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Julia

Todo o papo daquele maluco sobre casamento me fez ficar com fome. Casamentos me lembram as festas deles, e todas que fui só saí depois de comer de tudo, então não hesito antes de pedir comida no carro. Programo meu horário para chegar enquanto a comida ainda está quente, e chego assim que o entregador sai. O porteiro levanta quando me vê.

— Dona Julia, preciso te parabenizar por aquele caso de Vegas. Você foi fenomenal no convencimento do juiz.

— É o meu trabalho, Vinny, mas obrigada.

— Você teria um tempo para sair essa noite? Quero te perguntar algumas coisas sobre certos temas. Do trabalho, claro. — acrescenta rapidamente.

Sopro uma mecha de cabelo para fora do meu rosto, tentando me lembrar da última vez que tive um tempo pra sair de noite. Ah, claro. Las Vegas, há algumas semanas. Onde eu conheci aquele... bem, aquele maluco era o cara de Vegas?

— Hm, não. Tenho algumas coisas para resolver hoje, muitos casos para estudar, e preciso planejar minhas próximas férias antes que eu surte.

— Sim, claro. Nas suas férias então, você pode me chamar. Estou sempre disponível.

Encaro o menino. Ele é legal e tudo mais, mas eu sei que ele não quer só uma conversa sobre trabalho e isso é tudo que posso dar. Digo que verei minha agenda, e sigo meu caminho. Na espera do elevador eu desabotoo a blusa, e a minha pasta quase vai parar no meio do saguão quando escuto.

— Julia Marnie Rutherford, pare de fugir de mim.

É o estranho, que também é o cara de Vegas. Que certamente é um stalker, se sabe onde moro e o meu nome quase todo. Como o Vinny deixou ele entrar?

— Você esqueceu o Olligan. Julia Marnie Olligan Rutherford. Suas pesquisas sobre mim são falhas, o que é... bom? Não tenho certeza, já que você provavelmente não parará por aí.

Ele tira um papel do bolso.

— Você só assinou Marnie, Julia.

— Bem, eu gosto de irritar quem me deu ele, e meu nome é muito grande para alguém tão pequena, então fiz uma escolha. Guarde suas pesquisas sobre mim para o tribunal, no dia que você for preso por... hm, não tenho certeza. O que você planeja fazer comigo?

Ele rosna. Como um animal. É um pouco cômico e um tanto aterrorizante. Mas eu continuo no mesmo lugar, porque, apesar do cara ser alto e forte, já enfrentei coisa pior. Minha cara de tédio é uma marca registrada quase.

— Tudo que eu quero é que você, senhora "eu minto pra tirar pessoas perigosas da prisão e ficar rica", seja responsável e veja este papel, para me orientar como proceder então.

Levo a mão ao peito, fingindo ofensa.

— Quem disse que eu minto? Não me meto com mentirosos. Só trabalho com inocentes, querido. E você nem me pagou nada, então não se ressinta pelo meu trabalho ser caro. Os meus clientes não o fazem, posso garantir.

Preciso dizer que só não entrei no elevador e deixei ele falando sozinho mais uma vez por não ter como entrar. Ele sabiamente bloqueou a porta.

— Veja o papel, Julia. — o tom de voz dele é ainda menos amigável dessa vez.

Arranco o papel da mão dele, e engulo em seco.

Quando em VegasWhere stories live. Discover now