JULIA: Gabriel, eu vou gritar... Eu juro que se você der mais um passo eu vou gritar por socorro.
GABRIEL: Acho que você não entendeu, Julia... Há algo que me atrai em você...
JULIA: Eu vou gritar, Gabriel.
GABRIEL: Você não faria isso.
Gabriel se aproxima de mim e agarra os meus dois pulsos, eu permaneço imóvel, com raiva e total desprezo por ele. Então, eu dou um grito pedindo ajuda e Gabriel coloca a mão violentamente na minha boca.
Em pânico, eu tento pegar em alguma coisa para bater nele. E saio rapidamente da cabine, e fecho a porta com lágrimas nos olhos. Eu olho pelo corredor do avião, vejo Matt correndo da outra extremidade do corredor, quando de repente...
Um grande tremor me faz cair no chão. Todos os passageiros que estavam em silencio começam a gritar, em pânico. Eu me apoio contra o apoio do braço de um assento para me levantar.
Eu olho para Matt, que está longe, também se levantando. Um ruído ensurdecedor, como um jacto de ar, ressoa em todo o avião. As mascaras de oxigénio caem sobre os passageiros, penduradas em seus cordões.
Meu coração está acelerado e minha respiração ofegante. O avião começa a balançar em todas as direcções e todos começam a gritar e a chorar. Estamos perdendo altitude.
Não há duvidas, nós vamos cair... Eu vejo Matt de joelhos no chão, claramente atordoado com a turbulência do avião. Eu estou me segurando no braço do assento ao meu lado, sem conseguir me levantar.
Algumas imagens aleatórias começam a surgir em minha mente, seria a minha vida passando diante dos meus olhos?
Parece que meu estômago está sendo tirado de mim, lágrimas começam a escorrer em minhas bochechas. Totalmente aterrorizada, até os gritos dos passageiros soam distantes.
Eu repito a mim mesma que este é o fim e olho uma ultima vez para o Matt. Ele ainda está lá, a 20 metros de distancia de mim, sem se mover, com um joelho no chão.
Meus lábios esboçam um silencioso «eu te amo», mas de repente... Nada.
Ouço o som das ondas antes mesmo de abrir meus olhos. Posso sentir a areia húmida e fria em meus dedos.
Começo a ouvir pássaros distantes e folhas das árvores ao redor balançando com o vento. Eu abro meus olhos e vejo que estou bem, meu corpo está deitado em uma praia.
Eu movo meus pés e tento levantar meu rosto da areia. Acho que não estou ferida, apenas meus braço esquerdo dói um pouco.
Vejo alguns destroços do avião espalhados pela praia, ainda chocada, eu decido esperar um pouco antes de me levantar. Fico sentada, de frente para o oceano, respirando calmamente, quando penso...
JULIA: Matt!
Eu olho de um lado para o outro, tentando ver se Matt está na praia. Alguns flashbacks da queda passam pela minha cabeça, lembro que fugi da cabine da tripulação, com Gabriel atrás de mim.
Matt estava tentando chegar até mim, enquanto o avião caía. Ai meu Deus, espero que ele esteja bem.
JULIA: Vamos, Julia, levante-se...
Eu junto todas as minhas energias e consigo ficar em pé.
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