Ciúmes?

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Vitória colocava o cinto de segurança sentindo seu coração galopar, Ana sentou-se no banco do motorista e se preparava para dar partida no carro, a mais velha sorriu e suspirou extasiada com o que estava acontecendo, era a primeira vez que Ana dirigia seu carro e aquilo parecia estar dentro da normalidade para um casal, por mais que fosse simples, acreditava em seu coração que era algo para comemorar. Os últimos dias foram tão sofridos para as duas que aquele dia parecia ser um sonho. Vitória estava sonhando acordada com um sorriso bobo estampado no rosto, sentia que podia aproveitar um pouquinho da calmaria, sentia que tinha Ana de volta e junto um coração lindo que queria cuidar.

- O seguro de vida está em dia? - Ana brincou antes de dar partida no carro e Vitória sorriu balançando a cabeça de um lado para o outro - agora me conte, o que você e M conversaram?

- Nada demais, ela queria saber quais eram as minhas intenções contigo.

O carro começou a andar e Vitória ficou dividida entre olhar para a sua namorada e observar a paisagem daquela cidade.

- E o que você respondeu? - Ana perguntou mordendo os lábios, ainda achava um exagero de Mônica chamar Vitória  conversar, odiava ser tratada como uma criança, mas aceitava o fato de que para Mônica, Ana ainda tinha quinze anos.

- Hummm, casar e ter filhos?

Vitória respondeu animada, a frase que era para sair como uma brincadeira pareceu séria demais para o momento pois Ana na mesma hora ficou séria para logo em seguida soltar um tímido sorriso. Ana não conseguiu disfarçar a surpresa que foi ouvir a frase de Vitória, sabia de todo o peso emocional envolvido e sentia que talvez não conseguisse carregar aquele fardo. Vitória perdeu uma filha, Vitória queria filhos.

Filhos.

Vitória queria filhos, como não pensou nisso antes? A mais nova olhou para a namorada e tentou disfarçar a tensão de seu corpo com aquele sorriso, mas Vitória era
uma mulher difícil de ser enganada. O sorriso cativante de outrora deu lugar a um rosto sério, resultado da incerteza que a mais velha sentia naquele momento. Bagagens.
Vitória não queria pressionar Ana, não queria deixá-la pensar que estava traçando planos para a vida das duas sem consultá-la, se Ana não quisesse filhos, Vitória aceitaria. Vitória não podia obrigá-la a ser mãe. Mas Vitória  tinha Jasmim.

- Você não quer ter filhos.

A mais velha foi direta, não foi uma pergunta e sim uma afirmação, a outra não queria filhos. A mais nova suspirou e tentou relaxar os ombros e não dar tanta importância para aquela conversa, não era o momento certo, o relacionamento das duas ainda era muito recente para começarem a discutir sobre filhos, quando pousou o olhar na mulher ao lado, Ana encontrou uma Vitoria olhando distraída pela janela como se não estivesse esperando pela resposta do que claramente não tinha sido uma pergunta, a mais nova não
sabia o que dizer, mas sabia que precisava falar alguma coisa.

- Vitória  - Ana parou o carro em um semáforo, esperou que a namorada a encarasse para continuar - você está com muita fome?

- Não - a mais velha respondeu e voltou a olhar pela janela.

- Você ficou chateada comigo? - o sinal abriu e Ana voltou a dirigir.

- Na verdade, não - Vitória pousou a mão na coxa de Ana - eu só fiquei pensativa em relação a algumas coisas.

- Humm… quero te levar em um lugar antes de irmos para o Habbit Hole, você topa?

- Claro - Vitoria sorriu - será ótimo ter você só pra mim por mais um pouco de tempo.

As duas rodaram a cidade por mais trinta minutos, Vitória se encantava com tudo a sua volta,  definitivamente aquela era uma linda cidade. Mesmo sem conhecer o local, Vitória sabia que estavam afastadas, desceu do carro e encarou o que parecia ser uma enorme praça, havia muita grama e muitos grupos fazendo piquenique, algumas crianças
soltavam pipas, algumas pessoas caminhavam com os seus animais, definitivamente era um um lugar incrível para levar a família, ao lado direito da enorme praça havia um lago, no centro da praça o caminho de paralelepipedos, graciosamente enfeitados com hortências
levavam a um muro de arbustos que ficava ao lado oposto daquele pequeno lago, não se via mais nada depois dos arbustos.

ConfiarWhere stories live. Discover now