Capítulo três

254 42 397
                                    

"Paraíso... Inferno... Limbo... Ninguém sabe ao certo para onde vamos... Ou o que nos espera quando chegarmos lá."

Grey's Anatomy.

      Para a maioria das pessoas o hospital é um lugar assustador

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

      Para a maioria das pessoas o hospital é um lugar assustador. Um lugar hostil onde coisas ruins acontecem. A maior parte das pessoas iria preferi estar em uma igreja, ou no colégio, ou até mesmo na própria casa.

     Até hoje eu nunca tive esse pensamento. Como meu pai era cirurgião eu praticamente cresci aqui. Passei muitas horas dá minha infância aqui dentro, assim como meu irmão. Eu sempre gostei muito do hospital. Onde todos viam pessoas morrendo, eu via pessoas sendo salvas. Eu aprendi a ler nas galerias de cirurgias e brincava de esconder com meu irmão pelo necrotério. Eu amo ir ao hospital. 

      Correção: eu amava.

      Tudo que eu via nesse momento era morte. Tudo que sentia era medo. Eu e minha mãe estávamos sentadas na sala de espera a quase duas horas. A médica morena havia vindo falar conosco. Nos disse que Rick iria entrar em cirurgia e que ela daria noticias assim que possível.

      Já fazia duas horas. Por volta das cinco e meia dá manhã meu pai e a médica apareceram. Meu pai estava com o rosto sério. Frio e clinico. Ele estava nos tratando como tratava seus pacientes.

— Senhora Montgomery — a mulher morena diz — Nós sentimos muito. Fizemos tudo o que foi possível. Não tenho palavras para dizer o quanto eu sinto por sua perda.

— O que... Como assim? Éduard? — ela pergunta ao meu pai.

— Infelizmente o Rick teve uma hemorragia cerebral. A doutora Dias pediu diversas vezes uma TC, mas o doutor Malcolm não a ouviu. Durante a cirurgia ele ficou bradicárdico. Ao checar as pupilas o doutor Malcolm enfim percebeu que ele estava com um edema no cérebro. Foi feito uma craniotomia nele, mas já era tarde demais. O cérebro edemaciou e ele teve morte cerebral.

      Minha mãe cai sentada na cadeira e esconde o rosto entre as mãos. Está em prantos. Tudo que eu consigo fazer é encarar meu pai. Engulo em seco.

— Eu posso ver ele? — pergunto tentando não chorar.

      Meu pai me leva até o quarto do Rick. Ele está deitado na cama. Há um tubo em sua garganta, a cabeça está enfaixada e ele está todo machucado. Seu rosto está inchado e cheio de hematomas.

      Sento-me ao seu lado e seguro sua mão. 

— Você não pode me deixar está bem? — não consigo mais conter as lágrimas — Você tem que sair dessa!

      Sua mão está quente e sinto seu pulso. O monitor cardíaco prova que seu coração está batendo e eu vejo seu peito se mover respirando. Como poderia estar morto?

Sob a Luz de Mil EstrelasWhere stories live. Discover now