Cap. 1 - O Lorde

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Londres 1835

Jeremy Ascott Newman descobriu quando o pai morreu que a morte pode chegar muito desavisadamente. - Como assim meu pai morreu?- Ele pensava desesperado. Ele estava inconsolável! Não que as pessoas estejam livres de doenças, mas ninguém acha que realmente vai morrer tão jovem. - E se eu morrer sem deixar um herdeiro? - ele não conseguia deixar de se perguntar. A verdade é que Jeremy tomou um susto quando seu pai tão forte, jovem e viril, o poderoso conde de Blair, adoeceu e faleceu em apenas três dias, depois de sofrer febres e dores no estômago, aos 44 anos, deixando-o aos 24 anos de idade responsável por todo o legado centenário dos Blair.

Sua mãe Lucy havia falecido quatro anos antes, aos 36 anos, - mas ela sempre teve a saúde fraca - ele justificava para si mesmo. Então, apesar de triste, a morte precoce dela era algo mais facilmente aceitável para Jeremy. No entanto, sempre achou que o pai viveria até pelo menos os 70 anos, como o seu avô George, - que Deus o tenha - e que havia falecido no ano anterior. Assim, como era filho único e solteiro, percebeu que, caso morresse antes de se casar e arrumar um herdeiro, todo o condado estava sob ameaça de passar para o primo August Newman, que era alguém de quem ninguém gostava muito por ser avarento e grosseiro.

Jeremy sempre foi um rapaz despreocupado e que gostava de viver a vida livre. Seus compromissos eram com as bebedeiras e jogatinas com os amigos. Sendo alto, moreno, dos cabelos negros sedosos e ondulados que chegavam aos ombros, olhos azuis, queixo quadrado com um furinho, nariz aquilino, corpo musculoso devido às cavalgadas, esgrima e box que praticava, ombros largos e quadril estreito, ele sabia que era muito bonito, com um toque meio selvagem. Como, além de belo, era nobre e muito rico, ele era considerado um excelente partido.

Embora gostasse muito de festas, nas quais ele, com grande frequência, tinha um encontro emocionante nos jardins ou outro local escondido, sempre se esquivou das mocinhas casadoras e suas mães. Jeremy particularmente preferia se envolver com jovens senhoras casadas insatisfeitas com seus maridos ou com jovens viúvas, pois, além de não cobrarem exclusividade, estas mulheres eram experientes e ele desconfiava que não teria paciência nem disposição para ensinar nada para virgens novatas. Apesar de tudo, ele sempre era muito educado e galante com as mulheres em geral, de maneira que, mesmo sabendo de suas preferências e libertinagem, nenhuma mocinha se via livre do sonho de conquistar seu coração, que, diga-se de passagem, nem ele acreditava que tivesse.

Jeremy nunca acreditou em amor. Ele não via o casamento como uma prisão, pois acreditava no direito do homem e da mulher de procurar outras fontes de diversão, desde que fossem discretos para não chocar a hipócrita sociedade em que viviam. No entanto, ele gostaria de se casar um pouco mais tarde, pois era sempre a parte casada quem tinha mais trabalho nas maquinações para os encontros. A repentina morte do pai, no entanto, o fez repensar este desejo.

- Preciso me casar! - Declarou Jeremy aos amigos que o acompanharam na volta para casa depois do enterro do pai. Os amigos dos tempos dos estudos em Cambridge Thomas Miller, marquês de London, Gerard Dupret, conde de Lamer e Wislow Nevile, visconde de Baret, e seu primo Joseph Mayer, o visconde de Lancaster, que ele considerava seu melhor amigo, vieram para dar apoio e tentar animá-lo um pouco. Eles caíram na gargalhada e, quando perceberam que Jeremy não ria, o olharam estupefatos.

- Sério? - Perguntou London.

- Claro que não! - Declarou Baret ainda risonho. - Imagina! Nosso Jeremy se casando... Ficou louco London? Jeremy está brincando, não é amigo? - E olhou inquisitivamente para Jeremy pedindo sua concordância.

- Estou falando sério. - Disse Jeremy calmamente, encarando Baret.

- Mas por quê? Você acabou de se tornar conde! - Perguntou Baret desconsolado.

O casamento do Lorde Libertino (COMPLETO)Where stories live. Discover now