III - Dark Paradise

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Toda vez que fecho os meus olhos
É como um paraíso sombrio
Ninguém se compara a você
Tenho medo de você
Não estar me esperando do outro lado

Dark Paradise - Lana Del Rey

Rey sentiu a força lhe guiar pela nave da Primeira Ordem, sentia leves presenças ao seu redor, ao longe podia ouvir o som de blasters e explosões se misturando a gritos. Após certo tempo a pulsante assinatura na força cada vez ficava mais forte e marcava a curiosidade em Rey. Empunhando o seu sabre, ela viu Leia próxima a um homem que de início não pode ver seu rosto. Se aproximou a certa distância dos dois a sua frente e viu quando nitidamente o homem atravessou a General Organa com seu sabre de luz. Quando viu a queda da mulher Rey pode encarar a face de seu algoz, Ben Solo sendo iluminado pelo Sabre vermelho assistindo sua própria mãe agonizar sob seus pés.

- Ben...- A mulher chamou uma última vez antes de ficar imóvel no chão.  Rey não conseguia emitir som de sua boca. Era como se estivesse em estado de choque. As lágrimas pesadíssimas até que ela pode soltar um grito. Foi quando ele olhou diretamente em seus olhos.

- Agora que acabei com a Mamãezinha, só falta exterminar você sucateira! - Havia uma frieza comedida na voz de Kylo Ren.

- Seu assassino! - A voz de Rey ecoo pelo amplo ambiente.

Nesse momento ambos cruzaram seus sabres em movimentos intrínsecos. A natureza pacifica de Rey aos poucos ia se tornando agressiva mesmo depois de tanto tempo a tentação do lado negro era presente e piorou lutando novamente com o sobrinho de seu mestre.

- Isso! Mostre pra mim seu dark side...

A luta se intensificava com a entrega deste "Sith" e Jedi. Rey podia ver o ódio nele, começou a ficar na defensiva, pois durante a luta, a tentação da escuridão em sua alma ficava mais instável.

- Eu vi luz em você Ben. - Limpou as lágrimas - Ainda que doa em mim, não posso deixá-lo sair vivo daqui. - Disse ela partindo para o ataque. Kylo Ren a atacava rapidamente com destreza e brutalidade enquanto ela se desviava e se afasta olhando nos olhos do homem a sua frente.

- Seu treinamento refinou seu uso da força Sucateira, mas não é páreo pra mim, o Líder Supremo da Primeira Ordem. - Ele se expressou com uma serenidade impassível. - Acha mesmo que pode me derrotar?

Rey se concentrou tanto que enquanto Kylo Ren a insultava, a provocava e a jedi permanecia em silêncio focada em contra-atacar o homem que um dia se chamou Ben Solo.

- Eu escolhi confiar em você... E Você quebrou meu coração, poderia governar comigo, mas não quis. - A voz masculina a fez parar.

Kylo Ren aproveitou tal "brecha" e investiu contra ela. No último instante Rey se desviou, desarmou o cavaleiro e enterrou seu sabre no peito de Kylo Ren como ele fez com seus pais. Foi um momento de extremo silêncio. Ela ainda pode ouvir o coração bater devido à proximidade de seus corpos. A respiração ficando irregular. Ela ainda segurava o Sabre quando ouviu sua última palavra se esvair de seus lábios.

- Obrigado. - Disse desfalecendo sobre os braços dela.

Rey acordou assustada ao escutar seu próprio grito para se encontrar entre os lençóis com a respiração agitada e banhada de suor. Tomou-lhe alguns segundos para passar a angustia que havia despertado daquela forma, e depois, contemplou seu quarto com a escassa luz que entrava por uma pequena janela na lataria da Falcon.
A sua frente assim que ergueu os olhos viu Kylo Ren que se encontrava apoiado no marco de uma enorme janela em seus aposentos. Estava sem sua túnica Negra, o qual se permitia ver suas costas detalhadamente. Vestia apenas uma calça e estava descalço. Quase hipnotizada Rey caminhou para dentro daquele espaço temporal cuidadosamente até ele, não querendo interrompê-lo. Deteve-se o olhar pelo corpo masculino alguns segundos, mas logo desviou o olhar ficando sem graça ao lado dele diante da enorme janela à frente deles. A Galáxia reluzia pelas vastas janelas da nave, mantendo os olhos dos dois fixos nas estrelas.

- Eu tive um pesadelo.

- Eu sei. - A voz dele era rouca.

- Aquilo foi...assustadoramente real.

- Não seja tola Rey. Foi somente um sonho ruim. - a observou em silêncio por alguns segundos para logo apartar o olhar com naturalidade. - Além do mais, você já quis me matar e eu sobrevivi. - Deu-lhe um sorriso carregado de sarcasmo.

- Não brinque com isso! - sorriu ainda mais satisfeito por essas palavras.

- Não tenha medo. - Sussurrou bem próximo a ela.

- Eu odeio essa sensação.- Ela se afastou dele encabulada.

- De?

- De incerteza. Eu já vou indo. - Respondeu ela.

- Você acha que eu vou matar a minha mãe? - Ele perguntou.

- Ela é sua inimiga.

- Você também é. Momentaneamente os dois  ficaram em silêncio apenas se encarando. Pode sentir a tensão entre eles aumentar.

- Sempre há uma chance de que, não importa o quão você afunda no escuro, você pode encontrar seu caminho de volta para a luz. - Disse ela sorrindo tímida. Ele a encarou. Parecia refletir em suas palavras.

- Há algum tempo eu acreditava que  os sentimentos por meus...- Parou por um momento e retomou a frase. - por Han e Leia estavam enfraquecendo a minha conexão com o lado sombrio da Força. Quando matei Han Solo, pensei que aquilo amenizaria minha dor. - Ele evitava olhar diretamente para Rey. -  Há alguns dias, eu senti a presença forte de Leia a bordo do Raddus, e hesitei, não consegui apertar o gatilho. - riu sem humor. - Não sei porque estou te contando isso. 

- Talvez porque você queira. - Rey o olhava séria. Também tinha seus conflitos. Olhava dentro dos olhos do Cavaleiro, seus olhos sempre altivos estavam entristecidos.
Uma pergunta que não a deixava descansar: Será que aquele beijo que deu nela era produto de um sentimento que estava nascendo... Ou se era apenas parte da atração da Força.

- Talvez seja simpatia, compaixão, confiança. Ou amor, chame como quiser... - Disse ele. - Você realmente acha que podemos esquecer um ao outro?

Rey não respondeu. Seu tempo havia acabado e estava de volta à Falcon.

Sozinha.

Continua...

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