Capítulo 49

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Uma forte nevasca tomou conta de Florência, impedido que a população se socializasse como de costume, após alguns dias de isolamento, a neve começou a derreter de forma lenta e as pessoas de forma ainda mais lenta retornavam a sua rotina. Os comércios abriram, o correio volto a funcionar e o teatro só abriu depois de três dias.

Muitas pessoas permaneceram em casa, assim como Sr. Arthur que se ocupava com a papelada da gráfica. Havia tantas coisas para fazer, que não sobrou tempo para pensar nas cartas e nem em Magnólia. Enquanto realizava a última tarefa do dia uma forte batida na porta lhe chamou a atenção.

– Rei Arthur! – Gritou o coral de amigos.

Sr. Arthur abriu a porta, convidando os amigos para entrar. Mas Inácio o interrompeu dizendo: – Viemos te salvar do mal tempo. Pegue um casaco e suba naquela carruagem.

A confusão ficou evidente nos olhos de Sr. Arthur que encarando os amigos questionou: – Combinamos alguma coisa para hoje à noite?

Antes que Inácio pudesse responder, Heitor impaciente desceu da carruagem, entrou na loja, pegou o primeiro casaco que viu e empurrou o amigo para fora.

– Calma! – Disse Sr. Arthur entrando na carruagem. – Não precisa agir de forma violenta, eu vou colaborar.

Estevão foi o último a entrar e deu as coordenadas para o cocheiro. – Para a taberna do cais!

A taberna do cais era tão antiga quanto a monarquia de Brígida. As bebidas oferecidas ali era a mais forte do país, nenhum homem forte resistia ao poder da cevada. A taberna do cais sempre foi um excelente local para perder a cabeça e perder fortuna. Todos os tipos de Jogos de azar eram permitidos, não existia regras e nem limites para as apostas. O que contribuía para as brigas, que com o passar dos anos passaram a ser toleradas. Além de tudo isso, a taberna ficava longe do centro e seu ambiente era bem escuro.

Só existia um motivo para os quatro amigos, passar a noite na taberna. Alguém precisava afogar as magoas, e esse alguém era Heitor! Apesar do frio que pairava sobre o país, a taberna estava cheia de homens com o mesmo objetivo de Heitor.

A mesa mais distante foi escolhida. As bebidas foram entregues sem demora e Heitor sem dizer nada virava um copo atrás do outro. Os amigos insistiam que ele comesse algo, mas o desespero tomava conta de todo o seu ser, era mais fácil beber do que comer. Ao passo que a bebida subia, as palavras saiam.

– Ela me deixou. – Confessou Heitor e ninguém ficou surpreso. – Anos de noivado. Eu fiz tudo por ela, fiz tudo por ela! – Os amigos nada disseram apenas ouviram – Nunca deixei faltar nada, tudo o que Catharina queria eu lhe dava. Não a nada nesse mundo que eu não faria por ela, nada! – Disse Heitor encarando o segundo copo vazio – E o que ela disse? O que todas dizem "Ainda podemos ser amigos". – O copo vazio estava prestes a ser jogado na parede, mas Estevão foi mais rápido e o retirou de sua mão. – Eu odeio essa frase, eu odeio ter perdido meu tempo com esse noivado idiota – Gritou ele novamente e um choro descontrolado tomou de todas as suas palavras.

A taberna do cais era o lugar certo para chorar, gritar, brigar e amaldiçoar quem desejasse.

– Eu fiz planos, fiz planos! Eu estava construindo uma vida ao lado de Catharina. Três anos ao lado de uma pessoa que nunca me amou, desperdicei. Três anos da minha vida, ao lado de uma pessoa que nunca me amou, nunca me amou.

– Ainda bem que foram três anos e não seis anos. – Disse Inácio sorrindo.

– Está zombando da minha dor? – Questionou o amigo irritado.

– Não, eu só estou dizendo que poderia ser pior.

– O que poderia ser pior do que perde o amor da sua vida?!

MagnóliaWhere stories live. Discover now