As páginas de um diário
Foi o que me sobrara da infância.
A carta amarelada, a flor já ressecada,
As páginas manchadas por meus
[dedos de criança.Os erros cometidos, não só na caligrafia
Ali registrados como prova de minha Cina.
E no peito correndo a dor de ter que ler,
Tudo o que já fiz, sem nem me arrepender.Vivo hoje diferente, sem tanta exaltação.
Não choro mais nas páginas
Não crio mais canção
E hoje nem mais escrevo, com medo de alto reprovação.Fui poeta no passado, de versinhos de amor
E nas páginas do diário, tem sonetos... Tem dor.
Dos amores esquecidos, dos momentos vívidos,
Das tormentas, do despudorOh papiro maldito, que me acusa e degrine
Que cujo os erros narrados já não tenho em memória.
Por que o papel, tu tinhas que me lembrar?
De minha infância tosca, que não quero recordar.
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Poemas profundos demais para se ler sem um café
PoetryTudo pode ser poesia, desde o cantar de um passarinho, até o verme que cavouca o chão, então por que não poetizar a vida? Deixa-la mais leve ou pesada, triste ou feliz, ou simplesmente poética?