CAPÍTULO 23-DANIEL TEM UMA RECAÍDA!

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Daniel exigiu falar com a médica.

— Não acredito em suas palavras. Prefiro conversar eu mesmo com Marta. — disse Daniel estendendo a mão para o celular que João segurava.

Ligou para Marta, ignorando a aparência do outro que estava abatido e com olheiras denunciando a noite em claro.

Daniel teve que ouvir da própria Marta o relato de que pegara uma bactéria intestinal e que o médico a colocara no soro e de repouso por, pelo menos, uma semana. Ela não tinha como ir até eles senão daí a alguns dias. Pediu desculpas a Daniel, pois fraca do jeito que se encontrava, não poderia se arriscar a sair e dirigir.

Daniel desligou o telefone e suspirou resignado. Devolveu o telefone a João.

— Melhorou a perna?_o policial perguntou humildemente.

Daniel o ignorou como vinha fazendo naqueles dias. João trazia o café da manhã, o almoço, o lanche da tarde e o jantar. Deixava água e frutas. O rapaz mal olhava para o policial e não abria a boca nem para agradecê-lo.

João não sabia o que mais o machucava: o silêncio e o ódio visível de Daniel ou o fato dele se esforçar sozinho com a perna machucada indo para o banheiro ou tentando se virar sozinho no banho. 

O corpo, tão acostumado àqueles dias da descoberta da homossexualidade em que os dois haviam se esbaldado, agora se ressentia quando ele, afoito por se aliviar, tentava se masturbar escondido. Não dava certo...não era o suficiente...quem teve tanto  um dia...sexo várias vezes ao dia... não se conforma mais com migalhas...o ato solitário da masturbação. 

O policial, pelo que tinha percebido antes, imaginava que também Daniel deveria estar sentindo falta do corpo de um outro homem, pois lhe era tão receptivo e fogoso antes  e agora, aquilo...aquele celibato imposto sem aviso prévio!

João até chegou a pensar em fingir que iria sair, procurar outro homem para se aliviar, atiçar os ciúmes do rapaz, mas o risco dele ignorar, ou mesmo acreditar que o policial poderia ser tão frio ao escolher qualquer um para transar, fazia com que o dono da casa descartasse essa possibilidade. Assim, ele sofria a falta que deixava seu sexo em petição de miséria por não ter o desejo e a necessidade satisfeitos!

Silenciosamente, também Daniel sentia a falta de algum carinho, algum contato, enquanto as palavras de Marta o torturavam ao dizer que ele deveria sim dar um desconto para o ex-marido dela  que estava fora de si no dia do assassinato de Lúcia. 

Seria possível perdoar alguém que tratava sua mãe feito uma prostituta, sem nunca assumir uma relação séria com ela? Seria possível perdoar alguém que permitiu que o parceiro executasse Cléber? Seria possível perdoar alguém que o seguiu feito um exterminador mesmo sem ter certeza do que você fez? E seria possível perdoar alguém que tinha um grau de sadismo tão grande a ponto de surrar uma pessoa e a deixar algemada num lugar isolado para morrer sozinha? Os questionamentos faziam com que Daniel também não tivesse alívio de sua consciência...especialmente por ainda sentir que seu corpo chamava pelo corpo do outro!

Como só tivesse um banheiro funcionando  na casa, eles o dividiam, porém, um dia João tomou banho e  esqueceu a toalha. Decidiu ir nu até o seu quarto para pegá-la. 

De repente, foi surpreendido por Daniel que voltava para o seu quarto, que ficava ao lado do banheiro! João  não pode deixar de notar como Daniel ficara desconsertado ao se encontrarem naquela situação.

— Ah...desculpe...eu não queria...eu só fui... — gaguejou Daniel virando o rosto depressa.

João  estava na frente dele, totalmente nu e com a água pingando do corpo sobre o chão, tampando a passagem de Daniel.

VOCÊ ME PERDOA, AMOR?-Armando Scoth Lee-romance gayWhere stories live. Discover now