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Meu filho aguenta,
Quem mandou você casar,
Com essa mulher de fases.
(Mulher de Fases - Raimundos|Adaptado)

Julia

Encaro a juíza, e ela me encara de volta. Acho que ela não percebe minha dor de cabeça, o que é bom. Manter uma postura dá créditos aos meus clientes, que, por quase sempre serem inocentes acusados, não têm nenhuma.

— Declaro o réu inocente. — ela diz, finalmente, no final do discurso para inocentar o meu cliente.

Solto a respiração. Junto meus lápis e meus papéis, calço meus sapatos e caminho até o advogado de acusação. Cumprimento ele, e, após finalizar tudo deste processo, vou para fora com o meu cliente.

— Muito obrigado, Julia. Não sei o que eu faria se não fosse você.

— Lavaria a privada da prisão. — sorrio, e ele sorri também.

— Sim, eu acho. — eu tenho certeza — Não achei que alguém fosse capaz de provar minha inocência. Eu estava tão na merda que nem imaginei que seria possível.

— Nada é impossível quando a verdade está ao seu lado.

Este é o meu lema de vida, e a razão pela qual eu só trabalho com gente honesta. Ao menor sinal de mentira, pulo fora. Sou uma péssima mentirosa, como a minha mãe diz, e essa é uma razão para eu não ter seguido a carreira dela.

Entrego um cartão meu ao cliente, e digo que me ligue se precisar. Vou direto para a firma, então, e passo pela recepção direto, ouvindo a recepcionista chamar o meu nome.

— Não tenho tempo agora, Bailey, tenho um cliente agendado às três e nem almocei ainda. O que for, deixe um recado, verei na hora que der, prometo. Obrigada.

Vejo a mulher concordar com o que eu disse, mas é algo atrás dela que realmente têm minha atenção. Um homem bonito pra caramba. Inclino a cabeça, tentando ver um pouquinho mais, mas a porta fecha. Foi bom enquanto durou.

Passo pelo Oliver e pelo Pierre, meus sócios, a caminho da minha sala. O Oliver é advogado familiar, tudo que envolve relações familiares ele está disponível para, de heranças a divórcios; o Pierre, em seu lugar, é advogado trabalhista e um francês irritante na maior parte do tempo.

— Julia. — o francês diz com aquele sotaque que muda meu nome — Você tem tempo pra tomar um café?

— Eu sempre tenho tempo pra tomar café, querido. No dia que não tiver, declare o fim do mundo.

Digito no meu computador enquanto ele busca o café. Ao voltar, o Oliver vem junto, e eu franzo o cenho para eles.

— Minha sala não é refeitório.

— Nós sabemos. — o bonitão aponta a placa atrás de mim, com os dizeres "proibido comer" e depois sinaliza ele e o francês — O que estamos fazendo aqui é diferente. Acabou que o único tempo que você tem disponível é o que você escolhe acabar com o café da cafeteira, por isso estamos aqui agora.

— O que foi, Oliver? Sua irmã matou alguém?

— Não. Há um homem lá embaixo dizendo que se casou com você. Eu não vou nem começar um discurso de quão irresponsável isso é, só quero que você...

Quando em VegasWhere stories live. Discover now