Dustin
É estranho dizer isso, mas em todos os meus vinte e poucos anos de vida nunca pisei em um hospital num feriado. É estranho não sentir o cheiro de canela e açúcar do Natal ao acordar, mas não consigo sentir falta, porque a primeira coisa que os meus sentidos captam ao despertarem é a respiração da Julia. Ela está viva, o que mais posso querer? Os médicos não autorizaram a saída dela ainda, e apesar de ser estranho, reclamar é a última coisa que farei.
— É claro que você já acordou. Será que algum dia eu terei o prazer de acordar antes de você e poder dizer isso?
Viro para ela.
— Bom dia, Juzinha. Espírito de Natal sempre presente, é assim que é bom.
Ela grunhe.
— Já é hoje? Não gosto da ideia de passar o Natal aqui. Não posso dormir o dia todo e fingir que sou uma herdeira com isso.
— Não, mas você pode ver um filme de Natal comigo. Tem um monte na televisão, pode até escolher.
— Por que isso está soando estranho?
— Porque, na verdade, há visitas chegando. A Julie, o Oliver, nossas sobrinhas...
— Pode parar por aí. Quando foi que eu te dei o direito de adotar as minhas sobrinhas? E não precisa responder. A resposta é nunca.
— Elas me escolheram, não o contrário. Ouvi tanto "tio Dustin" nas últimas semanas que alguém poderia imaginar que eu tenho um irmão perdido.
Ela bufa e eu mordo o lábio pra não sorrir tanto.
— Você está com ciúme das nossas sobrinhas, que fofo, amor.
— Eu ainda não decidi se vou continuar sendo sua esposa, elas não são as suas sobrinhas.
— Entendo que o seu ciúme seja tamanho que você esteja pensando em se divorciar de um homem incrível, mas isso não mudará nada. A Holly até mesmo fez um desenho pra mim.
O bufar dela agora é raivoso.
— Ela só fez um desenho pra mim depois que fez para todas as outras pessoas que conhece. O que você tem que eu não tenho?
— Acho que ninguém mais na minha frente na fila dos desenhos.
Ela abre a boca pra reclamar, mas a porta abre e o que acho que é a Holly coloca a cabeça na fresta.
— Tio Dustin? — ela sussurra.
— Já acordei, Holly. O seu pai está onde?
— Harlow. Ele está vindo, eu vim na frente porque queria te contar do meu sonho sem que a Holly contasse o dela com um unicórnio no meio. Nada contra unicórnios, mas eu preciso te contar o meu. — acho engraçado o linguajar adulto que ela usa, mas sei que deve estar só replicando alguém.
Vejo a curiosidade da Julia, mas a menina nem olha para ela. Me abaixo para ouvir, já que é segredo.
— A tia Julia estava com um barrigão igual o da tia Lauren. A mamãe disse que aquilo é um bebê. A tia Julia engoliu um bebê também?
YOU ARE READING
Quando em Vegas
ChickLitJulia é uma das advogadas mais requisitadas do estado da Geórgia, e tem uma reputação a zelar pelo bem dos clientes. Mas uma viagem de trabalho a Las Vegas pode ter colocado tudo em risco, porque Dustin McReynolds, um dos cantores mais famosos do ro...