★ Capítulo 5

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Corra para o pecado, faça tudo em nome da diversão.
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O ser humano é curioso, os pais sentem a necessidade de nos dar conselhos quando crianças que só iremos usar no futuro, no qual nem lembraremos mais deles. Mas eu ainda me lembro de um em específico que minha mãe disse calmamente depois que meu avô faleceu e meu pai chorava no canto da sala “Fortes são os que têm a capacidade de expelir a dor em lágrimas, mas nunca menospreze os que sofrem silenciosamente”.

Anos depois, cá estou eu sentado em minha cama a calçar meu tênis e observar a garota dos cabelos cinzas sofrer silenciosamente. Seus olhos perdidos na janela, olhando para a senhora Cortez limpando sua calçada me faziam perceber que talvez tivesse cometido um erro terrível em aceitar esse jantar.

-Podemos ficar em casa - minha voz sai baixa - eu tenho teste de literatura amanhã e não me importaria se desistisse de ir a esse jantar.

-Nem tudo é tão simples quanto parece, Zayn - sua voz sai distante, enquanto seus olhos ainda estão perdidos nos movimentos de Cortez.

-Nesse caso - levanto e coloco meu moletom de jornada nas estrelas - É apenas um jantar e garanto que a - forço minha mente para lembrar o nome de sua acompanhante, mas é uma tentativa falha - que a namorada dele ficaria aliviada de não ter que jantar com a ex de seu namorado.

-Você acha ? - seu corpo finalmente se vira para mim. Revelando suas roupas típicas, a calça colada e rasgada e o moletom largo de alguma banda da qual não faço a mínima ideia.

-Tenho certeza - tento sorrir e sou acordado pelo meu subconsciente que me lembra que é a primeira vez que temos uma conversa civilizada.

-Então temos uma mudança de planos - sua voz saiu firme pela primeira vez essa noite.

-Eu achei que ficaríamos em casa visto que  não vai ter mais jantar - a olhou confuso - Temos teste amanhã.

-Céus! - uma risada abafada escapa de sua boca, enquanto ela pega sua carteira e coloca no bolso da calça - Anda logo, nerd - ela grita do corredor e coço minha nuca em frustração.

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Meus olhos percorrem meus passos, os observando delicadamente, na fula tentativa de me manter distraído e ignorar a presença da garota ao meu lado.

-Pode me odiar o quanto quiser, isso ainda não vai mudar nada - sua voz sai sem nenhum  um traço de sentimento.

-Eu não te odeio - digo sincero - Só não fomos bem apresentados e criamos impressões maléficas sobre um do outro.

-Impossível criar uma impressão maléfica de ti - ela gargalha por longos segundos - És como o último traço de inocência naquela escola.

-O que ? - eu realmente não consigo imaginar aonde ela irá chegar com essas insinuações.

-Quando se entregou para os atos pecaminosos? - abro a boca na tentativa de a responder, mas a quem quero enganar, a coisa mais imprópria que já fiz foi roubar o último pedaço de pizza do James e não o contar e claro me masturbar após olhar o filme pornô do meu pai - Aposto que nunca bebeu, fumou, foi em uma festa, foi masturbado por alguém. Céus! Ou que já transou.

-E o que há errado em não ter feito nenhuma delas práticas ? - ergo a sobrancelha.

-Nenhuma, Zayn - ela sorri gentilmente - Isso o torna bem mais desafiador.

-Por que sou virgem? - gargalhou devagar e ela sorri juntamente.

-Não - seu sorriso aumenta - É porque, isso o torna diferente dos outros.

-Existem mais cara virgens por aí - coloco a mão no bolso e volto a encarar meus pés dando passos largos pelo asfalto.

-Não caras que poderiam transar com quem quisesse - levanto o olhar e a vejo encarando o horizonte - És tão lento que nunca parou para admirar como é bonito ? - seus olhos encaram os meus e desvio por não saber o que responder.

-Para onde está me levando? - acabo por mudar  rapidamente de assunto.

-Para a sua primeira festa - ela puxa um isqueiro e um cigarro de maconha do bolso. Acompanho seus movimentos delicados em levar o maço a boca e delicadamente acender o fogo e o levar perto de sua boca.

-Eu tenho teste amanhã cedo - a olho totalmente indignado.

-E irá tirar a mesma nota, mesmo não dormindo algumas horas - ela puxa a fumaça e logo a solta no ar, causando um cheiro desconfortável no ambiente mesmo ao ar livre - Não adianta fugir, eu sou quase que onipresente, estou por toda parte - ela abre os braços e sorri - Estou na sua escola, na sua casa, no seu quarto - ela dá passos largos e para à minha frente e traga mais uma vez - E principalmente na sua mente - ela fala jogando toda a fumaça inalada em meu rosto.

-Você não está em minha mente - digo um pouco baixo, pelas tosses causadas pela fumaça jogada em meu rosto.

-Depois de hoje á noite, eu vou, pode ter certeza - ela sorri e volta a caminhar ao meu lado pela estrada por longos minutos até que chegamos em uma rua infestada por carros e jovens com copos vermelhos na mãos, alguns se beijando, outros rindo alto e fumavam - Hoje você conhece o pecado meu pequeno, Zayn - ela sorri e joga a fumaça ao ar uma última vez.

Revés • zjm •Where stories live. Discover now