Cap. 11 - A revelação

3.6K 236 83
                                    

Jeremy sentia uma dor dilacerante no peito, que estava apertado, o estômago o retorcia e o corpo todo tremia. - Meu Deus! O que vou fazer agora? - Ele se perguntava a todo momento enquanto seguia pelo corredor sem ver nada pela frente. Sua visão estava turva e ele percebeu que seus olhos estavam molhados. Então desceu para o escritório e se trancou, escorando-se com as costas na porta. Ele não queria ver ninguém naquele momento e não queria que ninguém o visse. As lágrimas transbordaram de seus olhos, a garganta começou a doer e apertar e ele não conseguiu conter um soluço. Ele soluçou tentando aliviar a dor que sentia e gemeu. Ele nem se lembrava qual a última vez que tinha chorado. Nem quando o pai faleceu ele chorou. Ele sempre acreditou que homens não choram. - Por que aquele aperto na garganta e no peito o fizeram soluçar alto? - Ele não via solução.

Como ele pôde ter sido tão burro e não prever que Suzan armaria para ele? Por que ele não a tinha expulsado de casa no dia anterior, quando ela o ameaçou? Ele sabia que Emily tinha toda razão ao não acreditar que ele não colocaria outra amante dentro de casa. - Como ela poderia? A ex-amante dele não estava bem ali? - Essa era a questão. Ele nunca sentiu nada por Suzan. Tudo o que eles faziam era se satisfazer sexualmente. Eles não conversavam, não se conheciam, nenhum dos dois tinha interesse em conhecer o outro. Para ele, o fato de Suzan estar dentro de casa ou não era irrelevante. Ele não sentia nada por ela. Nada. - Como Emily acreditaria nisto? - Pensava.

Desde que ele se apaixonou por Emily ele começou a entender que o que ele conhecia por relacionamento não poderia ser chamado assim. Todos os seus casos eram baseados em sexo. Ele não conhecia as mulheres com quem se relacionava. Se perguntassem a cor preferida de qualquer uma delas, ele não saberia. Ele nunca tinha se preocupado com nada fora da cama. Ele dava dinheiro suficiente, se fossem prostitutas, ou uma jóia, se fosse uma mulher casada, para mantê-las satisfeitas e para que o agradassem na cama. Ele nunca exigiu nada mais que isto também.

Quando queria conversar ou desabafar ele o fazia com os amigos no clube, numa luta de esgrima ou boxe. Se ele queria falar de negócios ele discutia com seus sócios, como Joseph, se o assunto era política ele conversava com os pares da Câmara dos Lordes. Ele nunca cogitou conversar este tipo de coisa com uma mulher. Para as mulheres ele reservava galanteios para garantir uma conquista. Elogios sobre um cardápio ou qualquer outra coisa superficial, eram somente para ser educado e para agradar. Ele não se interessava por suas opiniões sobre assuntos importantes, pois estes assuntos eram decididos pelos homens. Então seria perda de tempo saber a opinião de uma mulher, e ele sempre foi racional.

Até então, ele nunca tinha se sentido errado em agir assim. As mulheres que conhecia só queria saber de moda, de ir ao teatro, de participar de um baile ou de se exibir no Hyde Park para arrumar um marido. Depois elas se preocupariam com cardápios, decoração, recepções e fofocas. Ele não tinha culpa por achar que poderia ser superficial com as mulheres se todas as mulheres que ele conhecia eram superficiais, ou tinha? Um elogio superficial aos olhos, ao cabelo ou ao corpo eram suficientes para iniciar o tipo de relação a que estava acostumado.

Emily mudou tudo isso. Ela era inteligente o suficiente para ter uma opinião sobre Leis e para avaliar opções de negócios, ela era generosa o suficiente para se importar com o próximo e ajudar um orfanato e uma casa de mulheres, ela era perspicaz o suficiente para querer gerar renda para ampliar suas ações de beneficência. Ela era uma mulher a quem admirava, que o intrigava e que o deixava orgulhoso. Ele queria conhecê-la melhor, saber todos os seus gostos, ele queria agradá-la, queria que ela sentisse orgulho dele tanto quanto ele sentia dela e ele queria ter seus filhos com ela. Ele queria ajudá-la a educar e cuidar das crianças. Ele queria ... - Meu Deus, o que eu vou fazer sem esta mulher? - Ele pensava. Não conseguia se ver sem ela. Ele não conseguiria viver sem ela.

O casamento do Lorde Libertino (COMPLETO)Where stories live. Discover now