1. Wake up

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"A primeira coisa que aprenderá, é que nada é o que parece"

Pânico.
Não sabia exatamente o porquê mas Yoongi se sentia totalmente em estado de pânico. A sensação era daquele tipo que você tem quando está em um pesadelo e quer gritar mas sua voz não sai, quer correr mas suas pernas simplesmente não funcionam, quer acordar mas seus olhos não abrem. Seu corpo parecia pesado demais para que conseguisse se mover e em meio à total escuridão de sua mente, surgiam flashes de coisas que haviam acontecido há muito tempo atrás. Lembranças de momentos bons, de uma vida melhor, mas que traziam ainda mais angústia por sentir que elas já tinham ido embora, e que aquela felicidade jamais retornaria, deixando apenas tristeza e desespero em seu coração.

Quando conseguiu finalmente se agarrar com força suficiente à própria consciência, abriu os olhos, mas a claridade lhe incomodou, causando náuseas e fazendo com que ficasse ainda mais agitado do que já estava. Seu corpo parecia não corresponder direito aos seus pensamentos e vontades, e até mesmo mover um dedo era muito difícil. Viu vultos de dois homens com mascaras e trajes hospitalares lhe encarando, sentido seus instintos dizerem para dar um jeito neles e sair dali logo, mas percebeu que seus braços e pernas estavam amarrados a uma maca, e ele se debatia sem conseguir fazer nada, seu corpo nu em cima do objeto frio.

- Se acalme, está tudo bem! - um dos estranhos pedia.

- ME SOLTA PORRA! - foi só o que conseguiu falar, sem parar de se contorcer.

- Se ele não se acalmar vamos ter que sedá-lo. - ouviu o outro homem dizer ao seu parceiro.

- NÃO! - rosnou para eles. Tudo que menos queria nesse momento era voltar para aquele pesadelo em que estava antes de acordar. - Eu estou calmo. - tentou se tranquilizar para convencer os homens.

- Está tudo bem senhor Min Yoongi, você está em uma nova sleeve, por isso está se sentindo tão confuso.
Aquele termo não era novidade para Yoongi, mesmo assim achou estranho.

- Onde eu estou? - quis confirmar suas suspeitas.

- Num centro de decantação de pilhas corticais. A solicitação foi feita pela polícia. Foram eles que pagaram para que sua consciência fosse despertada nesse corpo.

- Mas na Terra?

- Sim.

- Em que ano estamos?

- 2529.

Sua mente ainda conturbada desde o momento em que acordara ficou ainda mais desordenada. Isso significava que tinha ficado inconsciente por mais de 350 anos. Os flashes de sua memória continuavam a surgir, causando dor de cabeça. Lembrava-se sim do motivo de ter sofrido morte orgânica, mas não fazia ideia de qual seria o motivo para a polícia lhe ter despertado tanto tempo depois.

*

- Eu nunca tinha estado em outro planeta antes. - Yoongi falava para sua equipe, composta de seis soldados, enquanto se encaminhavam para a embaixada. - Achei que eles seriam pequenos e verdes. - O soldado ria de sua própria ilusão, já que os habitantes de Trappit eram praticamente iguais aos seres humanos.

- Espero que eles estejam mesmo dispostos a fazer isso. - seu braço direito, Chae Hyungwon, dizia. - E não usem uma arma a laser pra nos desintegrar.

No ano de 2160, Yoongi era um soldado do exército coreano, encarregado de uma missão no planeta em questão. Os alienígenas possuíam uma tecnologia capaz de mover a consciência para qualquer corpo, o que logicamente atraiu muito interesse, afinal poderia significar imortalidade para os gananciosos terráqueos. Imagine só este quadro: quando seu corpo físico morre, você simplesmente move seu hd e baixa sua "alma" em outro corpo, melhor e mais jovem. Os grandes governantes e empresários da Terra jamais deixariam essa oportunidade passar.
Yoongi e sua equipe eram responsáveis por negociar com o povo de Trappit a aquisição daquela tecnologia para a Terra. As negociações já haviam sido praticamente concluídas, e ele, juntamente com seus colegas, foram os primeiros a ganhar um cartucho, chamado de pilha cortical. Esses dispositivos eram inseridos entre as vértebras na parte de trás do pescoço, e armazenavam a consciência da pessoa. Desta forma, se aquele corpo fosse ferido ou morresse, o que era chamado de morte orgânica, bastava colocar o cartucho em outro corpo e ela voltaria à vida. Agora se o objeto fosse danificado de alguma forma, como um choque muito violento ou um tiro de pistola de nêutrons, aconteceria a chamada morte real, já que não haveria maneira de recuperar os dados.

SleeveOù les histoires vivent. Découvrez maintenant