"Já notou que basta apenas um segundo para toda sua vida mudar? Apenas um segundo é o que basta. Um segundo para devolver o sorriso do garoto bonito sentado na mesa ao fundo dá cafeteria, um segundo para dizer sim a esse garoto no altar. Um segundo...
"Render-se não é uma questão de vitória ou derrota, e sim de virtude."
— A batalha dos três reinos.
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Descobri depois que meu pai já tinha voltado para Seattle. Isabeli pegaria o próximo voo. Ela quis ficar para conversar comigo. Pelo que tia Cassie me disse, meu pai estava mais mal do que aparentava.
— O médico o liberou por vinte e quatro horas, apenas para procurar você. Saiu daqui de ambulância para o aeroporto. Assim que chegar será imediatamente internado, mas... — ela olha para mim.
— Se ele não receber o fígado logo vai morrer — eu completo.
Olho para Ian e depois para minha tia. Respiro fundo.
— Cassie você pode nos conseguir um voo para hoje ainda? Vou doar meu fígado a ele.
Depois de muitas ligações e conversas acaloradas tudo fica pronto para a viagem.
— Ainda não acredito que vou mesmo fazer isso — digo para Ian sentando ao lado dá janela no avião.
— Você está fazendo o certo, estou orgulhoso de você — ele me dá um beijo — Só trate de não morrer, senão você vai enfrentar minha fúria.
Chamamos um táxi quando chegamos ao aeroporto para ir até a casa do meu pai. A mesma casa onde cresci. Quando o carro estaciona na frente dá casa meus olhos se enchem de lágrimas. Por fora ainda era a mesma casa, muitas lembranças me vem a mente.
Só Isabeli estava em casa. Ela veio nos receber antes de irmos para o hospital. Meu pai havia sido internado em estado grave e precisava urgente de um transplante. Ao entrarmos vi que o quarto do Rick tinha sido transformado em deposito. E o meu quarto era agora o quarto dá Isabeli.
Por baixo de um pano branco, no novo "deposito" encontrei o telescópio que ganhei do meu irmão.
— Nossa — Ian disse quando o viu — é um ótimo modelo. Seu irmão entendia mesmo disso.
— Sim — eu acaricio o aparelho com lágrimas nos olhos lembrando dá última vez que o usamos, horas antes do seu acidente.
Deixamos as malas no quarto de Isabeli quando ouço o telefone no andar de baixo tocar. Sinto um aperto no peito ao lembrar dá última vez que o ouvi tocar. Logo que Isabeli desliga o telefone escuto sua voz vinda dá sala.
— Gente, precisamos ir para o hospital, rápido!
Chegamos no hospital cerca de sete minutos depois. Ao entrar lá minha respiração acelera e eu paraliso. Seattle inteira só me faz lembrar tudo que perdi. A última vez que entrei naquele lugar meu irmão morreu, meus pais se separaram e eu fui arrancada dá minha vida e jogada em um lugar estranho.
