Capítulo quatro

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"Há cinco estágios de luto. São diferentes em todos nós, mas sempre há cinco. Negação. Raiva. Barganha. Depressão. Aceitação."

Grey's Anatomy.

      Mudanças

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      Mudanças. Ninguém gosta de mudanças. Todos nós a tememos. Infelizmente não é possível evitá-las. É preciso se adaptar a elas ou seremos deixados para trás. Crescer é doloroso. Qualquer um que diga o contrário está mentindo. Mas a verdade é que as vezes a mudança faz bem.  As vezes mudar é bom, as vezes mudar é tudo.

      Já fazia cerca de um mês desde que meu irmão morrera. Seu quarto continuava intocado. Minha mãe o trancou e decretou que ninguém mexeria nas coisas dele. Meu pai passava cada vez mais tempo no hospital. Agora fazia uma semana que não dava as caras em casa.

      Acho que cada um tem sua própria maneira de lidar com o luto. Minha mãe fazia de conta que nada havia acontecido, ela passava pela negação. Eu me afundei em livros e nos estudos, querendo ou não já havia aceitado o que tinha acontecido. E meu pai se afundava em mais e mais cirurgias. Acho que por meu irmão ter tido uma morte cerebral ele se sente culpado, ele sente raiva. É o melhor neurocirurgião do país e não pode tratar do próprio filho. Acho que ele estava tentando compensar isso.

      O problema era que minha mãe não suportava isso. Ela sentia raiva por ele "fugir dá própria família". E isso estava causando brigas constantes. 

      Eu já não aguentava mais. Se meu pai aparecia em casa eu já sabia que ia acabar em gritaria e ele indo de volta para o hospital. Já faz um mês que estamos vivendo assim, brigas atrás de brigas e eu já estava ficando doida.

      Uma noite, do quarto ouvi quando meu pai chegou. Não deu dez minutos a briga começou. Minha mãe acusando meu pai de negligência, dizendo que ele podia ter cuidado melhor do Rick e como sempre meu pai dizendo que ela que foi inútil e deixou ele sair com o carro. 

      Era sempre a mesma coisa, mas nessa noite foi diferente. Meu pai tinha bebido. Não estava exatamente sóbrio. A discussão continuou acalorada, sai do quarto e observei do topo dá escada. Antes que minha mãe pudesse sequer perceber meu pai lhe desferiu um tapa com força no lado direito do rosto. 

— CALE A BOCA MULHER INGRATA! — ele grita com uma garrafa de tequila na mão.

      Minha mãe apenas diz para ele ir embora dá casa dela. Ele olha para ela com raiva, a empurra e sai de casa. Não sei para onde foi e não sei quando voltou, pois naquela noite minha vida mudou totalmente.

— Querida? Querida acorde — ouço minha mãe chamar me sacudindo devagar.

      Abro os olhos ainda meio grogue.

— Vamos, eu já peguei suas coisas. Venha, vamos embora.

      Olho para ela sem entender. Embora? Embora para onde?

— Onde vamos mãe? — pergunto.

— Vamos visitar sua tia.

      Ela me levantou dá cama e meio sem querer fui até o carro, de pijama mesmo. Me sentei no banco do carona, afivelei o cinto e então voltei a dormir com o balanço do carro. Fiquei imaginando a reação do meu pai quando voltasse para casa e não nos encontrasse lá.

      Minha mãe me acorda cerca de oito e quinze dá manhã. Paramos em um restaurante para abastecer e tomar café dá manhã e eu aproveito para trocar de roupa.

— Mãe que loucura é essa? — eu pergunto dando um gole no meu café quente e me sentando a pequena mesa.

      Me sinto revigorada depois de beber o café. Minha mãe me olha com determinação enquanto bebe seu suco.

— Estamos indo visitar sua tia Cassie.

— Mãe eu não sou mais uma criança, eu sei muito bem que estamos fugindo. Ou melhor, a senhora me sequestrou no meio dá noite — digo rindo.

      Ela me olha séria. Paro de rir. Aquilo não era coisa que a mulher que eu conhecia faria. Ela acabou de abandonar a sua floricultura e a sua casa. Entendo se tivesse mandado meu pai sair de casa, mas ela preferiu deixar tudo para trás.

      Cerca de dez horas se passaram quando entramos em Pasadena, na Califórnia. Eu lembro dá minha tia apenas pelas fotos. Não me lembro de a ter visto pessoalmente alguma vez. Finalmente estacionamos em frente a uma grande casa de dois andares e com um jardim maravilhoso. A casa era enorme e sofisticada.

      Sai do carro e me estiquei. Estava toda dolorida depois de quase vinte horas de viagem de Seattle até Pasadena. De repente de dentro dá casa sofisticada sai uma mulher alta e totalmente ruiva. Ela desce os poucos degraus sorrindo com os braços abertos. Abraça minha mãe que devolve o abraço e enfim dá um sorriso.

— Alissa! — minha tia exclama — Minha nossa! Quanto tempo! Porque não me avisou que estava vindo? Eu teria ido te buscar no aeroporto...

      Então ela percebe o carro e olha para minha mãe espantada. 

— Não acredito que você veio de carro de Seattle até aqui!

— Eu não tive tempo de comprar as passagens Cassie — minha mãe diz.

      Então a atenção dá minha tia se volta para mim. Eu tenho vontade de me esconder dela. Era animada demais, alegre demais, ruiva demais. Ela me abraça sem minha permissão e eu fico paralisada. Cassie se afasta um pouco de mim e ainda me segurando pelos ombros diz com um sorriso enorme e brilhante:

— Essa é a pequena Suzana?! Minha nossa senhora dos vestidos como ela cresceu! E onde está Rick? Ele não quis vir?

      Nesse momento o rosto de minha mãe escurece. Seus olhos se enchem de lágrimas e ela começa a chorar. Depois que Cassie descobre que Rick morreu também acaba chorando lembrando de quando ele era pequeno e corria pela casa com seus tecidos fazendo de conta que era um super herói.

      E foi assim, fui recebida com sorrisos e dei uma das piores noticias que se pode dar a alguém. A partir daquele dia toda minha vida mudou.

      Deixei para trás tudo que conhecia, meus amigos, minha cidade, minha casa e meu pai. Viveria o presente e esqueceria o passado. Deixando apenas as boas lembranças do meu irmão.

Sob a Luz de Mil EstrelasUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum