4- Me diga se mudar de ideia

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Eu nunca tive tanta certeza de que o clube asiático era extremamente chato, mas precisava fazer aquilo, minha mãe estava certa, era uma forma de me encaixar na sociedade em que eu vivia, era uma forma de fazer eu me sentir melhor, com pessoas como eu.

As outras garotas pareciam se divertir e conversar bastante, Dahyun estava ao meu lado mexendo no seu celular e até Chaeyoung parecia ocupada demais pra mim enquanto conversava com a sua paixãozinha Minari.

O clube era basicamente isso, várias meninas asiáticas falando sobre como estava sendo sua vida aqui nos estados unidos e os desafios que elas enfrentam no dia a dia. E eu não entendia realmente o motivo de tudo isso, era tudo besteira.

Tudo que precisávamos fazer falar o nome, idade, como viemos parar nos Estados Unidos e como estávamos indo.

Após a líder, Jihyo foi a vez de uma garota chamada Nayeon, ela estava super feliz falando o quão bem ela se encaixava nessa sociedade e que estava muito feliz que deixou a coréia pra poder aproveitar a vida dela como merecia e que estava feliz por ter encontrado sua namorada que também era do clube, e então uma loira levantou e a abraçou e elas começaram de melação e tudo que eu fiz pra cena foi bufar e revirar os olhos.

Ela era muito feliz. Tipo muito mesmo. E ela e sua namorada pareciam se completar por isso.

Após todas elas se apresentarem para mim, coisa que não era necessária pois eu sou uma pessoa muito observadora e assim eu conhecia todas aquelas garotas ali, foi a minha vez, eu não quis falar mais do que o necessário, na verdade eu nunca falo mais do que o necessário. A melhor coisa dessa reunião e a única coisa que salvava a tarde perdida era a comida, tinhas vários tipos de comidas japonesas e coreanas, eu amava isso muito.

Nós fomos interrompidas pelo barulho da porta abrindo e uma Momo seguindo por Sana entrando, Momo rapidamente se dirigiu até a roda e Sana após fechar a porta foi meio lenta. Todas ali estavam nervosas para saber como Sana estava, após a terrível briga que aconteceu no refeitório.

A garota sentou na cadeira a minha diagonal e encarou as outras garotas sorrindo fraco, ninguém falou nada, acho que estavam esperando ela falar. Sua maça direita do rosto tinha um corte e um pequeno roxo, provavelmente o resto estava escondido pela maquiagem. Sana apesar disso, continuava linda.

Após um longo silêncio de todas a garota decidiu levantar e falar.

- Meu nome é Minatozaki Sana – disse. – Tenho 18 anos, levei um soco porque defendi minha melhor amiga de um machista idiota.

- Sana, e como está se sentindo? – Jihyo perguntou.

- Uma maravilha, está tudo bem. – Voltou a sentar na cadeira e suspirou cruzando as pernas.

Então Momo levantou e disse:

- Eu sou a Momo – Deu de ombros – Eu to morrendo de fome, preciso comer. - Então andou até a mesa do canto.

Sana olhava fixamente para mim, se jogou mais na cadeira e continuou me encarando. Eu rapidamente desviei os olhos dela, sabendo de todos os defeitos infinitos que existiam em mim, eu estava usando uma calça jeans velha e rasgada no joelho, também usava uma blusa dos Beatles preta com uma maça no meio e o meu cabelo eu nem ao menos me dei ao trabalho de penteá-lo, e além de tudo isso tenho certeza que minhas bochechas nesse momento estavam vermelhas como pimentas. Não sei por qual motivo, mas provavelmente foi a minha curiosidade que fez com que eu levasse meus olhos até ela, e aqueles olhos incrivelmente penetrantes continuavam em mim.

Mais uma falação enorme, projetos que estavam sendo executados e alguns que estavam apenas no papel, Nayeon falando o quanto era linda, Dahyun bufando ao meu lado, Chaaeyoung babando por Mina, Momo comendo, Jihyo e Jungyeon coversando sobre o que elas teriam que fazer pro clube ganhar verba da escola, dentre disso, nem eu, nem Sana havíamos soltado uma palavra sequer.

Mas Jihyo como a líder que é, chamou a atenção de Sana, quanto soltou a seguinte pergunta.

- Então, vamos descontrair um pouco – Ela puxou a cadeira mais para perto e sentou melhor. – Sana, o que você acha que devemos fazer em relação a feira da escola?

-Direito de imigração? –Murmurou dando de ombros. – Ou podemos falar sobre os lgbtq's já que esse clube é mais gay que o próprio clube dos lgbts – Sorriu.

- E porque não falar sobre os direitos humanos? – Falei. – Isso abrange todos os tipos de preconceitos que enfrentamos e também todas as batalhas que temos que enfrentar em nossos dias.

Todas sorriram concordando com aquilo e senti um alivio no peito por saber que a minha ideia não tinha sido uma vergonha, e que eu não estava falando bobagem. Meus olhos param sobre os olhos de Sana e ela abriu um verdadeiro sorriso, não um como aqueles que ela dava do tipo cafajeste para conquistar as garotas, mas foi mais um sorriso amplo no rosto.

- Eu sabia que iríamos acabar trabalhando em dupla novamente.

Eu não consegui manter meu semblante sério, não sei por qual motivo, mas o sorriso de Sana me fez sorrir envergonhada, meu rosto baixou e encarei minhas mãos, certeza que minhas bochechas estavam rosadas e naquele momento eu estava querendo morrer ou sumir, isso foi ridículo.

Após isso o clube terminou, todas se despediram e eu fui a primeira a seguir meu caminho pra fora dali, nem dei atenção para Chaeyoung ou Dahyun, sabia que a anã ruiva tinha pedido carona, mas depois de não ter trocado uma palavra comigo no clube eu realmente esperava que Mina levasse ela onde fosse.

Fui até o estacionamento da escola onde estava minha moto e prontamente subi nela, só queria sair daquele lugar, no momento em que acelerei a mesma, me lembrei do livro de história que deixei no armário. Fiquei alguns minutos pensando no que faria, mas achei melhor ir pegar o livro, eu não podia ir mal no teste que teria no outro dia. Desci da moto e fui rapidamente até o corredor onde meu armário estava, peguei meu livro e voltei novamente pra fora da escola.

- Hey...

Olho para trás e vejo Sana sentada na escada da escola com um celular na mão e ela parecia entediada.

- Ah, eai... – Cumprimentei ela com um aceno de cabeça e virei novamente pra ir embora.

- Espera... – Ela levantou e deu uma leve corrida até mim. – Tudo certo pro encontro sexta?

- Como? – Dei uma olhada pra ela, só podia ser brincadeira.

- Eu vou te levar pra sair sexta-feira... – Dei um sorriso de lado, ela era muito cara de pau.

- Eu acho que não. – Subi na minha moto e peguei o capacete, a garota se aproximou mais, encostou-se na moto ficando na minha frente e de lado pra mim.

- Pare de ser tão difícil, apenas saia comigo...

- Sana, acho que eu fui bem clara com o que disse. – Murmurei tentando não olhar em seus olhos ou focar em seu rosto, sabia que se o fizesse ia acontecer merda.

- O que?

- Não.

- Me diga se você mudar de ideia... – Chegou mais perto de mim e falou baixinho, meus olhos encararam a mesma e eu estava certíssima por não ter feito isso a segundos atrás, eles eram realmente hipnotizantes. – Tchau linda.

E então saiu dali com aquele ar ridiculamente confiante que tinha, eu estava encarando ela, e tenho certeza que a garota imaginava isso pois logo olhou pra trás soltando uma piscadinha.

Então liguei minha moto e saí rapidamente dali, eu estava quente, minhas bochechas estavam pegando fogo, estava irritada e indignada comigo mesma, por que eu a deixava fazer isso comigo? Por que eu não a afastava? Por que eu sentia vergonha ou corava sempre que ela falava comigo?

Isso estava sendo extremamente ridículo, Chou Tzuyu você tem que parar agora com isso, não seja como todas essas garotas ridículas que habitam sua escola.

Dirigi até o café da minha família, hoje era meu dia de ajudar e meus pais estavam me esperando, entrei e já pude perceber que tinha um grande movimento, passei pelo meu pai e dei um beijo na bochecha, andei mais rápido até a cozinha, peguei um avental e fui atender ajudar minha mãe. 



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