O que ?

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Já fazia vinte minutos desde que Vitória tinha sido acordada no meio da noite por uma ligação de Julia, a amiga apenas disse para que a professora se arrumasse e saísse
de casa o mais rápido possível, não deu nenhuma pista do que poderia ter acontecido para que isso precisasse acontecer.
Os últimos dias tinham sido muito difíceis, depois que Vitoria saiu do hospital, Julia se certificou de que ela não sairia de casa. Se Ana corria algum perigo, Vitória com certeza correria o dobro, ficar em casa durante aqueles tortuosos dias não foi uma opção, ter notícias de Ana apenas por Julia era algo que fazia o seu estômago doer, sentia saudades e queria vê-la, dizer que a amava e que odiava fazê-la sofrer, sua mente pedia para que se acalmasse, pois seriam apenas algumas semanas assim até que tudo se resolvesse e finalmente pudesse buscar o perdão que ansiava receber de Ana, mas seu coração estava em prantos, sem paciência nenhuma para passar aqueles dias naquela casa enorme, se sentindo vazia e solitária.

Agora Vitória terminava de se arrumar e se questionava sobre quais teriam sido os motivos para Julia tê-la tirado da cama e pedido para que saísse de casa, algo que frisou
por tantas vezes ser perigoso demais naquele momento. Seu coração por um breve momento se aqueceu por imaginar que talvez… sabia que a probabilidade de ser aquilo
era baixa, mas talvez… talvez Julia tenha conseguido localizar Jasmim, talvez Vitoria se arrumava para encontrá-la, talvez seu pai e Hass tenham sido capturados, presos ou mortos, talvez Vitória pudesse finalmente viver sua vida com sua pequena Jasmim, dona de um grande coração e sua amada Ana para quem Vitória entregou o seu e sem direito a devolução. Por um segundo Vitória sorriu, para logo depois tentar baixar as suas expectativas e se sair.

Tirou o telefone da bolsa e discou o número de Julia, colocou o aparelho no ouvido enquanto terminava de calçar os sapatos e saiu em direção a garagem.

- Julia, estou saindo de casa.

- Ótimo, vou te mandar a localização, ok?

- Posso pelo menos saber por que está me tirando de casa de madrugada? -
perguntou em um tom descontraído, mas Julia ficou em silêncio, Vitória parou no meio do caminho e suspirou sabendo que dali não viria mais boas notícias - Julia?

- Quando você chegar aqui saberá, não fique se preocupando atoa.

Julia desligou o telefone sem dar chances de Vitória responder.

- Cretina.

Vitória resmungou entrando em seu carro, assim que o tirou da garagem, olhou pelo retrovisor e viu que os homens contratados por Julia estavam lá, com os faróis de seus carros ligados, prontos para partir.
Vitória já estava próximo a faculdade quando percebeu que o gps a levava para seu local de trabalho, bufou muitas vezes xingando a amiga em silêncio por não dizer esse pequeno detalhe. De longe viu as luzes vermelha e azul piscando e vários carros da polícia, o frio que sentiu no estômago ao perceber que algo estava errado era tão forte que poderia congelar o bairro inteiro, tentou se aproximar da guarita, mas logo foi barrada por um guarda que pediu para que abaixasse o vidro para que pudesse vê-la.

- Boa noite - Vitória  disse pensando no que inventaria para conseguir entrar, Juia poderia ter avisado.

- Ela está comigo.

Ouviu a voz da amiga que logo entrou no carro se sentando ao seu lado.

- Julia, o que está acontecendo?

- Vitória… - engoliu em seco e desviou os olhos da amiga - abriram a cancela.

- Me diga o que aconteceu - Vitória colocou o carro em movimento e entrou deixando seus seguranças para trás - para onde vamos?

- Para o seu bloco.

- Por que estou aqui? Por que tem tantos carros da polícia?

- Morreram três pessoas.

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