Spinning

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Notas Iniciais: Cheeegay

- Eu tenho um encontro com o Sasuke.
    Assim que as palavras deixaram a boca de Naruto, foi como se a imagem congelasse. Em volta da mesa, Gaara parou de comer seu pedaço de pizza. Sakura parou de tentar tirar uma mancha de vinho na blusa branca, o guardanapo ainda em posição. Sai ergueu os olhos do celular, a expressão de tédio quase se quebrando em algo que parecia... Surpresa? E claro, o loiro com a colher de sorvete na boca, muito concentrado no desenho de um gráfico que estava fazendo para uma das suas aulas, até olhos azuis se erguerem, estranhando a falta de palavrões da Haruno, e encontrando todos os três naquele estado catatônico.
    - O quê? — E foi a rosada a primeira a conseguir descolar a língua.
    - Disse que tenho um encontro com o Teme, ficou surda de vez minha filha? — Naruto piscou confuso mergulhando a colher no sundae duplo de chocolate, sem parar de bater o lápis sobre a mesa.
    - Um encontro com Sasuke Uchiha? — O ruivo murmurou, parecendo testar as palavras.
    - Por que não me sinto nem um pouco surpreso? — Sai ergueu a sobrancelha, disfarçando sua verdadeira reação, voltando a sua cara de sempre. — Mas, pensei que já tinham passado dessa fase, ir com calma não faz o seu estilo, Sem Pinto.
    - Que merda você está dizendo, seu cuzão?! — Naruto apontou a colher na face sem cor do Haruno. Sai revirou os olhos.
    - Oras, todo mundo já sacou que você forma um arco íris perfeito com o nerd esquisito, surpresa é você ainda querer sair com ele como gente normal, mesmo depois de provavelmente já ter o comido de todas as maneiras já conhecidas pelo ser humano.
    A crise de tosse repentina de Gaara pareceu quebrar o encanto que havia se abatido sobre a mesa, Sakura fuzilou o irmão com o olhar, mas foi rápida o suficiente para conter a mão morena que voava de punho fechado em direção a Sai.
    - Aquietem as bundas! — Sakura esbravejou. Sai cruzou os braços e Naruto se contentou em mostrar o dedo do meio. — Tenho certeza que não é exatamente assim que estão sendo as coisas entre o Sasuke e você... Não é? — As últimas duas palavras saíram como uma sutil ameaça. E Naruto tinha anos de experiência para saber que agora quem corria risco de levar um soco era ele.
    - Não! Óbvio que não. Acorda, em que mundo paralelo vocês acham que eu tenho qualquer relação amorosa com aquele quatro olhos?! — Balançou os braços. — Sai como sempre está viajando... E meu pinto não é nada perto de pequeno.
    Gaara suspirou, Sakura assentiu solicita e Sai deu um sorriso malvado.
    - É uma nova tese no nosso trabalho, Suigetsu, aquele intrometido, sugeriu que o Bastardo e eu podemos entender melhor a "vida sexual" um do outro, partindo do ponto que, casais normais começam relacionamentos saudáveis em encontros. Então, vou sair com o Uchiha para vermos como é que vai ser.
    - E desde quando você tem um relacionamento? — Sakura afastou a franja cor de rosa.
    - Exatamente, nunca tive um sério e o Sasuke nunca nem saiu com ninguém. — Naruto riu pensando naquele Teme anão com cara de besta.
    - Isso é... — Gaara cutucou a pizza. — Genial.
    - Nem estou acreditando que você pensou nisso tudo. — A Haruno se abanou emocionada.
    - Dattebayo, eu odeio vocês. — Naruto resmungou voltando ao desenho.
    - Que idiotice.
    - Cala a boca, Sai. — Sakura rosnou e se virou para o Uzumaki. — Hum, e Sasuke está bem com tudo isso?
    - Como assim bem, é claro, tudo pelo bem dos pontos... E eu vou poder esfregar na cara daquele Teme quatro olhos que eu não tenho nenhum tipo de compulsão sexual! 
    Os olhos verdes da menina foram em direção aos dois tons mais escuros do seu namorado. Gaara deu de ombros e se limitou a não dizer nada. Sakura massageou a ponte do nariz... Será que era só ela que via o quanto aquilo tudo só estava se tornando cada vez mais complicado?
    Naruto voltou ao gráfico que teria que entregar para o esquisito professor Yamato, e sabia que tinha que estar tudo certíssimo, o cara parecia ter os olhos de uma maldita coruja e pegava qualquer erro na primeira olhada. Apoiou a cabeça na mão esquerda, bocejando, ainda estava morrendo de sono, graças a certo Bastardo quatro olhos que havia o deixado cochilar por exatos vinte minutos antes de o chutar para a grama gelada.
    Sorriu ao lembrar como Sasuke era um travesseiro muito confortável.
    - Hum, tenho que ir para casa, Temari resolveu trocar as cores das paredes, e sabem como ela é. — O Sabaku fez uma careta de dor. — Alguém quer uma carona?
