Capítulo 17

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"Estávamos a alguns passos do elevador, até que ouvi meu nome no meio de um grito. Olhei para trás. Antes da minha visão se tornar embaçada, percebi Maicon a alguns metros de mim e de Felipe, com um revólver erguido na altura de seus ombros."

< POV Felipe >

Assim que a bala atingiu Ana Clara, seu corpo foi ao chão. Meus reflexos foram um tanto quanto rápidos no movimento que a segurei para que não batesse a cabeça no piso do hotel. Um amontoado de funcionários se juntou a nós dois, já providenciando uma ambulância para que viesse nos buscar. Estávamos literalmente na frente dos elevadores, atrapalhando a passagem. E por isso mesmo, quando a porta se abriu, olhei para trás e pude enxergar Vitória e as meninas. Rapidamente, ela tampou os olhos das duas e começou a apertar diversos botões no painel do elevador. A porta fechou. Suspirei.

[...]

No hospital, meus passos descreviam a preocupação que estava dentro de mim. Pra lá e pra cá, pra cá e pra lá. Pelo menos 10 mensagens de Vitória estavam esperando resposta na tela inicial do meu celular, junto com umas 20 ligações. Se alguém estava mais preocupado que eu, com certeza era ela. E lá vinha... a vigésima primeira chamada. Resolvi atender.

"Aleluia Felipe, como tá a Ana? Cadê ela? O que aconteceu? Você ignorou as minhas mensagens e todas as minhas chamadas, eu vou explodir!", um turbilhão de dizeres saiu da voz ofegante e chorosa da cacheada.

"Vitória, calma. Dá um tempo. Desde que ela entrou em cirurgia eu não soube de mais nada, os médicos não apareceram, eu não tenho notícias. Tô esperando até agora", respondi, suspirando no final.

"Que suspiro foi esse? Você sabe de alguma coisa e não quer me falar, é? FELIPE!", ela gritou.

"Eu não sei de nada, de verdade. Tô tentando ficar calmo, e tu também deveria tentar, Vi. Quando eu souber de alguma coisa, eu te falo. Fica bem, cuida das meninas", desliguei.

Me sentei na sala de espera, fechei os olhos e comecei a orar. Qualquer ajuda era bem vinda nesse momento, e tudo que eu queria era que Ana ficasse bem. Se não ficasse, tudo o que foi construído teria sido em vão. Isso tudo por causa de um homem que não sabe se controlar. 

Passados 30 minutos, duas médicas vieram até mim. Me cumprimentaram e se apresentaram. Explicaram a situação de Ana. O tiro havia perfurado seu pulmão, e isso havia causado grandes problemas para a morena. Graças ao bom Deus, ele não havia chegado ao coração, o que minimizou problemas maiores. No entanto, o problema já era grande o bastante. Ana não poderia voltar aos palcos por um bom tempo, e estava em situação de risco, já que por ora só conseguia respirar por meio de aparelhos.

As doutoras me acompanharam até o centro de terapia intensiva, mais conhecido como UTI, e lá fiquei, sozinho, segurando a mão de Ana. Olhei para cima na intenção de conter as lágrimas, mas elas caíram de qualquer jeito. A sua situação me deixava apavorado, triste e preocupado. Eu não sabia se ela iria sair dali rapidamente, não sabia como tudo iria ficar dali pra frente. Peguei o celular e enviei uma mensagem rápida para Vitória, avisando que a morena já estava no quarto. Aproveitei para dizer que iria embora descansar, precisava de um tempo para pensar. Meu contato estava como de emergência, então qualquer alteração me ligariam. Me retirei do local, em direção a recepção. No meio do caminho, pedi um Uber.

< POV Vitória >

Assim que recebi a mensagem de Felipe, me arrumei para ir ao hospital. Deixei Luísa, Helena e Eduardo no quarto, juntos, já que estavam dormindo. Escrevi em um papel que estava indo ao hospital visitar Ana, e anotei meu telefone logo em seguida. 

[...]

Quando cheguei no hospital, tudo parecia tão quieto. Me identifiquei na recepção, e fui até o quarto de Ana. Dentro do elevador, meu pé começou a formigar, e minhas costas pareciam ter sido tomadas por suor. No momento que saí, comecei a perceber uma movimentação, que me deixou um tanto quanto preocupada. Todos gritavam "code blue" (código azul), e eu não entendia o que estava acontecendo. Foi aí que percebi. Quando parei em frente ao quarto, a porta estava aberta, e algumas enfermeiras estavam num entra e sai danado. Uma delas me viu abalada, com a mão cobrindo o rosto, tentando segurar as lágrimas, e me puxou para atrás. Me acomodou em uma das cadeiras do posto das enfermeiras, e ficou ali comigo. 

A movimentação não cessava. Meu rosto foi tomado por lágrimas, e meu coração batia mais rápido do que tudo. Eu não sabia o que fazer. Queria levantar, mas não tinha forças. Queria gritar, mas não tinha voz. Queria ir lá, e dizer para Ana que tudo daria certo, mas eu nem sabia se iria dar mesmo.

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⏰ Last updated: Nov 09, 2018 ⏰

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