Capítulo 1

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Assim que Mike virou a chave e desligou o motor do carro, meu coração passou a bater mais forte e mais rápido. Suspirei pela última vez e olhei pelo espelho lateral do carro se as meninas estavam acordadas. Luísa estava, claramente, ouvindo música nos fones de ouvido. Já Helena se encontrava desmaiada, capotada, entrando no seu décimo terceiro sono. Enquanto eu olhava para as duas meninas no banco de trás, totalmente distraídas, Mike já havia saído do carro e estava me esperando do lado de fora enquanto mexia no celular. Me levantei e fui primeiramente até Helena, tentando acordá-la. A peguei no colo e deixei nos braços de Mike, que foi caminhando até a recepção da escola. Dei a volta no carro e abri a porta para a madame Luísa, que no exato momento percebeu que era hora de retirar os fones de ouvido e voltar para a vida real.

Luísa é a menina mais sonhadora que eu já vi. Seus olhos brilham fazendo qualquer coisa relacionada às artes no geral. Suas maiores notas na escola são em música e artes. Todos os dias me pego pensando se isso tudo é culpa minha e do Mike, que sempre influenciamos levando as duas em todos os shows que fazemos e vamos juntos. Por outro lado, ela sempre teve esse traço. Desde que nasceu seus olhos sempre brilhavam para esculturas, pinturas, peças de teatro, instrumentos musicais e, acima de tudo, o palco. Quando eu e Mike fizemos nosso show juntos e as levamos, ela foi a primeira a sair correndo e começar a fazer palhaçadas para o público inexistente que estava sobre o cimento do circo voador.

Já Helena, a mais nova por uma diferença de dois anos, é totalmente ligada com os animais. Sua maior vontade é ter uma casa cheia de bichinhos para que ela pudesse cuidar de todos. Além disso, sua imaginação era muito fértil. Ela conseguia fazer histórias com todo tipo de coisa: desde a caixa de leite até o seu colega de escola.

Assim que entramos, os quatro, juntos, pudemos ver uma exposição de arte em plena recepção. Vários quadrinhos coloridos estavam pendurados nas paredes logo acima de sofás pretos e vasos de flores. Um grande balcão estava nos fundos da grande sala, com uma mulher de cabelo curto e moreno logo atrás dele, mexendo no computador e em alguns papéis. Nos aproximamos aos poucos, ainda maravilhados com o local.

“Boa tarde, é... a gente veio matricular nossas filhas pro teatro infantil”, disse Mike se dirigindo à garota.

“Boa tarde! Bem-vindos! As aulas de teatro infantil já começaram a um tempo por causa da peça que será apresentada no final do próximo mês, mas ainda assim é possível encaixá-las na mesma turma da professora Falcão. Por vocês... tudo bem? Ah, prazer. Meu nome é Gabriela, mas pode me chamar de Gê” ela sorriu e explicou, o que fez eu e Mike nos entreolharmos e darmos de ombros, assentindo com a cabeça como resposta à mulher.

Em meio à nossa conversa, uma garota jovem, de cabelos cacheados e estatura alta apareceu junto ao balcão. Meus olhos imediatamente se voltaram para ela, que estava concentrada procurando algum papel em meio ao bolo que existia ao lado do computador.

“É... Vitória, a tua lista de chamada eu tô imprimindo de novo. Tem mais duas aluninhas pra ti”, disse Gê, apontando para Luísa e Helena, que estavam sentadas no sofá, brincando entre si. Vitória só foi capaz de dar uma breve espiada e soltar um sorriso bobo. Ela então se virou para mim e Mike, que estava assinando os papéis. Olhou então nos meus olhos, arqueou as sobrancelhas e jogou a cabeça para onde as crianças estavam. Ri, e assenti com a cabeça. Ela então respondeu com um sorriso muito sincero e ficou observando as duas enquanto esperava a lista.

a arte entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora