You see me standing, but I'm dying on the floor

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Você me vê de pé, mas eu estou morrendo no chão.

Stone Cold - Demi Lovato

Entrei no apartamento de Tom e fechei levemente a porta. Coloquei minha bolsa em uma das cadeiras da ampla sala de jantar.

-Tom? - o chamei e o mesmo veio até mim e me deu um leve beijo nos lábios. Porém, não me puxou para um abraço como sempre fazia.

-Megan - ele manteve uma expressão séria - preciso te dizer uma coisa. E aquilo estava me preocupando. Toquei seu rosto e sua barba brevemente, enquanto ainda permanecíamos de pé, enquanto ele continuou com sua fala.

-Acho que tudo o que aprendemos juntos foi o suficiente até aqui - meus olhos começaram a ficar quentes e conseguia sentir as lágrimas se aproximando - Sinto que não posso te dar mais de mim mesmo. Sinto que não posso te dar mais do que isso - aquelas palavras me atingiram e eu não conseguia entender. Como assim?! O que eu havia feito para que tudo aquilo acontecesse?! Era a minha história com o Loki?! Eram os meus constantes conflitos internos?!

-Não tem problema - Mas na verdade HAVIA TODOS OS PROBLEMAS DO MUNDO. Disse aquela frase o mais alto que conseguia, apesar de desviar de seu olhar. Nunca tinha me sentindo tão vulnerável, tão dependente de alguém, tão fraca, tão impotente. Ao contrário de mim, ele parecia tão calmo. Aliás, ele SEMPRE parecia tão calmo. Mantinha uma expressão séria em seu rosto, mas, ao mesmo tempo, não olhava pra mim de forma cruel ou triste. Ao mesmo tempo, eu só conseguia sentir medo. Sentir medo por ver toda a nossa relação, a qual eu lutei para manter, se esvair daquela maneira. Medo por ter que deixar uma parte de mim naquela conversa. Medo por tantas coisas...

-É que o problema é o momento, entende? - suas palavras rasgavam cada pedaço do meu coração. Eu não queria me sentir triste, afinal, nós tínhamos uma amizade muito preciosa e o seu tom de voz era acolhedor. Ele estava conversando comigo do melhor modo possível, No entanto, eu não conseguia tirar o peso daquele momento de dentro da minha mente.

Tom colocou uma de suas mãos de em um dos meus ombros e eu ergui meu olhar para seus olhos. Toquei seu cotovelo por debaixo de seu braço. Eu sei que ele queria me ajudar, mas, no momento, eu não conseguia pensar em nada disso. Eu só conseguia pensar em toda a dor e angústia que eu estava sentindo no momento. Em toda a culpa de ter tentado me envolver com outra pessoa. "Nenhuma ferida, assim teria doído". Sua expressão demonstrava que ele queria me desejar força e que o homem a minha frente sabia que eu era uma pessoa feliz.

-Nós nos veremos em breve, Meg. Isso não é um adeus - lutava para permanecer de pé e estável enquanto compartilhávamos aquela conversa. Sorri o máximo que pude. Eu queria sentir o seu abraço mais uma vez, queria sentir o conforto de seu sorriso e seu perfume próximo de mim novamente. Porém, só consegui me afastar e pegar minha bolsa.

Abri a porta novamente, evitando olhar para trás porque sei que tombaria ali no chão mesmo se fizesse isso. Assim que sai do local, a porta fechando ressuou pelos meus ouvidos e deixei as emoções tomarem conta de mim. Elas transbordavam de dentro de mim e eu simplesmente não conseguia parar de chorar. Estava desistindo de uma pessoa que eu amava, estava a deixando livre e isso doía mais do que eu pensava que pudesse doer. Porém, precisava que ele seguisse seu caminho, que fosse feliz, mesmo se fosse longe de mim. Essa dor de libertar alguém, de deixar a pessoa que ama livre, de permitir que talvez seus caminhos não coincidam mais é uma das piores dores do que eu já havia sentido. Era tão intensa que martelava dentro da minha mente e esgotava o meu coração.

Eu precisava entender e aprender a aceitar que nossas jornadas seguiriam diferentes a partir daquele momento e que eu havia feito o meu melhor pela nossa relação. Eu havia dado tudo o que eu pude, mesmo que isso não parecesse ser suficiente naquele instante. Eu estava triste por ter que dizer adeus, mesmo que ele dissesse que era apenas um "até logo". Mas era um adeus pra nossa história. Um adeus pra mim. Era um adeus pra uma parte de mim, pra um sentimento que eu possuía que não ia existir depois daquela conversa.

Por mais que eu entendesse que tudo aquilo era pra acrescentar em nossas vidas, que servia para nos ensinar mais uma vez, eu não enxergava as lições claramente na minha mente. Eu enxergava desespero, dependência emocional e um coração partido. Eu sentia muito porque eu não queria esquecê-lo. Eu não queria ter que superar tudo o que passamos. Eu não queria ter que parar de me apaixonar por ele, não queria ter que reajustar esse sentimento dentro de mim até que ele se tornasse uma vaga lembrança.

Porém, não havia nada que eu pudesse fazer e nada que minhas lágrimas pudessem mudar.

Ouvi um sinal alto vindo do painel de controle e jurava que conseguia sentir o seu perfume preencher a nave. Como se o Tom estivesse lá enquanto eu dormia e, assim que eu acordei, sua figura tinha ido embora. Assim, como no sonho.


The End for UsWhere stories live. Discover now