CAPÍTULO 15-ESTREITANDO A RELAÇÃO

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Marta não voltou na casa por dois dias e, estranhamente, João sentiu-se mais relaxado por estar agora ao lado de alguém por vontade própria e não pela obrigação dos laços da paternidade.

Despido dessa obrigação, ele conseguiu estreitar amizade com Daniel, conversando com ele por longas horas, chegando a ler para ele ou mesmo o acompanhando em lentas caminhadas pelo andar de cima, o amparando, tentando que ele se sentisse mais forte para tentar andar com as muletas.

Sem entender como, João notou como Daniel se tornava cada vez mais próximo dele de outra forma que ele mesmo não saberia explicar.

O policial não queria que Marta voltasse, não queria que Daniel fosse embora, não queria que voltassem ao convívio de outras pessoas, pois queria que fossem só os dois e mais ninguém!

Desejo semelhante habitava o coração do rapaz, que também estava apreciando aquele convívio apenas dos dois, ali, naquela casa isolada.

Uma noite, João teve um sonho em que ao ficar esperando por Daniel na porta aberta do banheiro enquanto o rapaz tomava banho, ele não se limitara a ficar ali e entrara no recinto.

No sonho, João via que Daniel estava de costas, debaixo do chuveiro que exalava um vapor espesso que dava ao banheiro uma atmosfera totalmente mágica.

Aos poucos, João entrava no banheiro e se aproximava de Daniel. Quando chegou perto do rapaz, estendeu o braço e tocou o seu ombro. Daniel, sentindo o toque, virou-se lentamente e se mostrou totalmente nu para João!

De repente, João notou que também estava nu e que Daniel o tocava no ombro, depois no peito e que as mãos ensaboadas  iam descendo pelo seu corpo, enquanto a respiração se alterava, ofegante!

João  acordou assustado. Estava suado e notou que acabara de ficar totalmente excitado com a cena que sonhara!

Sentou-se na cama, mas não acendeu a luz, com medo de acordar Daniel que dormia na cama ao lado.

Fechou os olhos e tocou-se no escuro, sentindo que estava a ponto de enlouquecer de tesão.

"Devo estar ficando louco depois de ficar aqui por tanto tempo sem cigarro, bebida ou mulher. Só pode ser isso, meu Deus", concluiu. Deitou-se novamente e tentou esquecer o sonho que tivera. Não deu.

Sem que Daniel percebesse, ele se levantou em silêncio e foi para o banheiro. Fechou a porta devagar e olhou-se no espelho sem se reconhecer.

A imagem que lhe voltava do espelho não era a imagem do homem que trabalhava como policial.

Realmente, há quanto tempo não se reconhecia? Não era só a sua aparência que mudara, mas o seu íntimo também. No temor de repetir o tom de voz cheio de ódio que usara no cativeiro do rapaz, ele agora usava, na presença dele, apenas um tom de voz calmo e controlado.

Sem a agitação da profissão e a agitação da cidade, ele agora tinha uma dieta mais equilibrada e, como dissera Marta, era surpreendente como diminuíra a barriga adquirida após ter hábitos tão sedentários durante tantos anos.

Voltar ao cativeiro e descobrir Daniel ainda lá, fizera com que ele matasse tudo aquilo que julgava pecaminoso, sujo, nocivo...tudo aquilo que poderia assustar Daniel!

João  sentou-se no vaso sanitário e passou as mãos pelos cabelos tampando os olhos com as mãos e se inclinando para a frente numa tentativa de organizar as ideias.

Não sabia, mais uma vez, o que Daniel significava na vida dele agora e o que fazer com o rapaz. Não poderiam se esconder ali para sempre, naquele oásis que ele criara para fugir de tudo, inclusive de si mesmo!

VOCÊ ME PERDOA, AMOR?-Armando Scoth Lee-romance gayTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon