Capítulo 50

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Sr. Arthur retribuiu o abraço desejando nunca mais solta-la. Seu casaco grosso cobria todo o corpo de Magnólia, era tão aconchegante quanto seus braços. Aquela não era a primeira vez que o rapaz vinha em seu auxilio, foram tantas vezes que ficou evidente, o seu papel de herói e o dela de donzela em perigo.

– O senhor está sempre me salvando. Desse jeito vou ficar mal-acostumada. – Brincou ela, com o coração em paz e aliviada por encontrar novamente seu salvador.

– Talvez essa seja a minha sina. – Disse ele no mesmo tom de brincadeira e com o coração alegre por reencontra-la. – Talvez exista magia entre nós. – Magnólia nada disse apenas sentiu o calor do momento e em silencio concordo que havia magia entre eles.

A idosa parteira morava bem próximo de onde eles estavam, assim caminharam até lá. Arthur questionou onde estava Sr. Garbin e perguntou por que nenhum criado da hospedaria foi em busca de uma parteira. Na verdade, todos tinham partido em busca de um médico ou parteira. Mas o desespero e a demora tomaram conta de Magnólia que agiu sem pensar, saiu correndo ao relento, com cabelos soltos e sem casaco.

A senhora que estava dormindo foi acordada por uma criada e ao ouvir as suplicas do jovem casal não pensou duas vezes e se preparou para acompanha-los. Embora não realizasse mais partos a ela era uma espécie de tutora que sempre auxiliava as novas parteiras, e era comum haver em sua casa alguns utensílios usados em partos. Enquanto a senhora se preparava, Magnólia não soltava Sr. Arthur, estava tão aflita e tão aliviada ao mesmo tempo que não notou que ainda estava abraçando-o. Sr. Arthur amava tudo aquilo e ficou se perguntando se seria muito egoísmo desejar aquele abraço pelo resto da vida.

Ao chegar na hospedaria todos ganharam funções, Magnólia se tornou a auxiliar da parteira e Sr. Arthur foi incumbido de pegar qualquer utensilio solicitado. No primeiro momento ficou responsável por encontrar uma bacia com água quente, logo depois precisou pegar álcool, não demorou muito e a senhora solicitou todos os lençóis brancos e limpos que ele conseguisse.

Narciso sentia contrações, mas ainda não havia chegado a hora. A senhora verificou a dilatação que não estava avançada. Informou que era preciso aguardar um pouco mais. As jovens impacientes questionaram quanto mais deveriam esperar.

– Vai demorar em torno de duas a quatro horas – Disse a parteira tranquilamente enquanto umedecia algumas toalhas.

Magnólia e Narciso ficaram sem entender, mas a mulher de espirito calmo e brando, sorriu diante da inexperiência das jovens e explicou que o corpo dilata de forma natural mais ou menos um centímetro a cada uma hora.

A impaciente Magnólia questionou: – O que precisamos fazer para acelerar?

A parteira novamente riu aos desesperos da jovem e disse da forma mais amável possível – Caminhar ajuda um pouco. Mas deve ser feito com cuidado. –

Narciso que estava confinada na cama desde quando as contrações começaram ficou assustadíssima com essa ideia. A parteira sentou ao seu lado com o objetivo de ajudá-la a se levantar.

– Eu quero ficar deitada até estar pronta. – Disse Narciso com medo.

– A decisão é sua, mas todos os partos em que realizei com a mãe confinada ao leito resultou em muito mais dores do que as que tinham liberdade para caminhar e se movimentar.

O medo de caminhar, foi substituído pelo medo da dor. Magnólia tirou o casaco de Sr. Arthur e o colocou em uma cadeira próxima. Ela arregaçou as mangas da camisola e ajudou a irmã a se levantar, as duas caminharam lado a lado. A parteira aproveitou para trocar todos os lençóis, colocou uma corda fina na água quente misturada com álcool e ajustou os travesseiros para a posição do parto.

MagnóliaWhere stories live. Discover now