Capítulo 10

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< POV Luísa >

Segunda feira. Fui para a escola e voltei. A tarde teríamos ensaios do musical, mas antes disso eu queria convencer meus pais. Assim que retornei para casa, a primeira coisa que fiz foi falar com eles.

Disseram que eu teria de ir bem em todas as provas, não vacilar, levar Helena para os compromissos que eles não poderiam levar, arrumar meu quarto todo dia, limpar a casa quando pudesse, e blá blá blá. Enfim. No final de tudo, deixaram. Nunca tinha ficado tão feliz na vida, de verdade. Logo que eles falaram "beleza, certo, pode ir e para de encher nosso saco", fui comprar os ingressos. Foi a melhor coisa do mundo ter comprado e sentir que aquilo era meu. Que eu ia ver a Ana, que eu ia poder ver ela sorrindo e cantando na minha frente. Era literalmente um sonho realizado.

Eu e ela tínhamos uma conexão muito forte, eu me via em muitas das músicas que ela compunha e em alguns dos clipes que ela produzia eu percebia uma certa semelhança com o que eu já vivi. Era estranho, sentia realmente que éramos muito iguais. Minhas amigas de escola diziam que nós duas éramos super parecidas e que Ana deveria me chamar de gêmea. Eu e ela já tínhamos interagido poucas vezes no twitter e no instagram. Só lance de curtir foto e tweet, sabe? Coisa de fã, mas ao mesmo tempo... não.

< POV Eduardo >

Belo começo de semana. Minha mãe viajara para o Rio de Janeiro e eu fiquei completamente sozinho em casa. Ok. Antes dela viajar, almoçamos juntos. E foi um tanto quanto... estranho. E confuso. Contei para ela que havia feito uma amizade de Londres, Luísa. Expliquei o que sabia dela, e em todos os momentos ela parecia interessada, sorrindo que só. Talvez ela soubesse que eu estava apaixonado. É. Sei lá. Até que em certo momento ela teve de parar para respirar, contar até 3 e tentar retomar o assunto. Ela ficou um tanto tensa, sabe? Teve até que tirar o casaco e prender o cabelo. Não entendi nada.

Flashback on

Eram por volta de 13h30 da tarde, e eu e minha mãe estávamos almoçando. No intervalo de uma garfada e outra, comecei a contar sobre Luísa, minha única amiga – já que eu era realmente um garoto um tanto quanto antissocial para fazer amizades na escola.

"Mãe... eu fiz uma amiga na internet, sabe? O nome dela é Luísa, ela mora lá em Londres", disse, enquanto mexia no macarrão no meu prato.

"Sério? Conta mais", respondeu, e logo depois colocou o garfo lotado de cenoura na boca.

"Sei lá, nem tem nada demais. Ela mora lá já faz uns 5 anos, o pai foi preso e ela não sabe da mãe dela. Ela disse que a mãe dela é daqui de São Paulo, mas que por problemas ela nunca mais viu ela. E nem sabe quem é também" respirei fundo e tomei um gole de água. "AH! Tem uma coisa muito empolgante: ela também ama teatro, musicais e afins. Inclusive ela tá apresentando um na escola dela por um tempinho", comentei. Pude perceber os olhos dela encararem os meus, e eu ficar um tanto quanto frustrado com a situação. Ela terminou de mastigar, tomou um gole do suco de abacaxi que estava tomando e tirou o casaco. Parecia que estava morrendo de calor, alguma coisa que eu tinha dito havia feito ela ficar desse jeito. Coisa doida. Ela ficou sem comer por alguns minutos enquanto ficava com uma mão na testa e os olhos fechados tentando raciocinar alguma coisa. Vai ver a história a lembrava de alguma coisa da vida, ou sei lá, ela estava com medo da amizade que eu tinha feito.

< POV Vitória >

Enquanto meu filho ia me contando cada detalhe sobre sua amizade, todos os pontos iam se ligando na minha cabeça. Eu tinha descoberto, por meio de Guto, amigo meu de pouco tempo, que seu amigo, Mike, havia sido preso no exterior e nunca mais tinha voltado. Desde então eu não estava entendendo mais nada. E agora eu tinha entendido. Tudo fazia sentido. Tudo. Ou não. Talvez eu estivesse só ligando pontos que nem tem nada a ver. 7 bilhões de pessoas no mundo e eu achando que Luísa, a amiguinha de Eduardo, era a filha de Ana. Me senti confusa, lotada de informação em menos de 5 minutos.

Não falava com Ana fazia um tempo, 5 anos também. Todas as informações coincidiam. Meus olhos encheram de lágrimas quando ele citou que ela não sabia quem era a sua mãe. Me segurei para não chorar, me segurei para não correr atrás de quem não queria mais minha presença na própria vida. Eu havia prometido a mim mesma que iria parar, iria me afastar de quem eu era apaixonada e já tinha uma paixão pra vida. E eu fiz isso, mas agora eu queria voltar. Queria voltar para Ana e falar: eu achei sua filha, ela tá em Londres e precisa de você assim como você precisa dela.

Flashback off

Alguns minutos logo depois das 17h30, descobri uma coisa inusitada. Minha mãe havia acabado de me ligar falando que tinha ganho um prêmio e que iria recebê-lo em uma cerimônia em Londres. E como era julho, eu estava de férias. Iria ficar até agosto. Assim que ela me contou, perguntei se eu poderia ir junto. Ela disse que com certeza, e que seria as melhores férias das nossas vidas, porque também havia ganhado ingressos para 3 musicais de nossa escolha. E nós iríamos para Londres. Muita informação para minha cabeça processar.

Lembrei do show de Ana Caetano, minha cantora favorita e cantora favorita de Luísa também. Enviei o cartaz de divulgação para ela. Perguntei se poderia ir. Ela visualizou. E não respondeu. Ficou offline e não disse mais nada.

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Obrigada, catarina13ac, pelo cartaz lindo que cê fez pra ilustrar a fic. Amei muito, cê sabe disso, ícone.

Relembrando que Luísa e Eduardo estão no twitter: britainsgotana e harrysflxwers. :)

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