18

3.4K 445 36
                                    

Eu joguei fora minha armadura,
E deixei o campo de batalha,
Para o tempo final agora,
Eu sei que estou correndo de uma zona de guerra.
(Warzone - The Wanted)

Julia

Dirijo sem parar, a adrenalina permitindo que as dez horas passem sem que eu veja. Estaciono só no prédio da firma, exausta, chateada e triste por eu ter confiado em alguém que eu sabia que não deveria. O Oliver está estacionando o carro, então eu pulo do meu e me jogo nele, que se assusta.

— Julia? O que você está fazendo aqui?

— Eu trabalho aqui.

Ele faz com que eu o solte e me coloca no chão.

— Você sabe que não é disso que estou falando. Não é nem dia 20 ainda, você só volta no final do mês todo ano, não importa o quê. O que foi?

Balanço a cabeça.

— Nada.

— É? Cadê o Dustin, então?

— Espero que na Califórnia. Ele vai voltar com a noiva.

— Ê por isso que você está chorando? — ele esfrega as lágrimas para fora do meu rosto.

Caminho até a parede espelhada.

— Não estou chorando, de onde isso está saindo?

— Tá tudo bem você chorar, Juzinha. Um babaca foi babaca com você. Eu também choro por isso, quase todos os dias, aliás.

Balanço a cabeça.

— Não Oliver, eu não estou chorando. Será que estou morrendo? Nem pensei no que colocar na minha cova! "Aqui jaz uma salvadora de inocentes"? Glorioso demais. Talvez...

— Julia! Você não está morrendo. Pegou alguma doença? Alguém estava doente? Seu abraço estava mais quente que o normal, pode ser isso.

Lembro que o babaca estava meio mal ontem, por isso ficou no quarto.

— Filho da mãe. — xingo. — Não bastava me dar um pé na bunda, tinha que deixar uma lembrança também. Estou bem, no entanto. Tenho que ver uma atualização sobre o caso do Patrowski, aparentemente alguém foi condenado há poucas horas. E se foi quem estou pensando, é pena de morte.

— Pé na bunda? O que o Dustin fez com você? Devo conseguir uma ordem de restrição?

— Ele foi honesto, o que mais eu iria pedir? Acabou. Como tudo acabará um dia. É como a vida é, não é? Uma grande ilusão de começos, que na verdade são fins inevitáveis.

— Você está fazendo aquela coisa de dizer coisas nada a ver que faz quando está muito mal. Tem certeza que consegue trabalhar assim?

— Tenho que conseguir. Não tenho mais nada na minha vida além do trabalho.

~~~

A vida além do trabalho é uma grande merda. Ser traída é horrível, mas alguém já ouviu falar de não conseguir mudar de canal em uma cena nojenta enquanto tudo que o seu estômago faz é ser o maior traidor do século, jogando toda a comida para fora? Acho que a última vez que fiquei tão doente foi quando eu tinha três anos e meu pai teve que se espremer na cadeira do hospital pra ficar comigo.

Na hora que o Pierre me viu dormindo na minha mesa, não aceitou o fato que dei sobre ter passado a noite dirigindo. Ele me tirou da cadeira para me levar no hospital. Eu me segurei na porta. Ele fez cócegas em mim e me arrastou para o elevador. Foi quando eu comecei a chorar, porque odeio hospitais. Encontrei a senhora Dennis, que foi a primeira cliente que consegui remarcar no caminho de volta, no saguão. Ela bateu no Pierre com o guarda-chuva, sabendo que ele estava me fazendo mal.

Quando em VegasWhere stories live. Discover now