28- Mãe | Parte 3.

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Vejo o seu despertar, e sorrio com isso
Pois ela é o que me resta desse mundo
Nojento.
Com meu advento a levanto e beijo,
E falo coisas boas sobre a noite passada
Que entreguei muitas batatas a todos que apareceram no drive thru
E que meu uniforme sujou e o deixei no trabalho
Talvez falho...
Ela sorri e me pede, pra não me cansar no trabalho.
E desse jeito ingênuo, dou a ela meu coração,
A troco, alimento.
Dou mochila e levo na escola,
E lá vejo os pais e suas esposas
Que me visitaram noite passada.
Mas não me olham.
Não sou nada deles e digo amém.
A deixo lá e saio, sem olhar para trás,
E me vou a casa e durmo horas e horas até o próximo turno,
Sonhando e me perguntando
Se os amigos da sala dela,
Os filhos daqueles pais,
Também tem um super herói
Que se desfaça e sai a noite,
Com roupas curtas e sem pudor
Para trazer a comida e o carrinho,
Que aquelas crianças tanto merecerem.
Pois é.
O que estou pensando? É melhor dormir, e esperar ela chegar,
E depois do jantar beijar a sua testa.
Pois a noite recomeça
E ainda estou devendo vinte de seus materiais.

Poemas profundos demais para se ler sem um caféWhere stories live. Discover now