4

5.6K 640 149
                                    

Julia

Ser uma advogada com uma certa fama no mundo dos inocentes me faz ser muito procurada por um monte de culpados. Na cabeça deles, se eu os defender publicamente, a mídia julgará que são inocentes e assim ficarão livres dos cliques das câmeras enquanto continuam cometendo crimes por aí. É uma coisa maluca e cansativa. Principalmente quando se precisa lidar com um marido que abomina o seu trabalho, mas não fica longe de você. Até tive que pedir para o meu secretário passar a comprar almoço para ele também, já que alegou ter perdido o voo por causa de uma reunião com o Oliver e não ter conseguido remarcar com a companhia aérea ainda.

Ameacei processar a companhia por ele, e disseram que demora até uma semana para remarcar. Ele disse que disseram para ele que demorava até duas semanas. Dei de ombros e falei:

— É para isso que serve o estudo da lei.

Ele revirou os olhos, e não agradeceu. E continuou frequentando o prédio como se tivesse sido convidado. Cansada do vai e vem dele na frente da minha sala, resolvo não pedir comida e levar ele para fazer alguma coisa antes que me enlouqueça. O Pierre ergue as duas sobrancelhas ao me ver indo para os elevadores acompanhada, ainda que esteja conversando com um cliente no celular. Ergo o dedo do meio para ele, que me dá um sorriso de muitos significados.

— Eu nunca fiquei muito na Geórgia, o que vocês têm para comer aqui?

— Comida. — respondo, conversando com um cliente por mensagem.

— Jura? Uau, é um lugar inovador mesmo. Na Califórnia temos tacos e tudo da culinária mexicana.

Assinto, desinteressada. Já fui na Califórnia muitas vezes. Saio do elevador ainda ocupada com o cliente, e trombo em alguma coisa. Olho para o Dustin parado na minha frente.

— Você não para de trabalhar nunca?

— Não. — sorrio, desvio dele e continuo andando enquanto converso com o cliente.

Com os passos gigantes de alguém bem mais alto que eu, ele se coloca à minha frente.

— Isso não é saudável.

— Certo, doutor, saudável é beber até ter amnésia alcoólica?

Ele estreita os olhos para mim.

— Não se justifica um erro com outro erro. Vamos comer e conversar um pouco, conhecer um ao outro já que estamos presos nisso, que tal? Sem o celular.

— Não estou interessada na sua vida de famoso.

— Eu não sou só famoso. Faço outras coisas.

Resolvo aceitar, mas me arrependo disso quando ele pergunta ao sentarmos no restaurante:

— Então, o que te fez querer trabalhar no mundo do crime?

— O desejo de morrer. — ele arregala os olhos — Ué, o mundo do crime não é isso? Se arriscar e tudo mais? Foi o que você fez parecer.

Ele reformula a pergunta ao ver que estou sendo irônica.

— O que fez você querer trabalhar com advocacia?

— Crescer em uma grande mentira, assim eu posso fazer a verdade vir à tona.

Percebo o movimento incomodado dele, e lembro que ele acha que sou uma mentirosa de primeira.

— Dustin, deixa eu te explicar uma coisa sobre o meu trabalho. Eu não posso mentir nele. Se eu mentir, isso vira contra mim, mais cedo ou mais tarde. Ainda que na sua cabeça eu minta para libertar a... como você chamou mesmo? Escória? Eu não posso usar da mentira para defender alguém.

Quando em VegasHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin