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Enquanto a professora explica a matéria, alguém bate na porta, é a coordenadora.

-Com licença professora, eu vim para informar quais serão os alunos que passarão para a próxima fase da prova.
Diz a coordenadora.

-Claro.
A professora diz enquanto guarda o giz.

- Então, essa sala teve apenas uma aluna que passou para a segunda fase da prova, quem vocês acham que é?
A coordenadora pergunta.

Todos falam meu nome é apontam para mim, meu coração nunca esteve mais disparado do que agora. Para mim, há uma grande chance de que eu seja essa pessoa, até porque, ela disse aluna. Minhas amigas sorriem para mim e eu faço o mesmo.

- Quem é Michelle Loures?
Quando a coordenadora diz, todos olham para Michelle, ela está com um sorriso enorme no rosto.

É horrível o que eu estou sentindo agora, minha vontade de chorar é muito grande. O que mais me irrita é a cara que a Kelly está fazendo pra mim, ela e a Bruna estão praticamente rindo da minha cara. Os meninos repetem a frase "Não foi dessa vez" várias vezes, menos Pedro.

- Parabéns Michelle, você será informada sobre a segunda fase da prova.
Diz a coordenadora antes de sair.
As amigas de Michelle, incluindo a Geovana, estão comemorando. Enquanto as minhas amigas tentam me confortar.

- Com certeza foi sorte.
Diz Maria.

- Você vai ver, ela não vai passar da segunda fase.
Naiara diz.

- Do que adianta se sair bem em uma prova se você é ótima em todas.
Me lembra Emily.

- Obrigada gente, mas eu nem fiquei triste.
Minto.

- É claro que ficou, olha pra sua cara.
Diz Maria apontando para o meu rosto.

- Eu não estou triste gente, só estou surpresa.
Insisto em dizer que não fiquei triste, sendo que fiquei.

O sinal toca e nós vamos para o pátio, antes de sair, Pedro vem falar comigo.

- Clara.
Pedro me chama.

- Oi Pedro.
Não falo com ele desde que ele se declarou pra mim.

- Eu vi que você ficou triste, mas tenho certeza que faltou pouco pra você tirar a maior nota, e aquilo foi sorte.
Ele diz enquanto olha para Michelle que está distraída com as amigas.

- Obrigada Pedro, mas eu não fiquei triste, não sei porque vocês insistem nisso.
Digo.

- Ok, mas você sempre vai ser a garota mais nerd da sala, ou melhor, da escola.
Diz Pedro me fazendo rir, logo depois ele se despede e sai da sala, saio logo depois dele para ir atrás das minhas amigas que já estão no pátio.

O intervalo e as últimas aulas passam rapidamente, ninguém toca no assunto, mas eu ainda estou triste e decepcionada comigo mesma.

Quando a aula termina, saio com as minhas amigas da sala. Quando chegamos no pátio, encontro Anthony.

- Oi Clara!
Ele diz com um belo sorriso no rosto.

- Oi Tony!
Chamo ele pelo apelido que dei quando éramos mais novos.
- Nunca mais tinha te visto aqui.

- Eu estava muito doente, peguei uma catapora.
Diz Anthony com as mãos no bolso.

- Tá explicado.
Diz Maria enquanto Naiara ri.

- E a sua namorada?
Pergunto.

- Bem...Nós terminamos.
Responde.

- Que pena, ela era tão legal.
Minto.

- É, mas agora eu tô com a Athena.
Diz.

- Nossa, ele é rápido.
Digo e nós rimos.

Me despeço dele e vou para fora com as minhas amigas, Davi está no carro me esperando.

Dou um abraço nas minhas amigas e vou na direção dele, entro no carro e sou cumprimentada com um beijo, como sempre.

- Oi linda!Como foi na escolinha?
Davi fala como se eu fosse um bebê, isso só porque sou dois anos mais nova que ele.

- Foi bem...quer dizer...
Digo.

- Aconteceu alguma coisa?
Pergunta Davi.

Fico em silêncio por um tempo, contar a ele que estou triste porque eu queria ser a melhor da sala me faz parecer infantil.

- Se não quiser contar, não precisa, eu vou entender.
Diz Davi com uma voz calma.

- Não, eu preciso desabafar com alguém, ficar guardando isso tá me matando.
Respondo.

- O que acha de irmos para a minha casa, lá podemos conversar melhor.
Diz.

- Ok.
Respondo.

Temos algumas conversas aleatórias no caminho para a casa dele, brigo com ele algumas vezes porque ele diz que não gosta da Billie Eilish, uma das minhas cantoras favoritas.

Chegamos a casa dele e nos sentamos no sofá, Davi se vira para ficar de frente para mim.

- Então, o que tá acontecendo?
Ele parece estar preocupado.

- Não é nada importante, você vai achar até que é besteira, é muito infantil.
Digo.

- Se não fosse importante, você não estaria desse jeito, pode falar.
Davi diz calmamente enquanto segura minha mão.

- Então, lembra daquela prova importante que eu fiz?
Pergunto.

-Lembro.
Responde.

- Hoje a coordenadora deu a resposta.
Digo.

- E...
Diz.

- Eu não consegui passar para a segunda fase, todos acreditavam que eu seria a representante da nossa escola nessa prova, mas eu não consegui. Eu sei que parece infantil demais, mas eu queria que todos vissem do que eu era capaz e que eu podia ser oficialmente a melhor aluna da escola, só que eu não consegui. Eu não quero sentir raiva da Michelle, até porque ela é legal, mas é como se ela tivesse tomado o meu papel de nerd.
Digo, ele parece estar pensando no que eu disse, deve estar me achando uma boba.

- Desculpa, você deve estar achando que eu sou obcecada por ser a melhor,ou talvez, que eu seja muito competitiva...quer dizer, eu sou competitiva, mas é que eu queria que todos sentissem orgulho de mim.
Termino.

- Não, eu não acho.
Ele diz e me deixa surpresa.
- Eu até te entendo.

- Entende?
Digo surpresa.

- Sim, eu também tentava orgulhar meus pais, principalmente minha mãe, e quando eu não conseguia, eu me sentia muito mal.
Diz.

- Acho que isso ocorre por causa da minha infância.
Digo.

- Sua infância?
Pergunta.

- É que eu cresci com as minhas primas, e eu via que todos se orgulhavam delas quando elas tiravam notas boas, e eu também queria que eles sentissem orgulho de mim...foi quando me tornei uma pessoa competitiva, que sempre quer ser a melhor.
Desabafo.

- Pra mim, você é a melhor.
Diz Davi enquanto acaricia meu rosto com o polegar.

- Você só diz isso porque é meu namorado e quer me agradar.
Digo e ele sorri.

- Não é verdade, se digo que você é, é porque você é.
Diz.

- Talvez você esteja certo, obrigada por me ouvir, parece até que tirei um peso das minhas costas.
Agradeço.

- Sempre que precisar, pode vir falar comigo, só tenta não cobrar muito de si.
Diz.
- Eu te amo.

- Eu também te amo.
Digo e Davi me beija.

Talvez ele esteja certo, eu cobro muito de mim, e eu tenho que parar de fazer isso, mesmo que seja difícil.

NerdWhere stories live. Discover now