CAPÍTULO 16-JOÃO E DANIEL: A PRIMEIRA VEZ!

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Marta já chegou com a notícia de que iria se ausentar por alguns dias.

— Quer dizer que você viajará amanhã cedo? — perguntou João ajudando Marta a guardar as sacolas que ela trouxera. — Quanto tempo vai ficar fora? Porque se for olhar pela quantidade de coisas que você trouxe, eu diria que vai ser mais de um mês...

— Serão apenas dez dias, até acabar o congresso de obstetras, mas eu prefiro pecar pelo excesso. Além disso, eu quero que você varie o cardápio para ver se o Daniel come melhor. Ele está em recuperação e eu não quero que tenha uma recaída. E eu vou confiar na sua palavra de que não fará nada até eu voltar._disse séria.

A médica sabia que se não fosse tão importante e se não tivesse fechado o compromisso há meses, realmente faltaria àquele congresso para garantir a segurança de Daniel.

— Fique tranquila. Pode ter certeza de que vai nos encontrar exatamente onde nos deixou._disse João tentando disfarçar o entusiasmo.

Ultimamente, sentia-se como um adolescente contagiado pela juventude de Daniel! Marta chegava e ele tinha que ficar preso, contido, dissimulando um entusiasmo que nem ele mesmo saberia explicar! Era bom ficar sozinho com Daniel! Era bom sentir aquela intimidade apenas dos dois!

— É impressão minha, ou você parece mais tranquilo depois que ficou sabendo que ele não é seu filho?_questionou a obstetra.

— Claro que fiquei mais tranquilo e você sabe muito bem por quê.

— É, acho que ele está finalmente tocando o seu coração de pedra. Ele é uma ótima pessoa, Mau...João. — corrigiu Marta rapidamente. — Disse a ele que você irá levar os óculos quando subir. Não se esqueça disso, hein?! Ele está ansioso.

A médica saiu logo após o almoço, despedindo-se dos dois homens.

Novamente, João não se reconheceu ao observar o quanto estava tranquilo por estar sozinho com Daniel, sem a presença de Marta.

Parou por um momento na porta olhando o pátio. Tinha os óculos no bolso, onde colocara assim que pegara das mãos de Marta que já ia levar para Daniel.

Ela acreditou quando ele falou que queria fazer uma surpresa para Daniel e pediu que ela dissesse que os óculos ainda não estavam prontos.

Já tinha informado para ela que ele confessara que não poderia reconhecer o rosto de seu agressor, mas, mesmo assim, João  estava apreensivo. Será que ele não o reconheceria mesmo? Será que assim que colocasse os óculos ele não notaria que fora João quem o espancara?

Com um sorriso nos lábios  lembrou-se do sonho que se repetira mais duas vezes em que ele e Daniel se encontravam debaixo do chuveiro, muito íntimos, muito à vontade e muito felizes. Sabia que gostaria de estar perto de Daniel com segundas intenções, de uma forma libidinosa e que chegara a pensar em liberar aquele sentimento que ele suspeitava habitar em seu íntimo, abaixo de todo o machismo, de todo o preconceito, de todo o medo... 

Não, Daniel não lhe inspirava nada disso, assim como não lhe inspirava nada de negativo ou de pecaminoso ou de errado, agora que sabia que ele não era seu filho, agora que sabia que ele não o reconheceria talvez, agora que sabia que ele provavelmente o aceitasse com o mesmo prazer que  João o aceitaria. Afinal, também ele estava há tempos privado do contato de outro corpo, de outro toque, de outra intimidade com outra pessoa.

João ouviu um barulho e entrou novamente na casa. Surpreso, viu que Daniel descia cuidadosamente as escadas. Apressou-se em aproximar-se para ajudá-lo, mas ele o deteve.

— Não, deixe eu descer sozinho, João. Não era pra você ver. Eu queria fazer uma surpresa, pois descobri que consigo andar já sem as muletas e aí...

De repente, Daniel perdeu o equilíbrio ao mudar um passo e João avançou com agilidade, o pegando nos braços antes que ele caísse da escada.

João notou como ele estava assustado e ofegante.

— Nossa! Seria um tombo daqueles se você não tivesse me segurado, João. — o rapaz riu nervoso.

