Vai ficar tudo bem

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Eu não tenho nenhuma reação no início, mas logo as lágrimas começam a cair. Não presto atenção no que estão falando, só estou vendo minha amiga desmaiada no chão.

O motorista que atropelou Maria está ligando pra ambulância. Naiara se aproxima de nós e Gabriel está com ela.

-O que aconteceu?
Naiara pergunta quando a ambulância chega.

-A gente não viu nada.
Davi responde.

Eles colocam Maria na ambulância, ela ainda está desacordada.

-Eu vou com ela.
Digo, minha voz acaba falhando.

-Clara, é melhor não.
Davi diz.

-Eu vou Clara.
Naiara diz e vai até a ambulância.

-Não, não, eu quero ir, eu vou.
Digo chorando, Davi me segura.

-Calma Clara, vai dar tudo certo.
Ele diz e me abraça.

-Eu quero ir com ela, eu quero ir. Digo enquanto a ambulância vai embora.

...

Me sento no sofá enquanto o Davi fala com alguém no celular.

Eu queria ter ido com ela, queria ficar ao lado dela. Será que ela vai ficar bem?

-Eu falei com a sua mãe sobre o que aconteceu, ela disse que você pode ficar aqui.
Davi diz e se senta ao meu lado.

-Foi tudo culpa minha, eu que insisti que ela fosse.
Digo e Davi me abraça.

-Você não tem culpa de nada.
Ele diz e eu volto a chorar.

-Se acontecer alguma coisa com ela...se acontecer alguma coisa com a Maria...
Agora estou soluçando e molhando a camisa de Davi com minhas lágrimas.

Ele me abraça mais forte e diz:

-Vai ficar tudo bem.

Naiara

Corro para o banheiro, espero que Gabriel não tenha me seguido.

Estou prestes a entrar no banheiro quando esbarro em alguém.

-Calma irritadinha.
Gabriel ri.

-Por que você continua me atormentando?!
Digo.

-Achei que tinha rolado alguma coisa entre a gente.
Ele diz.
-Vai negar?

Fico em silêncio.
Eu meio que gostei dele, mas ele é muito irritante.

-Talvez se você não fosse tão chato, quem sabe.
Respondo e ele sorri.

-Não sou chato, só sou insistente.
Gabriel responde e eu rio.

-Eu percebi.
Digo.

-Podemos começar do zero.
Gabriel diz e estende a mão.
-Meu nome é Gabriel, prazer em te conhecer.

Dou risada e faço o mesmo para um aperto de mão que eu não esperava ver, muito menos hoje.

-O meu nome é Naiara, mas não é muito prazeroso te conhecer.
Digo sarcasticamente e ele ri.

-Você vai continuar se fazendo de difícil ou vai facilitar pra mim?
Ele pergunta e se aproxima.

Dou um sorriso e ele faz o mesmo.

Vejo um movimento de pessoas no salão, eles parecem estar saindo.

-O que tá acontecendo lá fora?
Pergunto.

-Vamos lá ver.
Gabriel diz e me segue.

Vejo Clara e Davi no meio das pessoas, ela parece estar em choque. Me aproximo e vejo o motivo do choque de Clara.

A ambulância está chegando para levar Maria, o motorista que atropelou minha amiga está com as mãos na cabeça, desesperado.

-O que aconteceu?
Pergunto.

-A gente não viu nada.
Davi responde.

Clara insiste que quer ir. 

-Eu vou Clara.
Digo e vou até a ambulância.

Estou tão mal quanto Clara, mas eu sei que ela não vai aguentar isso.

-Eu vou com você.
Gabriel diz.

-Não precisa.
Digo.

Em vez de ir embora como eu pensei que ele faria, Gabriel entra comigo na ambulância.

...

-Eu trouxe uma água.
Gabriel diz e se senta ao meu lado.

-Obrigada.
Digo e pego a garrafa de água da mão de Gabriel.

Ficar sentada nessa sala de espera enquanto minha amiga está praticamente correndo risco de vida está me matando, mas a presença de Gabriel está me ajudando de alguma forma.

Os pais de Maria aparecem.

-Onde está a minha filha?
A mãe de Maria pergunta, com lágrimas nos olhos.

-Ela tá numa sala com os médicos.
Nem sei como falar para ela que Maria está muito mal.

-Isso que dá me desobedecer, se ela tivesse me escutado...
O pai de Maria diz, mas sua esposa o interrompe.

-Para! Isso não é hora de dizer que está sempre certo! A nossa filha está dentro daquela sala e a gente não sabe o que vai acontecer com ela!
Ela diz, deixando seu marido sem palavras.

Rick aparece na sala de espera, ele parece muito preocupado, mais do que eu até. Gabriel deve ter ligado para ele.

-Cadê a Maria? Ela tá bem?
Rick pergunta para mim.

-Quem é você?
O pai de Maria pergunta.

-Ele é o namorado de Maria, Rick. Respondo.

-Então é com você que minha filha está morando.
O pai de Maria diz e eu posso sentir a tensão crescendo nessa sala de espera.

Um médico vem até nós e pergunta:

-Vocês são os acompanhantes de Maria Castro?

-Sim, nós somos os pais dela.
A mãe de Maria responde.

-A minha amiga tá bem?
Pergunto.

Clara

Acordo na cama de Davi, não lembro de ter vindo para seu quarto. Ele entra no quarto antes que eu comece a procurá-lo. Me sento na cama e Davi se senta na minha frente.

-Você tá bem?
Davi pergunta.

-Não dormi muito bem.
Respondo.

-Você acabou dormindo no sofá, aí eu te trouxe pra cá.
Ele diz.
-A Naiara ligou mais cedo.

-O que ela disse? A Maria tá bem? Pergunto.

-Ela tá, mas...



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