nove.

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TERRA, ANTES DO ESTALO.

Steve Rogers viu a notícia de que Tony Stark havia desaparecido após o ataque extraterrestre na televisão velha de um hotel que, se ele fosse avaliar criticamente, não teria nem mesmo uma estrela.

- Steve, vem ver isso. - Sam o chamou, interrompendo o seu banho. Se apressou em sair da água e vestir a calça o quanto antes. Quando chegou para ver o que Wilson tinha de tão importante para mostrar-lhe,seu queixo caiu. A foto de Stark estava estampada em todos os canais, acompanhada de vídeos amadores da batalha que aconteceu em Nova York horas antes.

- Ele foi levado?

- Não confirmaram nada, mas ele desapareceu. - Sam murmurou. - Steve, ele pode muito bem ter-

- Não, eles o levaram. - Rogers o interrompeu, virando-se para procurar algo em suas coisas. Um celular.

Se algo havia acontecido com Tony, havia alguém para quem o Capitão América precisava falar. Margo Alessio.

- Ela não vai atender. - Natasha disse, entrando no quarto de repente, como se já adivinhasse os pensamentos de Rogers. A loira arrancou o controle da mão de Sam e mudou o canal da televisão. No canal onde ele parara, era transmitida uma gravação que mostrava, claramente, a morena junto à Stark. Parecia mais perdida e confusa do que os outros dois homens que lutavam ao lado do Homem de Ferro mas, ainda assim, ajudava na tarefa de afastar civis do local onde o conflito acontecia. Steve não se surpreenderia se soubesse que ela usava seus poderes para incluenciá-los a fugir mais rápido. - Também desapareceu.

- Por que só estão noticiando o Tony? - Steve tentou, falhamente, esconder o desespero em sua voz. Por muito tempo, as coisas se mantiveram em ordem. Em partes, pelo menos. Aqueles que assinaram o contrato mantiveram-se em seus lugares, em paz. Aqueles que não assinaram... Bom, passaram a esconder-se de cidade em cidade, país à país.

E bastou um único ataque para tudo sair completamente do eixo.

Steve xingou mentalmente. Merda. Diante de uma ameaça daquelas, deveriam estar juntos. Quem quer que fossem aqueles seres e o que quisessem na Terra, os Vingadores deveriam ter enfrentado aquilo lado a lado. Não como equipe, mas como família.

Mas famílias não ficavam separadas por tanto tempo. Ficavam?

- Teoricamente, ela é uma desconhecida. - Sam deu de ombros. - Perto de quem o Tony é, pelo menos.

- Onde quer que estejam, estão juntos. - O Capitão suspirou, jogando o cabelo úmido que lhe caía sobre o rosto para trás. Não sabia se aquele era um fator positivo ou negativo, mas torcia para que ambos estivessem bem. - Nat, tente falar com Wanda ou Visão, precisaremos deles para fazer algo a respeito.

- Já tentei. Visão está offline e Wanda não atende o telefone descartável. - Romanoff murmurou, sabendo que aquilo apenas aumentaria o nervosismo de Steve.

E foi o que aconteceu. O loiro soltou um suspiro frustrado e saiu do quarto. A Noruega tinha um clima frio naquela época do ano, mas ele não vestiu qualquer agasalho sobre a camiseta branca e a calça jeans para enfrentar o vento gelado que o atacou do lado de fora. Mas pouco se importou. Desceu as escadas e andou alguns metros até uma pequena praça, quase deserta, se não fosse por algumas crianças brincando nos escorregadores e balanços do local. Não havia qualquer adulto por ali, e também não era necessário. A Noruega não tinha o título de lugar mais seguro do mundo por nada, afinal.

- Oi, Margo. - Steve disse ao telefone. Gravar uma mensagem de voz para a caixa postal de uma pessoa desaparecida lhe parecia patético, mas era o que lhe restava. - Eu vi as notícias. Espero que esteja bem, assim como Tony. Onde quer que estejam, se receber essa mensagem, eu preciso que me responda. Eu não sei, peça para Tony esquecer toda a confusão entre nós e me responda. Não acho que seja o momento certo para manter as mágoas. Eu... Eu acho que é isso. Você foi incrível, ajudando as pessoas.

