o que precisava para a fonte de poder para fazer seu próprio sabre e por fim terminar sua iniciação Jedi.

- Você está bem criança? - Assim que colocou o cristal no bolso, a voz da General Organa soou suave próximo a ela.

- Sim. Estou bem. – Rey respondeu tentando não aparentar estar dispersa.

- Já faz algum tempo que estou te observando com o semblante muito entristecido. Saiba que pode se abrir comigo quando quiser. Somos aliadas na guerra, mas saiba quero ser sua amiga acima de tudo.

Rey retribuiu aquelas palavras com um silencioso sorriso e olhar cúmplice. Havia resgatado os poucos membros da Resistência que sobreviveram aos ataques da Primeira Ordem na antiga base de Crait e estava ali conduzindo a Millennium Falcon em fuga.
A General Leia buscava junto de Poe Dameron e os demais encontrar um lugar para reestabelecer a nova base da resistência. Levaria alguns meses para que pudessem se recuperar, mas apesar de todas as dificuldades, a esperança imperava nos corações de todos.

- Outra coisa que vim propor a vocês dois é que descansem! Poe e Finn podem assumir para que vocês possam repousar um pouco.

- Acho que será uma boa, preciso de um cochilo. Você também Chewee! Isso irá revigorar nossas forças não é meu amigo?

Com um rugido o Wookiee respondeu afirmativamente levantando-se.

Rey caminhou pelos corredores da nave até chegar ao seu pequeno dormitório. Naquele lugar podia ter seus pequenos momentos de intimidade com sigo mesma e de pequena solidão durante aquele momento turbulento que todos naquela nave estavam passando. Logo que adentrou no pequeno recinto deitou-se em seu leito. Pensou nas palavras de Leia ao escaparem de Crait. 'Nós temos tudo o que precisamos'. Rey respirou fundo, sentou-se sobre a cama, retirou o pequeno cristal do bolso e o despejou em abaixo de seu travesseiro. Quando pensou em voltar a deitar ouviu uma voz já conhecida lhe chamar a atenção.

- Rey... - A morena olhou para a parede lateral oposta à cama e o viu.

- Precisamos conversar. - Proferiu com voz forte o homem a sua frente. A intensidade de tal embate era quase palpável entre os dois. Kylo Ren tinha um andar determinado, permanecia com uma postura altiva diante dela.

- Não temos nada para dizer um ao outro Kylo Ren. Você deixou bem claro o que quer. - A Jedi de pé decidiu ficar na defensiva, por mais que rejeitasse vê-lo ou pensar nele a sensibilidade à Força ainda os unia, e depois das últimas farpas que trocaram não imaginava que eles se falariam tão cedo novamente. Ele havia sentido na Supremacia, talvez pela primeira vez, esperança, acreditando que não trilharia mais o seu caminho sozinho.

- Eu sai de Ahch-To e me deixei capturar pela primeira ordem a fim de trazê-lo de volta. Um erro, pois nossas escolhas são diferentes, nossos caminhos também. Eu escolhi lutar por equilíbrio no governo assim como lutaria por equilíbrio na Força, enquanto você deseja o poder apenas para si próprio. - disse tranquila, mas firme.

- Também busco equilíbrio para todas as coisas. - Sorriu sem humor.

- Sob a sua vontade né? - Ela disse o provocando. Era assustador ver e sentir o que ele sentia. Ele cerrou os punhos novamente num conflito muito forte. Respirou fundo.

- Você sabe que nunca enganei você. Não desejo subjuga-la, quero que venha para o meu lado por vontade própria. O destino quer que fiquemos juntos Rey, você mesma teve essa visão. Convença-se uma vez por todas! - Falou secamente.

- Não deseja me subjugar? - riu sarcástica - Pra você sou um mero peão Kylo Ren, um objeto descartável para a primeira ordem arruinar a resistência... Você matou Snoke por sede de poder. Para ser líder supremo. Não era o que queria? Conseguiu. - Disse ela ríspida.

- Você estava lá. Ele queria me usar para atentar contra a sua vida. Snoke precisava ser eliminado. Eu fui apenas um instrumento.

- E você está satisfeito Kylo Ren? NÃO! O dark side sempre quer mais e mais não é mesmo?

- Você sente o que eu sinto. Você tem livre acesso ao que eu penso. Eu lhe fiz uma proposta. E repito. É hora de deixar o passado morrer. Snoke, Skywalker. Os Sith, os Jedi e os Rebeldes. Deixe tudo morrer. Governe comigo e juntos vamos trazer uma nova Ordem a Galáxia. - Ele encarou a face angustiada da morena que já tinha os olhos marejados.

- Novamente eu recuso sua proposta! Eu...nunca me uniria a você nesses termos! - Seus olhos brilharam intensamente. - Nunca! Eu o desprezo completamente e...

As palavras morreram em sua garganta no momento em que Kylo Ren se aproximou e antes que pudesse reagir, já tinha sido feito prisioneira por seus braços eliminando a pouca distância entre eles selando seus lábios nos dela. Ele sabia que ela não corresponderia o beijo de imediato. Era tudo tão intenso que ela tremia. Rey não foi capaz de conter as lágrimas que deslizavam pela face dela, isso dificilmente poderia passar despercebido por ele. Rey sentia a sutil pressão quente sobre seus lábios tanto quanto o sentimento arrebatador de paixão do homem que estava a beijando. Enquanto ela se debatia e tentava se afastar dele a todo custo, ele aproveitava do roçar das bocas. Nenhum dos dois havia estabelecido um contato mais físico maior através da conexão, além de tocarem as mãos quando ela ainda estava na ilha. Ele sabia que ela não podia rejeitá-lo. Estava tão atraída a ele como ele a ela e isso era inegável. Quando ele se deu por satisfeito a soltou, Rey se afastou dele encostando-se na parede e com as costas das mãos passou por seus lábios como se quisesse limpá-los. Nunca havia beijado alguém antes. Não podia se deixar levar por ele.

- Vá embora! - Falou alterada. Eles permaneceram em silêncio apenas se encarando, ofegantes, suados.

- Porque você fez isso?! - Ele se aproximou dela novamente e a obrigou a olhá-lo nos olhos. Lágrimas pesadas ainda rolavam por seus olhos.

- Você sabe, era inevitável...- disse, mas foi interrompido.

- Você é meu inimigo... - sussurrou tristemente. Ele apoiou suas mãos ao lado de Rey, encostou sua testa na dela fechando seus olhos, começou a respirar profundamente para resistir ao seu desejo de beijá-la sem controle.

- Sim. Sou seu adversário. - Falou pausadamente. A ligação entre eles estava ficando fraca e Ele sabia que a força não o manteria por muito mais tempo ali. - E não posso negar que sinto algo muito forte por você sucateira. Algo muito além dessa mera conexão que compartilhamos. - O Cavaleiro se deteve, dando-se lentamente conta das palavras que acabava de dizer, palavras que eram quase uma declaração.

Rey se ruborizou no instante em que as palavras abandonaram essa boca que a tinha obsecada, sem acreditar o que aquela frase significava. Ela viu quando a força dissolveu o corpo dele e encerrou a conexão entre eles.

- Ben... - murmurou o nome dele baixinho sozinha no quarto. Elevou uma mão aos seus lábios e chorou.

Continua...

One Last Night Where stories live. Discover now