Julia

Sair do trabalho com neve cobrindo as ruas não é exatamente o tipo reconfortante de volta para casa. Janeiro ainda é inverno, mas isso não necessariamente significa neve. Eu odeio a neve, porque é somente um monte de água que fica suja facilmente por ser fácil pisar em cima e que faz com que usemos roupas quentes. O que eu deveria esperar do meu marido que viveu os últimos anos todos na Califórnia porém? Ele está pegando as cartas na caixa de correios, de shorts e camiseta e fica feliz e tenso ao me ver.

Paraliso. Da última vez que vi uma expressão assim no rosto dele, o final foi o divórcio que acabei de jogar as tirinhas de papel na reciclagem do escritório. Se pedir o divórcio de novo agora, eu mudo para a Nova Zelândia e deixo ele lidar com tudo sozinho.

— E então? — digo, depois de horríveis trinta segundos de olhares trancados.

— E então o quê?

— O que você quer?

— Não estou entendendo, Julia.

— Você está me olhando como me olhou quando terminou comigo. Vai terminar de novo? Pode pelo menos deixar comida congelada para mim?

Ele entorta a cabeça e me analisa.

— Julia, eu pareço ter perdido o cérebro? — considerando o shorts neste frio... — Nunca deixarei comida congelada para você, porque estarei sempre presente para fazer comida fresca. Além do mais, você consegue queimar a comida congelada. Um incêndio é sempre catastrófico.

Sigo ele para o elevador, confusa.

— Por que você ficou tenso ao me ver, então?

— Porque eu recebi uma intimação da gravadora para finalizar os meus projetos antes de cair fora de vez, mas eu já cancelei o meu contrato com eles e paguei as multas e moras. Eles podem fazer isso?

— Não, você não é mais funcionário deles. Se você quiser, posso pegar o caso, você só teria que pagar muito bem.

— Você quer mais do que já dou? Acha que sou o quê, uma máquina? Eu deveria ter me casado com o Pierre, sabia disso. Ele já pegou o caso, prometeu não cobrar muito caro se eu continuasse fazendo você beber menos café.

— E ele sabe o que me acorda tão cedo?

Procuro a chave na minha bolsa, mas ele balança a dele diante dos meus olhos e eu fico aliviada. Faz semanas que encontro a porta aberta ao chegar, e isso fez a minha chave precisar de uma busca profunda para ser encontrada.

— Sim, eu contei até minhas medidas a ele. Todas.

— Você não fez mesmo isso.

— Claro que não. Esse é o tipo de conversa que é tida desde nunca antes de Cristo na vida adulta. Nenhuma pessoa crescida conversa sobre o tamanho do próprio órgão reprodutor com o amigo da esposa... ou com alguém que não um médico, que eu saiba.

A porta do apartamento ao lado abre ao mesmo tempo que eu consigo destrancar a minha. O senhor que mora lá sai, arrastando um saco de lixo.

— Criança, você pode apenas dizer o nome vulgar, órgão reprodutor assusta mais. — o velho resmunga.

O Dustin acena para ele.

— Como vai, senhor Dutton? A coluna melhorou?

— Não muito. Se eu fosse você, aproveitaria a sua enquanto ainda dá tempo, e enquanto a reprodução ainda é uma coisa na sua vida.

Quando em VegasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora