Epílogo

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~Megan~


Pensei que a felicidade era uma coisa complexa e difícil de ser alcançada, mas a verdade é que ela se encontra nas pequenas coisas da vida.

Estar sentada no chão, com os dedos acariciando a grama aparada, sentido o vento bagunçar os cabelos debaixo da sombra de uma árvore, vendo as suas duas pessoas favoritas no mundo inteiro caminhar na minha direção era a materialização da plenitude.

Adam segura a pequena mãozinha gorda e ajuda o nosso filho a dar os seus primeiros passos.

Com a mão livre ele vinha balançando os dedinhos e os apertando contra a palma, balbuciando "mamamamama" direto e vindo com passo trôpegos, controlados pelo pai.

Não precisava de mais nada para comemorar os meus cinco anos de casado com o amor da minha vida. Me disseram que estávamos apressados já que no mesmo dia que completei dezoito anos, estava assinando os papéis do meu casamento.

Não era pressa, muito menos loucura, é apenas vontade de ficar logo o resto da minha vida com a minha alma gêmea.

Impressionante que com o Adam ao meu lado, eu não tinha dúvidas, com ele, eram só certezas. Claro que nem tudo foram flores e arco-íris, mas com aquela força dele que me inundava nos momentos difíceis, seguimos em frente.

Amadurecemos, e aprendemos juntos o significado do amor, em todas as formas.

Quando descobri que estava grávida, descobri outra forma de amar. Tão intensa quanto. Nossas famílias ficaram do nosso lado em todos os momentos, e agora, que ele nasceu, só querem saber de paparicar o novo membro da linhagem.

Lembro de quando eu comprei a primeira roupinha pro nosso filho, um macacão com diversos esquilinhos bordados, ele chorou e riu.

Volto a realidade quando Adam coloca nosso filho em meu colo e fico entretendo-o enquanto Adam vai na bolsa térmica e retirando dali os potinhos com o almoço do pequeno. Estou na terceira colherada quando vejo a minha avó chegando.

— Martin, olha ali quem tá chegando! A sua bisa! — sorrio e aponto para a direção em que ela se aproxima.

Ele solta um gritinho completamente adorável e começa a ficar mais agitado querendo ir pro colo dela. Dona Edith apressa o passo e já vai pegando o Martin nos braços, enchendo de beijos. Logo ela toma pra si a tarefa de alimentar o bisneto.

Mal descobri que estava grávida e comecei a sonhar com esse nome. Quando eu falei pro Adam sobre os sonhos e o nome, ele abriu um sorriso enorme, ficando emocionado e concordando com o nome. Nem escolhemos um nome feminino, pois segundo o Adam, certamente teríamos o nosso Martin.

O pequeno é bom de boca e come tudo sem reclamar. Os nossos pais não demoram muito a chegar também e disputam a atenção do Martin, mas ele sorri e tem gás pra animar todos. Passamos a tarde tranquilamente, com a nossa família sob a brisa das árvores.

Nossos pais e minha avó estão distantes montando castelinhos de areia que Martin adora destruir. Eles só querem nos dar uns momentos de privacidade.

— Meu amor, vou só pegar uma coisinha lá no carro, volto num pulo — Adam diz e dá um beijo no topo da minha cabeça.

Quando ele volta, já é para colocar no meu colo um grande buquê de rosas azuis. Ele me abraça e beija meu pescoço.

— Feliz aniversário de casamento! — sussurra em meu ouvido e me arrepio com sua voz perto de mim como se fosse a primeira vez.

Desde o meu aniversário de 16 anos que sempre em datas especiais ele me presenteia com rosas azuis. Amo que ele sempre lembre disso, já que as rosas são sempre tão lindas!

— Obrigada amor — viro o rosto e dou um beijo nele. — Seu presente só posso te dar lá em casa...

— Ah é mesmo? — ele ergue uma das sobrancelhas e o sorriso que abre me deixa envergonhada.

— Não é isso! — digo baixinho. — Mas podemos ver se você ganha isso também...

Na realidade, o presente dele realmente está em casa. Quando fui pegar algumas coisas na casa dos meus pais, acabei encontrando uma caixa com meus antigos diários, então resolvi separar todas as menções do Adam que tinham neles e montar um livrinho.

Ficou lindo, e dá pra perceber a evolução dos meus sentimentos por ele.

— Mal posso esperar para segurar meu presente — o tom malicioso ainda não tinha saído da sua voz, mas agora não me importei. — Mas agora, quero deitar no melhor colo do mundo...

Sorrio e ajeito as pernas para que ele deite. Ele apoia a parte detrás de sua cabeça nas minhas coxas e meus dedos vão fazer um cafuné nele. Abre um sorriso lento e aos poucos, abre os olhos, para me encarar.

Uma faixa de luz consegue escapar por entre as folhas das árvores, fazendo com que o dourado dos seus olhos mude, brilhante, quase prateada, próximo ao sobrenatural.

E então lembro.

— Sabe, eu tive um sonho bem maluco ontem, até anotei para não esquecer... — digo e enrolo seus cabelos entre meus dedos.

— Sonho maluco? Quer contar?

— Então... Sonhei que você e eu tínhamos poderes! Sabe, tipo controlar elementos... Eu conseguia controlar pessoas, e você conseguia voar! Acho que a minha avó também estava no sonho, e também tinha seus poderes... Era um lugar cheio de magia, e foi tão incrível!

— Sério linda? — ele abre um sorriso e até ergue o rosto para me olhar mais de perto. — Já pensou que incrível se tivéssemos poderes mágicos?

— Nem consigo imaginar... Quer dizer, claro que consigo imaginar, já que até sonhei. Acho que vou desenvolver a história pra ver onde vai dar. Faz um bom tempo que não escrevo nada além de romance, e quem sabe essa fantasia seja o necessário para me fazer voltar a escrever.

Tinha acabado de me formar em literatura, e amo escrever.

— Com certeza será uma história incrível se você colocar seu coração nela meu amor — ele se aproxima e dá um beijo em minha testa.

— Sabe, agora fiquei curiosa sobre uma coisa... Posso te fazer uma pergunta?

— Sempre — ele sorri e procura minha mão para segurar. Depois de enlaçar os dedos, ele leva minha mão até a boca e dá um beijo. — Manda.

— Você acredita em magia? — achei a reação dele quando contei do sonho tão tranquila... Achei que ele fosse achar estranho, ou quem sabe até implicar comigo um pouco.

— Sim. Acredito — Adam diz com tanta convicção que até me espanto.

— Sério? — por essa eu realmente não esperava.

— Claro que acredito — e mal tenho tempo de raciocinar quando ele cai com o corpo em cima do meu, me arrancando uma risada nervosa. — De que outro modo poderia explicar o que acontece entre nós dois? O nosso amor é mágico Meg.

E quando ele me beija, não tenho como discordar dele.

A magia é real.


֎ F I M ֎

O Décimo DomínioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora