O Décimo Domínio

Capítulo 15 - Uma escolha do coração

~Adam~

Mesmo com a quantidade de pessoas perto da barreira, ninguém tinha dado o primeiro passo. 

Estávamos na província do ar a pouco mais de duas horas e nem sinal da Megan ou do Tobias. Apenas soldados e espiões. Enquanto aguardávamos, a tensão estava se acumulando no corpo. Parecia a calmaria que vem antes da tempestade. Ou estávamos dentro do olho de um furacão e esperando pelo melhor.

— Precisando de alguma coisa? — pergunto para a Edith.

— Não querido. Descanse um pouco. Já temos olhos suficientes aqui. Tente colocar a cabeça no lugar.

— Certo — mesmo sabendo que não vou conseguir fazer isso, acabo acatando o pedido dela e me afasto um pouco, encontrando um lugar sem muito movimento para sentar e fingir que estou relaxando.

Minha cabeça está no lugar, talvez não o lugar que eu quero nesse momento, mas enfim, parece que é o melhor que posso fazer.

Uma mão segura o meu ombro.

— Quer companhia? — Martin pergunta e aponta para o vazio do meu lado ao chão.

— Claro, fica à vontade... — ele senta e passamos um bom tempo sem falar nada.

— Acho que eu tenho que te pedir desculpas. Minhas atitudes antes não foram as melhores possíveis, perdi a calma, e descontei em diversas pessoas que não mereciam.

— Deixa isso pra lá Martin, já foi, não adianta pensar demais nisso.

— Por isso que a Megan te ama. Você sabe como perdoar.

— Não tenho tanta certeza assim sobre esse amor, mas seguimos, não é mesmo? Mas pelo menos você se resolveu nesse departamento.

— É, mesmo sabendo que não deveria, estou muito feliz por ter uma outra oportunidade.

— Você deve se permitir ser feliz sim. Só porque um aspecto da sua vida não está indo do jeito que você quer, isso não significa que não deva aproveitar as coisas boas.

— "Nem todo dia vai ser bom, mas todo dia terá uma coisa boa..." Escutei isso em algum lugar. É isso mesmo. Nós vamos ajudá-la jovem Adam.

— Mas pelo o que parece, ela não deseja a nossa ajuda Martin.

— Talvez não estejamos oferecendo aquilo que ela deseja, apenas o que ela necessita, e isso podem ser coisas completamente diferentes.

— Sei bem disso, mas como oferecer o que ela deseja?

— Você sabe exatamente o que é?

Não sei como responder a pergunta do Martin. Eu tinha uma ideia, mas os passos que eu tenho que seguir para alcançar parecem um tanto quanto nublados.

— Sabe, o que você disse acabou de me fazer perceber uma coisa: tá tudo bem em de vez em quando a gente ser um pouco egoísta. Tá tudo bem se valorizarmos a nossa felicidade sem se importar com aquilo que nos rodeia.

— Mas e os outros?

— Adam, a nossa felicidade depende apenas da gente, claro que ela transborda quando você a divide com outras pessoas, mas num primeiro momento, é suficiente apenas o que está dentro.

— Só preciso me colocar em primeiro lugar.

— E isso não te faz esquecer dos outros.

— Obrigado por isso — digo.

— Disponha... — ele responde e vejo quando Felícia começa a se aproximar de nós. — E falando de felicidade, lá vem a minha no momento.