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Dustin

Hoje faz um mês e meio que me casei com a Julia. Apesar de todas as questões com a Nara, que fez de um modo torto todos os colegas de trabalho dela me odiarem, não posso deixar de zoar com a minha esposa, já que me deu uma joelhada que me deixou na cama por um dia inteiro há poucos dias, e mando um monte de balões para o escritório. Como se não tivesse feito nada, apareço lá na hora do almoço, e encontro uma Julia de chapeuzinho pontudo, e possessa.

— Qual é a do chapéu? — aponto, me esgueirando por entre os balões.

— Meus sócios. Que merda. Meus Deus, que merda. Eu odeio a minha vida. — ela aperta o teclado freneticamente.

Dou um passo para trás. Não é como se fôssemos todos sorrisos um com o outro, e muito menos amorosos, mas não sabia que havíamos chegado ao ponto "merda" e ódio da vida. Achei que tivéssemos nos tornado, hm, amigos.

— Julia, se você quiser que eu vá embora, é só me dizer, mas diga diretamente.

Ela olha para mim, faz careta, volta ao computador, então para. Ergue o olhar para mim, e balança a cabeça.

— Como você é burro, cara. Não estou falando de você ou do nosso casamento, apesar que foi ele o responsável por essa situação deplorável em que eu me encontro.

— Dificilmente eu chamaria um chapeuzinho e balões de "deplorável", mas cada um com a sua opinião. — dou de ombros, sento na cadeira dos clientes e escorrego o bolinho que eu trouxe para ela.

Ela morde metade e limpa os farelos da boca, engole e explica.

— Não, Dustin. Deplorável é sofrer tentativas constantes de um hacker que acabei de saber a provável identificação, e tudo indica que é um babaca que, como você, acha que eu trabalho para o crime e não contra ele, e também como você, quer me matar de raiva.

— Você não está achando que eu fiz isso, está?

Ela me olha com puro ódio.

— Eu literalmente acabei de dizer "como você", o que indica que suspeito de um terceiro, o que te faz achar que eu vejo você como culpado? Ou você tem algo para me dizer?

Balanço a cabeça.

— Nada. Voltamos ao estágio um, então, hm? Você me odeia, eu tento te mostrar que não vou te machucar, tenho que provar que não vazei nada seu para ninguém, e todo o resto.

Meu suspiro cansado é emitido ao mesmo tempo que o suspiro resignado dela, que clama baixinho por paciência.

— Vem cá, eu pareço uma pessoa tão amarga assim? Eu não odeio a sua existência, exista à vontade; odeio a situação que você me colocou, isso sim. Que droga! — ela grita para o computador.

Me levanto para ajudá-la, mas paro ao processar o que disse.

— Eu coloquei? Você poderia me explicar como?

— A sua fama. Eu te disse muitas vezes que o meu nome não é objeto para revistas brincarem, não é tão difícil entender. Se não foi você, alguém descobriu. Não está nos sites, mas só sofrer uma tentativa de ataque já é preocupante. Eu não sei o que fazer.

Ela encosta a testa na mesa, e fica. Empurro ela gentilmente para o lado, e avalio o site dela, que foi completamente vandalizado. Ajeito o que posso, até ouvir um som estranho.

— Você está chorando? — pergunto preocupado.

— Não. — mas ela totalmente está.

Esfrego as costas dela com uma mão, e ajeito o site com a outra. Como um ato bêbado em Vegas destruiu tanto de nós, eu não faço ideia. Termino com o site e seguro os braços da cadeira dela.

Quando em VegasWhere stories live. Discover now