CAPÍTULO 4-AS COISAS SE COMPLICAM AINDA MAIS!

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O policial Maurício tirou a camisa ensanguentada e vestiu outro limpa que ele sempre carregava dentro da viatura, para esse tipo de situação. Depois arrancou com a viatura sem ligar a sirene e foi embora deixando o suspeito para trás.

Rodou até que encontrou um bar. Não conseguia esperar chegar em casa, não conseguia esperar para afogar aquela dor que invadia o peito que parecia ter um vazio enorme agora que sabia que sua amada Lúcia nunca mais estaria em seus braços, que ela nunca mais gemeria embaixo do seu corpo que a consumia cada vez com mais direito de posse pela amada!

Só ela sabia como ele gostava...que ele gostava que ela lhe arranhasse as costas, mordesse seu ombro e gemesse alto,  chamando o seu nome,  enquanto ele a penetrava...só ela sabia que ele gostava que ela dormisse com ele ainda dentro dela...só ela sabia que ele gostava de comê-la por trás, após comê-la pela frente...só ela sabia que ele gostava que ela o achasse tão atraente, apesar dele estar tão gordo, cabeludo, barbudo...um lenhador, como a ex-esposa recriminava! Mas Lúcia não...ela gostava dele daquele jeito...sem exigir nada...sem reclamar dele chegar a qualquer hora...sem reclamar dele chegar sujo e fedido...sem exigir que ele pagasse, quando ele não tinha levado a carteira...nunca haveria outra como Lúcia! Ela poderia ter sido apenas a sua puta um dia...mas agora ela era a sua mulher! A sua mulher!

Maurício se recriminava a todo momento desde que alguém telefonara anonimamente denunciando o assassinato! Se culpava  desde que vira a cena de Lúcia sem vida naquela cama, desde que repetira para si mesmo sem parar o que ele não conseguia responder: por que não cumprira a promessa que fizera a ela mil vezes de levá-la daquele lugar, daquele apartamento barato, naquele prédio duvidoso, naquela vida pobre que ela não merecia?

No fundo, ele sabia porque...porque a queria justamente daquele jeito mundano...naquele lugar mundano...tão diferente do seu antigo casamento todo certinho, com igreja, véu, grinalda, mesmo que Marta não fosse mais virgem, mas exigira aquela droga daquele casamento teatral de príncipe e princesa! 

Ele não queria mais aquilo...nunca mais! Não queria mais papelada, divórcio, sogra, convenções sociais...Agora seria só daquele jeito...procurar mulheres quando quisesse...do jeito que ele quisesse...a mulher que ele quisesse...e aí Lúcia foi ganhando cada vez mais  espaço em sua vida até se tornar a única! A única mulher em sua vida!

O policial virou um último copo de cerveja e pediu outro e outro e outro...e começou a apontar outras bebidas que estavam expostas e foi bebendo uma a uma...até que perdeu a noção de onde estava!

O dono do bar o aconselhou a parar várias vezes! O conhecia e temia que desse problemas deixar um policial se embebedar daquele jeito! Temia que ele começasse a atirar em todo mundo a qualquer momento!

Maurício soltou um palavrão e ameaçou mandar fechar o estabelecimento, por se recusarem a servi-lo, mas mudou de ideia e   arrastou-se para fora trôpego.

Já dentro da viatura, tentou ligar o carro, mas viu que não conseguiria dirigir naquele estado!

"Pra que a pressa?" pensou finalmente.

O maldito assassino de sua amada Lúcia estava algemado e podia esperar. Ele não iria a lugar algum!

A vingança era um prato que ele e o parceiro deveriam comer frio!  Desceu novamente, pediu um táxi e dirigiu-se para o próprio apartamento. Abriu a porta e despiu-se completamente, jogando as roupas sujas num canto.

"Ele teria o que merecia...o desgraçado  teria o que merecia...", repetia mentalmente para si.

Pegaria o telefone, chamaria o parceiro, voltariam àquela cabana abandonada e acabariam o serviço. Chegou a discar, mas nunca que acertava o número, pois estava completamente fora de si...bêbado!

VOCÊ ME PERDOA, AMOR?-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora