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Por um minuto eu pensei que o mundo era nosso,
Tudo que você tinha que fazer era me mostrar amor.
(Show Me Love - The Wanted)

Julia

Quando eu tinha dezesseis anos, tive um namorado de verão. O primeiro namorado da minha vida. Tinha viajado para a Califórnia sozinha, após quase deixar a Marnie louca porque não queria ir para a casa de campo da família em Montana. Eu ia estragar as fotos da família perfeita se não estivesse lá, mas aí ela viu que se me excluísse aos poucos da família, tudo seria como queria.

Eu ajudei bastante quando voltei da Califórnia. Estava grávida. Por essa razão e por outras, eu fui expulsa de casa. Liguei para o pai do bebê na hora que me estabeleci na casa do meu agora sócio, no campus da universidade que cursávamos, e o Kyle imediatamente voou para Cambridge, Massachusetts, o que foi mais que eu poderia pedir de alguém que não consegue nem entrar em um avião sem estar dopado.

Porém, o destino só queria me fazer ser expulsa de casa mesmo. Tive um aborto espontâneo doze horas após descobrir estar grávida. Dizem as más línguas que Kyle McHerthy nunca derramou uma única lágrima na vida, mas eu vi ele chorar muito mais que cem. Tentamos ter um relacionamento em seguida, mas ele era uma pessoa pública, e eu uma estudante sonhando em aplicar a lei em todos. Não deu certo, obviamente, e algumas outras razões contribuíram para isso.

Muitas vezes, porém, me pego pensando se seria tão pior que estar com o Dustin. As poucas vezes que saímos juntos aqui em Washington, foram direto para as capas de revistas. Ninguém sabe quem sou eu, e felizmente o meu rosto não aparece em nenhuma das fotos e eles procurarão por mim aqui, quando, com sorte, já estarei em Atlanta. Só que essa nem é a pior parte.

Ele está escondendo algo grave de mim. Acha que não percebo o tique nervoso na pálpebra direita, o modo como mexe os dedos e o leve movimento do queixo quando está mentindo. E toda vez que sequer olha para mim, ele faz os três. Eu só sorrio e finjo que está tudo bem, mas sinto que não está e sei que é coisa grande. Por isso, passo o dia de hoje todo longe dele. Se não quer me falar, não vou pressiona-lo com a minha presença.

— Preparada para o baile de arrecadação de fundos hoje? — a Amy pergunta ao voltar para a espreguiçadeira ao meu lado.

Felizmente o Michael está organizando o baile com a Marnie e o marido dela.

— Muito preparada. — digo, com toda a animação que não existe no meu corpo.

— Você vai sobreviver, pra variar. O Dustin está com você dessa vez.

Passo a página do livro que estou lendo.

— Não tenho certeza se isso é uma garantia de sobrevivência. — não dou mais detalhes, porque nunca dei mesmo, pra quê começar agora com algo que eu não entendo.

— Achei que você não tivesse percebido o quão estranho ele está, e não estou falando da gripe que fez ele dormir até o início da tarde ontem. Já fez isso antes?

Ergo os olhos do livro.

— Não faz nem seis meses que nos casamos, Amy. E no primeiro mês ele ficou me procurando para pedir o divórcio. No final das contas, é o que vai acontecer, e eu nunca mais vou saber dele.

— Isso não tem que acontecer.

— Eu sou a outra. — faço com que não reste dúvidas com o meu tom.

Quando em VegasWhere stories live. Discover now