Capítulo 16

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" 'Ana Clara, eu tô no mesmo hotel que você. Eu te vi chegando com elas. Eu fui no seu show. Eu te acompanho.' "

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< POV Ana >

Enquanto Mike falava, meu coração acelerava os batimentos cada vez mais. Mesmo que ele tivesse encerrado, ele ainda continuava rápido demais da conta. Respirei fundo. Meus olhos se encheram de lágrimas. Me sentei, e escondi meu rosto com as mãos. Depois de algum tempo, Vitória retornou no que pude perceber seu palmo sobre meu ombro. No susto, levantei, achando que era alguém que eu não gostaria que fosse. Por minha sorte, era ela.

"Que foi? Tu tá tão apreensiva, Ninha", ela se agachou na minha frente, e com as mãos jogou o cabelo para o lado. 

 "Vi... eu tenho que ir ali. O Felipe me ligou falando que deu problema numa parada aí. Eu já volto", ergui a cabeça e dei um beijo na testa da cacheada. Saí do quarto, e ainda no corredor recebi uma mensagem com os dizeres: "se quiser me ver, estou no restaurante do seu hotel". 

Inspira, expira. Inspira, expira. Entrei no elevador. Térreo. Alguns passos até sentir o cheiro de comida. Pude observar o moreno em uma das mesas no fundo do local. Olhei para cima. Inspira, expira. Fui até ele e me sentei na cadeira à sua frente.

"Ah, você veio? Que surpresa boa", ele sorriu, um tanto quanto malicioso.

"O que você quer, Maicon?", direta e clara, respondi.

"Desculpa, por tudo o que aconteceu. Não era pra ser assim, sabe? Foi tudo tão impulsivo, e eu não queria ter te afastado das meninas, nem ter me afastado. Eu sou idiota", ele disse, enquanto mexia, com a mão esquerda, nos talheres em cima da mesa. Percebi uma certa movimentação com sua outra mão debaixo da mesa. Ouvi alguma coisa como se fosse um gatilho. Estranhei.

"É sério que você tá me falando isso? Tipo, sério mesmo? Você fugiu com minhas filhas, trouxe elas para outro país e ainda quer me pedir desculpa? Você quase acabou com a minha carreira, seu filho da... " parei, olhei para a tela do celular. Havia uma mensagem de Vitória: "cadê você? O Felipe tá te procurando." Levantei a cabeça e olhei nos olhos do moreno. "Na moral, cara? O que você tá fazendo aqui? Se você quer tentar reatar alguma coisa entre nós, já saiba que pode desistir." 

Me retirei do local, com raiva. No meio do caminho, diversas lágrimas escorreram por meu rosto. Encontrei Simas no saguão do hotel. Estava acompanhado de mais duas pessoas, com câmeras. Droga, entrevista. Na tentativa de esconder o que se passava dentro de mim, passei a mão no rosto assim que ele me puxou para o canto.

"O que aconteceu? Eu te mandei um monte de mensagem, mandei também para a Vitória. Onde você estava?", questionou, um tanto preocupado.

"Fê, eu posso não fazer isso agora?" com os olhos, indiquei os homens. "Depois eu te explico o que deu..."

Ele se virou e tentou conversar com os entrevistadores. Felipe sempre teve um bom diálogo. Iríamos ficar mais alguns dias em Londres, possivelmente poderíamos gravar o que queriam em outro dia. Os dois foram embora, e ele voltou a falar comigo. 

"Eu tô contigo, Ana. O que foi?", perguntou.

"O Mike... ele tá no restaurante daqui do hotel", peguei em sua mão e fui saindo do ambiente aos poucos. "Eu acho que tá armado, Fê".

Estávamos a alguns passos do elevador, até que ouvi meu nome no meio de um grito. Olhei para trás. Antes da minha visão se tornar embaçada, percebi Maicon a alguns metros de mim e de Felipe, com um revólver erguido na altura de seus ombros. 



a arte entre nósWhere stories live. Discover now