⌲ Jimin - Especial

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"Eu senti que era amor quando depois do boa noite havia uma vontade incontrolável de dizer: Eu te amo..."

Assim como em todas as noites, depois que ajeitou suas vestes incrivelmente brancas, as quais possuíam flores douradas pela barra, mangas, cintura e a parte superior do tronco, a deusa da lua subiu em sua magnífica carruagem lunar, vagando pela imensidão azul marinho da noite, enquanto sua luz branca iluminava aqueles que não tinha fogo.

Enquanto brincava passando entre algumas nuvens e desviava de outras como se estivesse apostando corrida com alguém, a deusa de cabelos longos ouvia bem ao fundo gritos de desespero, porém não um desespero carnal, mas sim um desespero de alma. Uma alma que estava quebrada, sozinha, abandonada.

Por mais que vagasse em busca de quem estava precisando de ajuda, não encontrava nenhum mortal tão desesperado, tão aflito, e isso não fazia sentido, se não era nenhum daqueles que estavam sob a proteção sua e de seus iguais, o que mais poderia ser?

Quando os primeiros raios de sol começaram a dar sinais de vida, ela desistiu de sua busca por aquele momento, já que sua irmã Eos, a deusa do amanhecer era quem dominaria agora, e ela repousaria um pouco na base do Olimpo. Durante o dia, ela perguntou para mais alguns deuses se eles também estavam ouvindo algo, mas nada, apenas ela ouvir aquele pedindo de socorro.

Quando a noite caiu novamente e era a hora da lua subir aos céus, Sn repetiu o mesmo ritual de noite noite de luar, lavou seu corpo com a água que as rosas lhe davam para perfumar seu corpo esculturado, vestiu sua roupa branca com detalhes dourados, colocou as poucas jóias em seus dedos, e finalmente se ajeitou sobre a carruagem, dando ordem aos bois brancos que vagassem pela noite com a mesma suavidade de sempre.

E assim como na noite anterior, o choro foi ouvido e ela com o coração apertado, saiu em busca daquele que precisava de ajuda, ao que parecia, aquele ser precisava da sua ajuda, e não de outros deuses. Por mais que buscassem sem cessar, ninguém lhe parecia tão desesperado para ser o portador daquele choro profundo, nem mesmo uma mãe que perdera o seu filho recém tirado do ventre.

A noite ia e vinha, sem pressa e nem atraso, sempre ao seu tempo, e com ela, vinha Sn e o choro que a perseguia, o som que estava disponível à apenas os seus ouvidos, o clamor que pedia somente a sua atenção.

A deusa perdeu as contas de quantas noites já estava ouvindo aquele som, até que em uma delas, já cansada de tudo aquilo, resolveu sair das zonas onde já havia procurado, se arriscando além das fronteiras que lhe eram permitidas, levando um luar diferente para outras terras. Quanto mais longe ela estava de seu lugar de nascimento, mais perto estava do seu lugar.

Foi lá, mares a fora, distante de tudo o que era de seu conhecimento, que ela finalmente encontrou aquele que precisava de si. De longe, ele parecia apenas um mortal, mas a vestes lhe chamavam a atenção, era tão coloridas, as jóias brilhavam mesmo com a noite, ele era tão diferente.

Depois que desceu da carruagem, caminhou no meio das flores vermelhas de lótus, tirou as sandálias douradas e caminho em meio a água, deixando que seu vestido molhasse livremente, acabando por se sentar na pedra que estava em frente ao outro, que tinha a face molhada não pelas águas que os cercavam, mas por lágrimas. 

 — Qual é o seu nome, mortal?— perguntou gentilmente, não tendo a mínima noção de quem ele era.

— Jimin — a respondeu, finalmente erguendo os olhos avermelhados em tom natural, demonstrando que não era humano.

— Por que chora tanto? Ouvi sua alma mesmo que distante.

— Eu não aguento mais a solidão, mais de séculos sozinho, esquecido por minhas próprias criações, abandonado por meus iguais, condenado há ser só.

— Quem são esses que o abandonaram? Por que o fizeram?— ela se aproximou, movida por seus instintos.

— Quando criei os humanos de minha civilização, meus irmão ficaram com inveja da perfeição, disseram que não era justo, e como vingança, queimaram as lembranças de mim. Hoje, meu povo se quer sabe meu nome, acham que foram os outros que lhes proporcionaram a vida, e todas as vezes que eu tento reaparecer, eles dizimam vários dos meus filhos, fazendo com que eles me vejam como uma praga.

— Sinto muito- ela lamentou baixo, levando a mão ainda seca até a bochecha esquerda do deus a sua frente, secando-lhe as lágrimas.— E por que não sai daqui?

— E para onde mais eu iria?

Os dois se encaram por alguns segundos, e sem ter explicação nem lógica, foram se aproximando, até que a deusa grega estava sentada sobre as coxas do deus hindu. As mãos com anéis dela vagavam pelos cabelos morenos com mechas avermelhadas dele enquanto as bocas estavam juntas.

— Se quiser pode vir comigo, Jimin, passarei os dias com você, e durante as noites, poderá me ver nos céus. Posso acabar com essa dor que está dentro do seu peito, posso lhe dar o amor que fora tirado do seu alcance, posso fazer cessar a sua dor. Você só tem que vir comigo.

— Nunca mais serei esquecido?— indagou, segurando a cintura bem modelada da deusa.

— Nem esquecido e nem deixado sozinho — ela sorriu, acariciando as bochechas mais redondas, encontrando naqueles olhos a calmaria que a lua necessitava.— O que me diz?

— Eu vou com você.

Os dois se amaram naquela noite. O vermelho que fazia parte de Jimin se misturou com o branco da lua que era Sn, e com a ajuda da noite negra, surgiu a lua de sangue, um evento que até aquele momento era inexistente, porém que a partir daquela noite, seria visto muitas e muitas vezes durante a eternidade.

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28/12/2018

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Não ficou do tamanho que eu queria, mas espero que tenham gostado.

A ideia era que esse imagine parecesse com uma lenda, que junta duas religiões/culturas.

O que acharam da ideia e do imagine em sim?

Porções de Paixões ✧Where stories live. Discover now