CAPÍTULO 3-O CASTIGO!

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Daniel acelerava a moto cada vez mais, enquanto a cabeça girava a mil por hora e o coração parecia que iria sair pela boca!

A mãe morta, a polícia chegando e vendo ele com a faca na mão...  ele deixando Cléber pra trás (como pudera abandonar o seu amado de forma tão covarde pensando apenas em si mesmo???), apesar de ter ouvido um tiro que ele tinha certeza que acertara no seu namorado!

Será que eles pensariam que ele matara a própria mãe?

O som do tiro ainda ecoava em seus ouvidos, sobrepondo-se ao som do motor da moto, até que um outro som se fez ouvir atrás dele.

A sirene do carro da polícia pareceu rasgar seu cérebro como um grito de urgência e alerta!

Daniel acelerou mais ainda a moto e virou numa rua lateral que o levaria para longe do centro da cidade. Notou que o carro da polícia aumentava a velocidade e que o seguia rapidamente pelas ruas.

O rapaz tombou o corpo de lado numa curva perigosa até que a cabeça  quase tocasse o chão!

Sentiu que as mãos pareciam grudadas na direção na tentativa de manter a moto firme no asfalto.

O carro da polícia também acelerou mais ainda atrás dele!

O rapaz não soube por quanto tempo percorreu loucamente pelas ruas na tentativa de sair da cidade sendo perseguido por aquela viatura!

Rumou para uma região afastada, ao sul, na esperança de encontrar uma rota de fuga melhor!

Desorientado, não sabia realmente para onde deveria ir, não sabia como agir ou o que fazer. Só pensava que seria preso, que o namorado levara um tiro, que a mãe fora assassinada e que agora ele seria acusado de tê-la matado!

A ideia girava em sua cabeça como se fosse uma alucinação. Será que eles pensavam que ele a tinha matado? O pensamento se repetia na frequência de seu coração acelerado!

Não seria melhor parar, se entregar, jurar inocência, relatar os fatos, o grau de parentesco com a vítima...mas não...não estavam em um dos filmes que ele assistia com a cabeça no colo de Cléber!

Ele era o filho de uma puta, um filho bastardo de um pai desconhecido...era pobre, logo descobririam que ele era gay e que tinha um caso com o outro homem que estava na cena do crime! Estava no Brasil e ele sabia que não mais do que uma sentença padrão seria proferida em um tribunal com um advogado público, visto que ele não poderia pagar um advogado particular. O rapaz sabia que não se esforçariam em procurar provas que o inocentassem...e ainda haveria a acusação de resistência à prisão, fuga do flagrante, estar com a arma do crime na mão...tudo depunha contra ele!

Que júri absolveria um filho que mata a própria mãe covardemente, sem chance de defesa (ela estaria dormindo quando fora atacada?) em sua própria cama?

A cabeça de Daniel fervia enquanto ele tinha as vistas turvas pelas lágrimas embaçando seus óculos, o que o levava a percorrer aquela rota de fuga  totalmente às cegas!

Ele não saberia dizer se fora uma pedra no caminho, ou mesmo uma lombada que o fizera perder o controle da moto que tombou e o arrastou por alguns metros até que ele se viu deitado no asfalto!

Como em câmera lenta, ele sentiu como se o corpo ainda estivesse acelerado e ainda estivesse em movimento devido à velocidade em que se encontrava antes da queda. Ouviu ao longe o carro da polícia se aproximando cada vez mais até que cessara a sirene e parava próximo a ele.

Era tão estranho como o tempo passava desde que chegara ao quarto da mãe!

Parecia que não fazia sentido o homem chegar tão rápido até ele a ponto de nem dar tempo de conseguir se erguer para fugir. O corpo estava dormente e ele não saberia dizer se estava machucado ou não.

VOCÊ ME PERDOA, AMOR?-Armando Scoth Lee-romance gayWhere stories live. Discover now