Capítulo1

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Mais um dia, neste pequeno planeta, nesta grande cidade, nesta nojenta sociedade e nesta merda de vida. Ainda não entendo o que me prende aqui quando a minha vontade é não estar, não tenho uma razão para viver, não tenho quem me diga para ficar porque ninguém precisa de mim, mas por alguma razão ainda aqui estou.

À pessoas que parecem nascer para sofrer e eu sou uma delas, fui obrigada a crescer depressa demais para a minha idade, sou obrigada a viver com quem me trata mal e não me dão o que preciso. Tudo o que passei apenas me tornou o quê sou, uma simples rapariga, fria, com um coração de pedra e sem sentimentos. O que mais amava na vida perdi e então para que ter sentimentos se eles acabam sempre por nos magoar eles destroem-nos por dentro e muitas das vezes por fora portanto prefiro não gostar de ninguém, prefiro não falar com ninguém e insular-me no meu canto como sempre fiz.

Cá estou eu outra vez a matutar na minha vida, sempre que acordo faço questão de lembrar as minhas maiores mágoas, não sei ao certo o porquê, mas acho que apenas sinto essa necessidade para não esperar ter um bom dia.
Levanto-me tomo banho, visto-me e começo a descer as escadas quando encontro a mulher com quem fui obrigada a viver, a minha avó.

-Não faltes às aulas e não faças asneiras, não quero ter de ir lá outra vez por tua causa.- disse-me ela. Que falsa, ao pé do director da escola ela fez-se de vítima e começou a chorar. Não lhe respondo e saiu de casa com os fones nos ouvidos e faço o mesmo caminho de sempre. Eu apenas parti o nariz a uma cabra que disse o que não devia, não é assim tão mau.

Tenho 17 anos e ainda não tive paciência para começar a tirar a carta mas agora começo a olhar para algumas pessoas a chegar de carro e começo a sentir falta de um, talvez arranje trabalho para o conseguir comprar, não quero que o meu avô, a única pessoa de quem se pode dizer que gosto, o pague pois não quero ser motivo de discussão dos meus avós portanto prefiro ser eu a pagar e até lhe vou dar mais valor assim.

...

Finalmente horas de almoço estou cheia de fome, pego no tabuleiro e vou me sentar numa mesa sozinha, nunca me importei comer sozinha e de não ter amigos nesta escola, estou cá à mais de 2 anos e nunca ninguém tentou falar comigo e eu prefiro assim. Ao fundo do refeitório vejo a querida líder da claque da escola, a lançar-me um olhar ameaçador ao qual retribuo. O nariz dela está mais inchado desde ontem e não tenho pena nenhuma, até acho que lhe devia ter partido também um dente, aquele sorriso falso é nojento.

-Posso-me sentar aqui, todas as outras mesas estão cheias?- pergunta-me o rapaz novo da escola, de certeza que ainda não lhe disseram para não se dar comigo, ele parece ser boa pessoa e talvez um pouco tímido.

-O espaço é público, mas não prometo ser uma boa companhia para o teu almoço.-tento ser o mais simpática que a minha boca permite.

-Não te preocupes com isso. Então como te chamas?-OK! Isto é estranho e ele está a fazer contacto visual e agora o que faço. Das duas uma, sou malcriada e ele não volta a falar comigo ou respondo simplesmente.

-O que é que tens haver com isso?-optei pela primeira opção. Para minha surpresa ele não agarrou na sua tralha e se foi embora, em vez disso ele limitou-se a rir de mim e a deixar-me sem palavras.

-Eu chamo-me Niall, Niall Horan. Agora podes dizer-me o teu nome?- e agora...

-O meu nome é Daisy, Daisy Adams.-ele começou a rir outra vez, o que é que eu disse que tenha tanta graça? Ele está a começar a irritar-me.

-Podes parar de te rir de mim antes que também saias daqui com o nariz partido? -o que é que eu fiz para merecer isto?

-Partiste o nariz a quem? - a sério é isto que ele me vai dizer...

One More DayWhere stories live. Discover now