    - Nope, o garoto dourado ali pode nos levar. — Sai respondeu sem desviar da tela do seu iPhone.
    - Errou, seu... Acéfalo. — Sorriu triunfante ao ver a cara desdenhosa do Haruno. — Acho que vou para um hotel ou qualquer merda, então você e a Sakura vão ter que ir com os próprios pés até em casa.
    - Cara... — O ruivo foi interrompido por um furacão cor de rosa.
    - Hotel dois caralhos Naruto, você vai lá para casa. — A rosada brotou pulando nas costas de Gaara.
    - 'tebbayo, eu posso ficar naquele hotel maneiro que tem perto do campus e...
    - Na-ru-to. — Sakura rosnou, fechando o punho.
    - Ok, porra, ok! — O loiro pulou da cadeira jogando os materiais dentro da mochila.
    Estava ficando escuro do lado de fora do bar. Naruto sentiu o celular vibrando no bolso da sua calça jeans, o pegando e vendo a foto de Tsunade com bigodes e chifres na tela. Recusou a chamada sem pensar duas vezes.
    Sakura e Gaara se despediram com beijos que tirou careta dos outros dois rapazes. Antes de Naruto finalmente dar partida e dirigir em direção a casa dos Harunos. Não que ele realmente quisesse ficar em um hotel, ou mesmo na casa de Sakura e Sai. Mas qualquer coisa era melhor do que aquele lugar... Nunca mais queria pisar os pés naquela casa.
    O caminho foi longo, e nenhum deles conversou muito, todos parecendo estranhamente absortos nos próprios pensamentos.
    - Então, você vai fazer o favor de deixar eu dormir na sua cama com colchão ortopédico? Nossa Sakura, você é uma menina muito fofa. — Naruto colocou a mão no peito.
    - Rá, nem que meus peitos fossem crescer trinta centímetros. — A rosada revirou os olhos enquanto atravessavam o gramado.
    - Qual é algodão doce, sabe que vou acordar todo quebrado se dormir no chão! 
    - Ora, você pode dividir a cama com o Sai, a dele é beeem grande, vai ser perfeito para você, panaca.
    - Dattebayo, acho que dormir no chão vai me tornar um cara melhor, sabia? — Naruto foi empurrado por Sai e eles dois ficaram nessa mesma briguinha infantil até a garota rosada abrir a porta.
    - Cheguei! — Sakura berrou.
     Mas a surpresa foi que na sala não estavam apenas os senhores Haruno. No sofá ao lado de Kenji a mulher loira e imponente sentava de pernas cruzadas com uma xícara nas mãos.
    - Fodeu. — Sai sussurrou.
    - Boa noite. — Tsunade acenou, seu olhar dourado parando no neto.
    - Olá crianças. — Takaharu apareceu carregando uma bandeja com um bule. — Naruto, que bom que está aqui, Tsunade estava tão preocupada. — Disse agitado, parecendo uma versão mais velha de Sakura.
    Naruto forçou um sorriso para o homem de cabelos castanhos claros e deu um passo a frente.
    - Hey velhota. — Acenou de volta para a avó.
    - Hum, vamos colocar as coisas lá em cima, senhora Tsunade. — Sakura se curvou respeitosa a loira.
    - Na verdade, Naruto será que podemos trocar duas palavras? — A Senju colocou a xícara sobre a mesa de centro. Agradecendo Takahashi pelo chá.
    - Podem usar o escritório. — Kenji sorriu enquanto se levantava e batia nas costas dos filhos. — Vamos subindo.
    - Mas... — Sai tentou argumentar, queria obviamente poder ouvir aquele loiro babaca tomar um xingo da avó, quem sabe gravar um pouquinho...
    - Sem mas. — Kenji cortou, toda a doçura sumindo por dois segundos. Sakura puxou Sai o arrastando escada acima.
    - Se abalou até aqui, quanta disposição hein. — Naruto suspirou assim que Takahashi fechou a porta da sala cheia de livros e papéis. 
    - Naruto, não estou aqui para ouvir suas gracinhas. — A Senju cortou friamente. Era muito difícil a ver falar assim, principalmente com o neto mais novo. Naruto engoliu em seco. — Simplesmente fugiu de casa, ignorou minhas ligações o dia inteiro, o que diabos você estava pensando, pirralho?
    - Você sabia que eu não queria ficar lá. — Naruto cruzou os braços e encostou na parede.
    - É a sua casa, Naruto.
    - Não, é a casa onde eu vi o meu pai morrer. — Devolveu entre dentes. — A casa onde aquela... Onde ela nos deixou e virou a sepultura dele. Mas não é a minha casa.
    Tsunade deixou uma expressão dolorida se espalhar por seu rosto sempre tão forte. A mágoa na voz do garoto loiro doía quase fisicamente.
    - Foi também a casa onde eu cuidei de você durante anos, essas lembranças não tem valor para você?