Rogers enviou a mensagem e guardou o telefone no bolso, soltando um longo suspiro. Esfregou as têmporas, tentando minimizar a dor que atingiu sua cabeça como um caminhão.

Perguntou-se como Alessio havia ficado, desde a última vez que a vira, quanto tentou convencê-la a fugir com ele, Sam e Natasha. Queria saber como havia lidado com os próprios poderes, se havia os controlado ou ainda tinha os mesmos colapsos de antigamente.

Não houve um dia sequer que ele não teve a vontade de ligar, ou aparecer no apartamento de Margo.

O loiro repassou a imagem da morena que vira na televisão em sua mente. Ela havia mudado o corte de cabelo, deixando-o mais curto, e parecia mais magra do que a última vez que a vira. Ainda assim, mesmo tensa durante a filmagem, ela parecia determinada a retirar todas as pessoas dali em segurança.

Nem um pouco parecida com a Margo Alessio que os Vingadores conheceram durante o conflito em Sokovia, juntamente com os gêmeos Maximoff. Rogers lembrava-se bem da primeira vez que tiveram um contato com as habilidades dos três aprimorados - não muito agradável, aliás. Pietro era rápido, ok. Wanda, controle mental, certo. Mas Margo?! Alessio não possuía apenas o controle mental, mas também a capacidade de transportar alguém, mesmo que não completamente, entre o espaço-tempo, sem que essa pessoa tivesse a menor chance de se defender.

Desde o início, Margo era uma ameaça potencial não apenas para os Vingadores, aqueles que lhe foram apresentados como inimigos, mas também para a própria HYDRA, e qualquer pessoa que se aproximasse demais. E demorou para que ele entendesse o porquê. Demorou para que entendesse que, quando se há o conhecimento de todo o espaço-tempo - mesmo que não saiba da posse de tal conhecimento -, é difícil para a mente humana, mesmo as aprimoradas, saber por si mesma onde e quando está. Demorou para que entendesse que, todas as vezes em que Margo acordava confusa, com a sensação de ter sido chamada por sua mãe, como se a mesma estivesse viva, era porque ela realmente esteve com a mãe viva enquanto dormia.

Demorou para que entendesse que Margo nunca estava em um único lugar de uma única vez. E, quando finalmente entendeu, já era tarde demais. O conflito interno entre os Vingadores havia se iniciado, e Rogers e Alessio estavam de lados diferentes. Não houve nada que ele pudesse fazer. Talvez não houvesse, mesmo que ela se mantivesse por perto, mas, pelo menos, ele poderia tentar.

- Steve. - Natasha apareceu, o arrancando de seus pensamentos. - Achei que estaria aqui. Sempre está aqui.

- Aparentemente, esse é um dos poucos países que podemos sair tranquilamente pela rua sem o medo de sermos presos. Tenho que aproveitar isso.

- Também é o único país onde você pode respirar ar fresco, e pensar no que deixou para trás sem ser incomodado. - Romanoff completou, fazendo o maior erguer uma sobrancelha. - Você não me engana. O vi gravando a mensagem. Sei que sente a falta dela, e gostaria de estar por perto para ajudá-la.

- Alessio é uma das pessoas mais fortes, nunca precisou da minha ajuda. - Balançou a cabeça. E não era uma mentira. Qualquer pessoa menos capaz teria enlouquecido, se passasse pelo que ela passou. - Mas eu estaria mentindo se dissesse que sempre estive disposto a carregar parte do peso que ela carrega, para que não fosse tão pesado.

- Nenhum de vocês estavam prontos, naquele momento. - A Romanoff esboçou um sorriso solidário em seu rosto, escondendo as mãos frias dentro do casaco grosso que usava sobre a roupa de frio. Steve já não sabia ao que ela se referia com aquelas palavras. - Sei onde Wanda e Visão estão. Com sorte, chegaremos lá pela noite.

Rogers respirou fundo e assentiu, esfregando os olhos antes de se levantar. Não podia ficar parado, esperando que Tony ou Margo dessem notícias. E não o faria.

✓ veneno ── infinity warWhere stories live. Discover now