Um silêncio invadiu o ambiente. João sentiu que não queria soltar Daniel, que acabara de tomar banho. Um suave perfume exalava do corpo que se apoiava no policial.

Daniel ficou confuso e franziu os olhos tentando avaliar a face de João, piscando várias vezes, mas não conseguiu.

— João...já pode me soltar... — gemeu tenso.

— Eu vou te levar para cima. — disse João erguendo Daniel com agilidade nos braços e terminando de subir os degraus.

Daniel ficou sem voz quando percebeu como estava excitado estando tão próximo de João...tão perto de um homem depois de tanto tempo de abstinência. Tinha consciência de que os dois estavam ali sozinhos e que João logo notaria como ele estava excitado. Tentou controlar a voz quando falou, mas ela saiu rouca e ofegante, o traindo:

— Já pode...me...soltar...obrigado, João... 

Daniel pigarreou temendo que o policial  notasse como mexia com ele.

João  tornou-se ofegante também, percebendo como estava excitado diante daquela proximidade, daquela intimidade, da certeza de que os dois estavam ali sozinhos e que talvez fosse a última vez que Daniel o veria protegido pela nebulosidade da ausência dos óculos.

Só de pensar no risco que ele corria de ser reconhecido e odiado, já o deixava como se vivesse os últimos momentos de algo mágico em sua vida! 

Talvez aquela fosse a última oportunidade de ser visto pelo rapaz como um herói que o salvara do cativeiro, que o protegia...e não como o policial maldito que o espancara e o deixara numa cabana abandonada para morrer!

— João...por favor, cara...assim eu não consigo me controlar...sou um gay, esqueceu? — gemeu Daniel tentando falar normalmente._Acha que sou de ferro?

João olhava os olhos claros de Daniel a apenas alguns centímetros dos seus, contemplando como eles eram inocentes e como eles estavam inseguros e, até assustados imaginando que ele o rejeitaria depois daquelas palavras.

Os lábios, agora completamente curados, estavam úmidos, suaves, pareciam macios...

O policial enfiou o nariz nos cabelos de Daniel e aspirou profunda e lentamente, porém com uma urgência que logo o deixou sem controle.

— Pois então...não se controle, Daniel...não se controle!

João não se conteve mais também!

Naquele momento, foi como se o policial  jogasse tudo pra cima, como se ele entrasse de cabeça em uma situação totalmente louca e incontrolável, pensando que seria sua última chance de estar perto dele como amigos, parceiros, cúmplices, talvez...que logo ele estaria com os óculos e com o poder de identificá-lo e acusá-lo, rejeitá-lo...reconheceu o quanto seria doloroso perder a idolatria de Daniel que o via como um herói, para algo semelhante a um demônio e a um monstro!

Sentiu a mão de Daniel em seu membro, o massageando primeiro com lentidão e insegurança, depois, percebendo a aceitação de João, com urgência.

O ritmo louco invadiu Daniel de repente, que logo tomou o controle da situação e arrancou as roupas de João e o jogou na cama com rapidez, como se temesse que ele mudasse de ideia sobre o que queria naquele momento!

Os lábios de Daniel trabalhavam com agilidade e urgência no membro latejante e duro! João fechou os olhos e não se importou em gemer alto, agradecer a Deus, blasfemar contra o tempo que esperara para terem aquele momento, os comentários de satisfação e prazer que levavam Daniel a se esforçar para dar ao outro todo o prazer que ele sabia que poderia lhe dar!

Daniel sabia que João nunca ficara com um homem e isso o excitava por entender que caberia a ele mostrar todo o prazer de uma relação homossexual!

Os corpos se misturaram, as línguas trabalharam rápido e um chamava o nome do outro num apelo louco e cheio de desejo!

O êxtase não demorou e João pressionou a cabeça de Daniel para que ele não parasse e lhe desse o alívio que ele necessitava!

Quando Daniel finalmente se entregou para o policial, João percebeu que não tinha mais volta e que ele nunca mais iria querer fugir daquele rapaz!

VOCÊ ME PERDOA, AMOR?-Armando Scoth Lee-romance gayWhere stories live. Discover now