Capítulo 52

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O dia seguinte amanheceu um tanto chuvoso, o que deixou todas as jovens e mães dessas jovens apavoradas. Era nítido o descontentamento da Sra. Rodrigues, que lamentava em voz alta.

– Primeiro um inverno rigoroso que durou mês, tenho certeza que foram trinta e dois meses de puro inverno. Agora que o tempo estava firme, me aparece essa chuva? Tenho até medo de perguntar o que vem a seguir.

Sófia tentou tirar o vestido umas quatro ou cinco vezes, mas a mãe insistia que em breve a chuva passaria e que o príncipe a visitaria. A chuva realmente passou, mas só passou na madrugada daquela noite.

Na manhã seguinte, o céu estava aberto com um sol glorioso iluminando todo o reino de Brígida. Agora sim, não se ouvia nenhum lamento e nenhuma lamuria. Todas as jovens e as mães dessas jovens, estavam confiantes.

– Sófia querida, hoje será o seu grande dia. – Disse a mãe observando a janela na esperança de uma carruagem real chegar. – Segure esse bordado com firmeza e quando ele chegar finja está concentrada. Não fale muito sobre os seus dotes, deixe que eu mesma falarei. As suas pinturas são belíssimas, desta vez nos superamos. A senhorita sabe o que tem que dizer não é mesmo?

– Sim, vou falar sobre como estou surpresa com a visita do príncipe.

– Sempre finja desinteresse, os homens gostam de lutar um pouco pelas suas conquistas. Se for muito fácil eles desistem. Me deixe te observar mais uma vez, que rosto pálido. – Disse a mãe se afastando da janela e apertando as bochechas da filha. – Um pouco de cor. Escute! – Gritou a Sra. Rodrigues correndo para a janela. – É o som de uma carruagem. Espero que seja o príncipe. Já imagino o semblante de todas as outras debutantes ao ouvir as fofocas de que o príncipe nos visitou... Ah! – A decepção em seu timbre era inconfundível. – A carruagem da baronesa, talvez ela queira participar do corteja de sua protegida. Largue esse bordado e fique à vontade com a postura, não precisamos manter as aparências diante da sua madrinha.

Sra. Rodrigues, tinha certeza que a baronesa estava na carruagem, assim não fez questão de ficar à espreita na janela. Sentou ao lado da lareira com um livro qualquer em mãos, fingindo estar distraída. Quando o criado anunciou a visita do Sr. Fernandes. A mãe gritou do outro lado da sala.

– Sófia arrume essa postura e pegue o bordado. Inácio não é um príncipe, mas é um excelente partido!

Inácio esperava encontrar a sala com meia dúzia de pretendentes além dele, mas para sua alegria estava apenas Sófia e a mãe. Em suas mãos estava uma pequena caixinha bem embrulhada em vez de flores. O que deixou a mãe chateada. Ela sabia que um navio com flores tropicais tinha atracado em Florência a alguns dias, e soube que os melhores pretendentes já tinham feito suas encomendas e ela mesmo já havia reservado treze vasos com água para as possíveis flores que receberia.

– Senhorita Rodrigues e Senhora Rodrigues é um prazer encontra-las em casa.

– O prazer é nosso Sr. Fernandes. Como está a Baronesa?

– Nos últimos dias estava indisposta, o tempo nublado a deixa um tanto abatida. Mas hoje amanheceu radiante, como o dia lá fora.

– Eu também estava um tanto abatida, esses dias de inverno e a tempestade de ontem, nos obriga a ficar confinadas em casa e impedi a visita dos cortejos. Acredita que Sófia ainda não recebeu nenhum cortejo esses dias todos?

– Mamãe, por favor!

– Mas é verdade docinho. Ela fez tantos quadros belos e treinou tantas músicas. Hoje o dia estava tão enfadonho que a minha Sófia fez um lindo bordado. Sente-se ao lado dela e veja que lindo seu bordado. – Insistiu Sra. Rodrigues, quase empurrando o rapaz. – É um lindo bordado não acha?

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