PRÓLOGO

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Quando as pessoas começaram a desaparecer, Margo sabia que ele havia conseguido o que queria. Margo sabia que haviam perdido a luta de suas vidas.

Ela viu cada um ali desaparecer, transformar-se em pó. Exceto ela mesma, Nebulosa, por Deus, Tony.

Tony não demonstrou reação alguma por longos minutos. Peter Parker se fora em seus braços, e Alessio sabia muitíssimo bem que aquilo era pior do que a morte para ele. Ele sentia a morte não apenas de Peter, mas de todo o universo, em sua consciência. Stark tinha a péssima mania de tentar carregar o universo inteiro em suas costas, mas a morena conhecia-o suficientemente bem para saber que não era algo que poderia ser mudado.

Margo deixou o corpo desabar no chão desconfortável de Titã. Deixou-se cair, não apenas exausta, mas abalada. A dor que lhe atingia o peito era mais do que conseguiria suportar. Mas era preciso suportar, pois não havia um outro caminho. Precisava suportar por Tony, que provavelmente não teria forças para continuar se a perdesse também. Precisava continuar pelos Vingadores — os quais nem mesmo sabia se continuavam vivos —, que, onde quer que estivessem, precisavam de ajuda.

Precisava continuar pelo universo. E, como um grande e violento soco no estômago, a morena finalmente entendeu e sentiu sob sua própria pele o que Anthony Stark sentia sob suas entranhas ao vestir a armadura que lhe dera o nome de Homem de Ferro anos atrás. Experimentou no pior momento a sensação de que a obrigação de proteger o universo e todos os seres que nele viviam, tão indefesos e sozinhos, era inteiramente e unicamente dela.

Lembrou-se da batalha contra Ultron em Sokovia, quando, pela primeira vez, sentira-se parte de algo ao lutar ao lado dos Vingadores pela primeira vez. Lembrou-se das piadas confiantes de Thor, a determinação de Natasha Romanoff, a bondade de Clint Barton e tantas qualidades dos outros da equipe, pessoas — e deus — que ela instantaneamente amou. Sim, amou. Sentiu-se parte de algo maior e bom, pela primeira vez em sua vida. Sentiu-se parte de uma família.

Depois, com pesar, lembrou-se da guerra entre a mesma equipe com a qual vivera nos meses anteriores. Lembrou-se do olhar sofrido que Steve Rogers lançou-lhe quando a viu ao lado de Tony. Lembrou-se da felicidade de Peter Parker ao, assim como ela, sentir-se parte de algo grande — com uma jovialidade maior, apesar disso. Lembrou-se da briga com Stark após a luta contra Steve, quando passou horas dizendo-lhe que, céus, Bucky Barnes não tinha culpa do que havia causado enquanto Soldado Invernal e, apesar de Rogers ter errado em não contar-lhe que aquele era quem havia matado seus pais, era algo perdoável. Lembrou-se das vezes em que chorou silenciosamente durante a noite, enquanto desejava que, quando o sol se levantasse, Steve, Natasha e Sam estivessem ali, dispostos a deixar a mágoa para trás e deixar que os Vingadores voltassem a ser o que um dia foram: A única família de Margo Alessio.

E, em Titã, caiu-lhe a torturante ficha de que, talvez, não lhe restasse nenhuma daquelas pessoas em quem tanto confiava para lutar ao seu lado até que, no final do dia, o mundo estivesse a salvo e tudo ficasse bem. Ninguém. Talvez Tony não tivesse a força para voltar a ser Homem de Ferro. E, talvez, eles nem mesmo conseguissem sobreviver para que Margo voltasse a atuar como Veneno.

Era um talvez que dava a Alessio a vontade de sumir, assim como seus amigos. Mas não era o caso, e ela sabia perfeitamente bem que um talvez não era um com certeza, e ainda havia a chance de que o sol brilhasse sobre eles novamente.

E, mesmo com o coração despedaçado e a alma sem esperança alguma, ela faria de tudo para que aquele sol brilhasse, mesmo que custasse sua própria vida.

✓ veneno ── infinity warWhere stories live. Discover now