    - Um valor imenso. — Naruto deu uma leve risada. — Mas não podem apagar as que eu já tinha.
    A loira bateu as unhas longas pintadas de um marrom achocolatado no queixo. Era sempre assim, toda vez que algo fazia Naruto olhar para o passado... Ele fugia.
    - Não posso obrigar você a nada, nunca pude. — Sorriu fracamente.
    - Vou ficar bem, o dormitório vai ficar algum tempo em observação e análise, eu posso ficar em um hotel. — O Uzumaki passou a mão nos cabelos bagunçados. — Ou procurar um apartamento, sei lá deve ser fácil arranjar um colega de quarto novo na KH.
    - Isso não vai ser necessário. — Tsunade respirou fundo, como se estivesse fazendo a coisa mais difícil do mundo. 
    Naruto continuou olhando para a velha, esperando o que ela queria dizer, viu ela remexer na bolsa de couro do mesmo marrom que suas unhas, tirando de lá algo pequeno.
    - Quando Deidara resolveu sair do país, deixou as chaves do apartamento também. — Outro suspiro, O Uzumaki abriu um pouco mais os olhos. — Não acho que ele vá voltar em nenhum futuro próximo, então...
    - Está dizendo que eu...
    - Sim, você pode ficar no apartamento que era do seu primo. — Tsunade colocou para fora, massageando a ponte do nariz.
    - Porra, não acredito Trapo Velho, vai mesmo deixar eu morar lá, sozinho, sem me encher o saco?! 
    - Seu pirralho mal criado! — Tsunade sentiu uma veia saltar na testa, mas tudo passou assim que sentiu os braços do neto em torno da sua cintura.
    - Dattebayo, nunca fiquei tão contente por Deidara ter sumido, aquele babaca finalmente serviu para alguma coisa! — O loiro apertou mais um pouco Tsunade, antes de a largar já com as três chaves presas a um chaveiro de pássaro feito de argila branca.
    - Naruto, com isso você terá novas responsabilidades e deveres e...
    - Já sei, já sei, você pode me mandar um e-mail falando tudo isso mais tarde. — Abanou a mão sem prestar atenção.
    Tsunade revirou os olhos, mas sorriu em seguida. Naruto falava sem parar e animado, no seu jeito comum de sempre e ela não podia ficar brava com alguém tão... Adorável.
    Os dois deixaram o escritório dos Haruno, com Naruto ainda pulando como se estivesse com algo nas calças.
    - Ficam para o jantar? — Kenji perguntou vindo da cozinha.
    - Preciso ir, Kenji, reunião então amanhã às 10:00 hrs? — Tsunade ajeitou o casaco sobre os seios avantajados.
    - Claro. — O senhor Haruno assentiu, mesmo depois de tantos anos após a morte de Jiraiya Uzumaki, a viúva ainda fazia questão que sua editora continuasse publicando os livros que um dia o autor pervertido havia escrito.
    - Eu vou ficar, nossa tio, você não sabe o que... Ah!
    - Me acompanhe até o carro seu desnaturado! — Tsunade bradou dando um cascudo na cabeça do garoto loiro... Lembrando assustadoramente alguém de cabelos cor de rosa. — Até logo Kenji, Boa noite Takaharu. — Disse mais alto ouvindo o outro responder da cozinha.
    Naruto enfiou as mãos no bolso do moletom, seguindo aquela velha alcoólatra. Tsunade caminhou até o carro, reclamando sobre a grama nos saltos e como suas costas doíam, porém o neto não se atreveu a dizer que isso deveria ser uma conseqüência da sua idade avançada... Queria conservar os dentes por enquanto.
    - Naruto?
    - Ok, eu ouvi antes, juro que vou ser a pessoa mais responsável do mundo. — Naruto balançou as mãos.
    Tsunade sorriu, erguendo a mão esquerda e acariciando os fios dourados e despenteados na cabeça de Naruto.
    - Sabe que isso não resolve nada, meu amor. — Agora traçou as três marquinhas de nascença na bochecha. — Tem que deixar o passado para trás, por mais que isso seja difícil, não podemos mudar o que já aconteceu.
    O loiro abaixou as imensidões azuis para o asfalto escuro.
    - Eu sei vó. — Murmurou. A loira suspirou mais uma vez antes de dar um leve tapinha no ombro do mais novo e abrir a porta do seu carro.
    - Pode ir para lá em dois dias, suas coisas que estão no alojamento vão ser mandadas amanhã... Junto com parte das coisas que estão em casa. — Bateu a porta atrás de si. — E Naruto, se eu souber que transformou o apartamento em um puteiro eu corto suas mãozinhas fora. — Acenou com uma gargalhada maléfica antes de dar partida.
    - Só se você tiver provas, anciã. — Naruto retrucou acenando para o carro se afastando pela rua vazia, antes de correr de volta pelo gramado dos Haruno. — Sakura, você não vai acreditar!

TroubleWhere stories live. Discover now